quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Escolhido o local de pouso do módulo Philae

O módulo Philae da Rosetta terá como alvo o Local J, uma região fascinante do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko que oferece um potencial científico único, com pistas de atividade nas proximidades e risco mínimo para o "lander" em comparação com outros locais candidatos.

local J do cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (local J do cometa Churyumov-Gerasimenko)

O Local J está na "cabeça" do cometa, um objeto de forma irregular com pouco mais de 4 km de comprimento. A decisão de escolher o Local J como o local primário foi unânime. O local secundário, Local C, está situado no "corpo" do cometa.

O Philae, com 100 kg, tem pouso planejado à superfície no dia 11 de Novembro, onde irá realizar medições detalhadas para caracterizar o núcleo "in situ" de uma maneira totalmente inédita.

Mas a escolha do local de pouso adequado não foi uma tarefa fácil.

"Como vimos a partir de imagens recentes, o cometa é um mundo maravilhoso mas dramático, é cientificamente interessante, mas a sua forma faz com que seja operacionalmente complicado," afirma Stephan Ulamec, da equipe do Philae no Centro Aeroespacial DLR alemão.

"Nenhum dos locais candidatos cumpria todos os critérios operacionais a 100%, mas o Local J é claramente a melhor solução."

"Vamos fazer a primeira análise 'in situ' de um cometa neste local, dando-nos uma visão sem precedentes da composição, estrutura e evolução," comenta Jean-Pierre Bibring, cientista do "lander" e pesquisador principal do instrumento CIVA e do IAS (Institut d'Astrophysique Spatiale) em Orsay, França.

"O Local J, em particular, oferece-nos a oportunidade de analisar material pristino, de caracterizar as propriedades do núcleo e de estudar os processos que alimentam a sua atividade."

A corrida para encontrar um local de aterragem só pôde começar quando a Rosetta chegou ao cometa no dia 6 de Agosto, quando foi visível de perto pela primeira vez. No dia 24 de Agosto, usando dados recolhidos quando a Rosetta estava ainda a 100 km do cometa, foram escolhidas cinco regiões candidatas para posterior análise.

Desde aí, a sonda moveu-se até 30 km do cometa, proporcionando medições científicas mais detalhadas dos locais candidatos. Em paralelo, as equipes de operação e de dinâmica de voo têm explorado opções para a aterragem do "lander" em todos os cinco candidatos.

Na última semana, os engenheiros e cientistas encarregados de tomar a decisão reuniram-se para escolher o local primário e o secundário. Tiveram de ser considerados um certo número de aspectos críticos, entre eles a identificação de uma trajetória segura para a aterragem do Philae e a densidade de perigos visíveis nesta região. Uma vez na superfície, outros fatores entram em jogo, entre eles o número de horas diurnas e noturnas e a frequência de passagens para comunicação com a sonda.

A descida para o cometa é passiva e só é possível prever que o ponto de pouso será dentro de uma "elipse de aterragem", normalmente com algumas centenas de metros de tamanho.

Para cada local candidato, foi avaliada uma área com 1 quilômetro quadrado. No Local J, a maioria das encostas tem menos de 30º relativamente ao chão local, reduzindo a probabilidade do Philae tombar durante a aterragem. O Local J também parece ter relativamente poucos pedregulhos, e recebe iluminação diária suficiente para recarregar o Philae e continuar as operações científicas à superfície para além da fase inicial alimentando a bateria.

A avaliação provisória da trajetória até ao Local J descobriu que o tempo de descida do Philae, até à superfície, é em torno de sete horas, um espaço de tempo que não compromete as observações do cometa através da utilização da bateria durante esta fase.

Tanto o Local B como o C foram considerados para locais secundários, mas o C foi o escolhido devido a um maior perfil de iluminação e menos rochas. Os Locais A e I pareciam atraentes durante o início da discussão, mas foram eliminados posteriormante, pois não satisfaziam uma série de critérios essenciais.

Uma linha temporal adicional será agora preparada para determinar a trajetória de aproximação da Rosetta com precisão a fim de entregar o Philae ao Local J. A aterragem deve ocorrer antes de meados de Novembro, antes que o cometa aumente consideravelmente de atividade à medida que se aproxima do Sol.

"Não há tempo a perder, mas agora que estamos mais perto do cometa, as operações científicas e de mapeamento vão ajudar a melhorar a análise dos locais primário e secundário," afirma Andrea Accomazzo, diretora de voo da Rosetta.

"É claro que não podemos prever a atividade do cometa até à aterragem, e durante o próprio dia do pouso. Um aumento repentino na atividade pode afetar a posição orbital da Rosetta e, por sua vez, o local exato onde o Philae vai pousar, e é isso que torna esta operação muito arriscada".

Uma vez livre da Rosetta, a descida do Philae vai ser autônoma. Os comandos terão que ser preparados e enviados pelo controle da missão antes da separação. Durante a descida, serão obtidas imagens e outras medições do ambiente do cometa.

Quando o Philae tocar o chão, a uma velocidade equivalente ao andar de um ser humano, usará arpões e parafusos para se prender à superfície. Fará então uma imagem panorâmica de 360º do local de aterragem para ajudar a determinar onde e em que orientação pousou.

A fase científica inicial começará depois com outros instrumentos que vão analisar o plasma, ambiente magnético e a temperatura da superfície. O Philae vai também perfurar e recolher amostras, entregando-as a um laboratório no seu interior para análise. A estrutura interior do cometa também será explorada através do envio de ondas de rádio até à Rosetta.

"Nunca ninguém tentou pousar antes num cometa, por isso é um verdadeiro desafio," afirma Fred Jansen, gestor da missão Rosetta da ESA. "A complicada estrutura 'dupla' do cometa tem um impacto considerável nos riscos globais relacionados com a aterragem, mas são riscos que valem a pena enfrentar pela hipótese de fazer a primeira aterragem controlada num cometa."

A data de aterragem deverá ser confirmada no dia 26 de Setembro, depois de uma análise mais aprofundada da trajetória e o pouso no local primário será antecedido de uma abrangente revisão de prontidão no dia 14 de Outubro.

Fonte: ESA

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O VLT segue o cometa de Rosetta

A mancha brilhante e desfocada que se vê no centro da imagem trata-se do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, ou 67P/C-G.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESO/VLT (cometa Churyumov-Gerasimenko)

Este não é um cometa qualquer mas sim o alvo da sonda espacial Rosetta da ESA, que se encontra atualmente no interior da coma do cometa, a menos de 100 quilômetros do seu núcleo. A sonda Rosetta atingiu esta distância no dia 6 de agosto de 2014, e desde essa data a sonda vem se aproximando do cometa. Com a Rosetta tão próxima do cometa, a única maneira de ver o 67P/C-G na sua totalidade é observá-lo a partir do solo.
Esta imagem foi obtida em 11 de agosto de 2014 com um dos telescópios de 8 metros do Very Large Telescope (VLT) do ESO, no Chile. Foi composta a partir da sobreposição de 40 exposições individuais, cada uma de 50 segundos, depois de removidas as estrelas de fundo, de modo a obter a melhor imagem possível do cometa. A sonda Rosetta encontra-se no interior do pixel central da imagem e é muito pequena para poder ser revelada.
O VLT é composto por quatro telescópios principais individuais que podem trabalhar em uníssono ou separadamente. Estas observações foram feitas com o instrumento FORS2 (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph 2), montado no telescópio principal nº1, também conhecido por Antu, nome que significa “Sol” em mapuche, língua indígena chilena.
O FORS2 pode ser utilizado de diversas maneiras, mas no caso da campanha de Rosetta, os astrônomos usam-no para obter imagens do cometa e determinar o seu brilho, tamanho e forma, além de analisar a composição da coma.
Apesar do 67P/C-G aparecer tênue nesta imagem, o objeto encontra-se claramente ativo, com uma coma de poeira que se estende 19.000 quilômetros a partir do núcleo. Esta coma é assimétrica uma vez que  a poeira vai sendo varrida na direção oposta à do Sol, o qual se localiza para lá do canto inferior direito da imagem, e começa a formar uma característica cauda cometária.
Esta imagem do VLT faz parte de uma colaboração entre a ESA e o ESO, no intuito de observar o cometa 67P/C-G a partir do solo, enquanto a sonda Rosetta se encontra efetuando medições no cometa. Em média, o VLT obtém imagens deste objeto noite sim noite não. Estas exposições curtas são utilizadas para monitorar a ativdade do cometa, ao estudar-se como é que o seu brilho varia. Os resultados são comunicados ao projeto Rosetta, constituindo parte da informação utilizada para planejar a órbita da sonda em torno do 67P/C-G.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (cometa Churyumov-Gerasimenko)

A imagem acima mostra penhascos e rochas proeminentes, que foi efetuada em 5 de setembro de 2014 pelo OSIRIS, sistema de imagens científica da Rosetta, a uma distância de 62 km a partir do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. A parte esquerda da imagem mostra uma vista lateral do ‘corpo’ do cometa, enquanto o direito é a parte de trás de sua ‘cabeça’. Um pixel corresponde a 1,1 metros.

Fonte: ESO e ESA

domingo, 7 de setembro de 2014

Aglomerados e o cometa Siding Spring

No dia 19 de Outubro de 2014, um bom lugar para se observar o cometa Siding Spring será o planeta Marte.

aglomerados e o cometa Siding Spring

© Rolando Ligustri (aglomerados e o cometa Siding Spring)

Esse visitante do Sistema Solar interno, chamado oficialmente de C/2013 A1, e descoberto em Janeiro de 2013 por Robert McNaught no Observatório Siding Spring da Austrália, passará a cerca de 132.000 quilômetros de distância do Planeta Vermelho. Ou seja, irá passar bem perto de Marte, já que essa distância equivale a pouco mais de 1/3 da distância entre a Terra e a Lua. Grandes imagens do cometa, são possíveis de serem feitas do hemisfério sul da Terra atualmente. Essa imagem telescópica acima foi feita no dia 29 de Agosto de 2014 e capturou a coma esbranquiçada do cometa e a sua cauda de poeira varrendo os céus do sul. O fabuloso campo de visão mostrado acima, inclui, a Pequena Nuvem de Magalhães e os aglomerados globulares de estrelas 47 Tucanae, visto na porção direita da imagem e o NGC 362, observado na parte superior esquerda da imagem. Por causa das partículas de poeira expelidas pelo cometa que poderão representar perigo para as sondas, os controladores planejam posicioná-las no lado oposto do planeta Marte durante a passagem do cometa.

Fonte: NASA