quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Corpo celeste asteroidal é um cometa

Durante 30 anos, acreditava-se que um grande objeto próximo da Terra, denominado 3552 Don Quixote, era um asteroide.

a coma e a cauda do Don Quixote

© Spitzer (a coma e a cauda do Don Quixote)

Agora, porém, astrônomos descobriram que o terceiro maior corpo celeste do tipo com órbita entre o Sol e o nosso planeta, com quase 19 quilômetros de diâmetro, é na verdade um cometa, ou seja, uma mistura de gelo, gases congelados e poeira que pode ajudar a resolver a questão da origem da água da Terra.

Cerca de 5% dos objetos com órbitas próximas da Terra são cometas chamados “mortos”, isto é, que perderam toda sua água e dióxido de carbono congelado ao formarem suas comas (a nuvem em volta do núcleo) e caudas ao longo de bilhões de anos de aproximações com o Sol, deixando para trás apenas um núcleo rochoso que se parece com um asteroide. Mas Don Quixote ainda é um cometa ativo, como mostraram observações com o telescópio espacial infravermelho Spitzer da NASA.

O 3552 Don Quixote foi descoberto em 26 de setembro de 1983 por Paul Wild. “Don Quixote sempre foi conhecido como algo estranho”, afirmou Joshua Emery, professor da Universidade do Tennessee e um dos integrantes da pesquisa.

Sua órbita o leva próximo à Terra, mas também até além de Júpiter. E uma órbita grande como esta é similar à de um cometa, não à de um asteroide, que tende a ser mais circular, por isso foi cogitado que ele poderia ser um cometa que perdeu todo o seu depósito de gelo. O corpo celeste apresenta um albedo de 0,03.

Os pesquisadores então reexaminaram imagens de Don Quixote feitas pelo Spitzer em 2009, quando ele estava na parte da órbita mais próxima do Sol, e descobriram que ele tinha uma coma e uma cauda. Emery também reviu observações feitas em 2004, quando o cometa estava mais distante do Sol, e determinou que sua superfície é composta de pó de silicato, similar à de um cometa. Ele também notou que Don Quixote não tinha coma ou cauda a esta distância, o que é comum em cometas, já que precisam da radiação do Sol para formar a coma e do vento solar para formar a cauda.

A descoberta da verdadeira natureza de Don Quixote reforça a hipótese defendida por alguns cientistas de que grande parte da água da Terra veio do impacto de cometas com o planeta ao longo de bilhões de anos. Mesmo com pouco material volátil restante, o Don Quixote ainda conteria cerca de 100 bilhões de toneladas de água, o suficiente para encher um grande lago como o Tahoe, na fronteira entre os estados americanos de Califórnia e Nevada, com área de quase 500 quilômetros quadrados.

A descoberta foi apresentada esta semana no European Planetary Science Congress, em Londres.

Fonte: Jet Propulsion Laboratory