domingo, 30 de julho de 2017

A visita de um novo cometa

Uma nova descoberta de cometa ocorreu este mês.

cometa O1 ASAS-SN

© iTelescope/Rolando Ligustri (cometa O1 ASAS-SN)

A surpresa no céu é o cometa C/2017 O1 (ASAS-SN), um cometa de longo período que está visitando o Sistema Solar interno. Quando foi descoberto em 19 de julho de 2017 pelo sistema All Sky Automated Survey for Supernovae (ASAS-SN), o cometa C/2017 O1 estava com fraca magnitude +15,3 na constelação Cetus. Em apenas alguns dias, no entanto, o cometa subiu cem vezes em brilho até a magnitude +10, e deveria estar no momento no alcance de binóculos. Espera-se que o cometa chegue em torno de uma magnitude de +8 em outubro, quando transita do hemisfério sul para o norte.

A ASAS-SN é uma pesquisa automatizada para caçar supernovas em ambos os hemisférios, com instrumentos baseados em Haleakala no Havaí e Cerro Tololo no Chile. Embora a pesquisa atinja as supernovas, na ocasião também levanta outros fenômenos astronômicos interessantes. Esta é a primeira descoberta de cometa para a equipe ASAS-SN, à medida que se juntam às fileiras de PanSTARRS, LINEAR e outros prolíficos caçadores de cometas robóticos.

Evocar o próprio nome "ASAS-SN" parece ter desencadeado também uma controvérsia menor, uma vez que a União Astronômica Internacional (IAU) recusou nomear o cometa após a pesquisa, listando-o simplesmente como "C/2017 O1". O motivo é que "ASAS-SN" pode evidenciar a palavra "Assassino". Por outro lado, simplesmente continuaremos nos referindo ao cometa como "O1 ASAS-SN" como um reconhecimento do esforço da equipe e sua ótima descoberta.

Em uma órbita parabólica de longo período, provavelmente medido em milhões de anos, o O1 ASAS-SN tem uma órbita inclinada em 40 graus em relação à eclíptica e atinge o periélio com 1,5 UA do Sol, apenas além da órbita de Marte, em 14 de outubro, e fica mais próximo da Terra quatro noites depois, a uma distância de 108 milhões de quilômetros. É provavelmente a primeira passagem do deste cometa através do Sistema Solar interno.

Atualmente localizado na constelação Eridanus, ele caminhará para o norte através de Taurus e Perseus nos próximos meses, pois começa a longa subida para o polo celestial norte. Em meados de outubro, o cometa O1 ASAS-SN deslocará um grau por dia através da constelação Camelopardalis.

Na ocular um pequeno cometa geralmente parece um pequeno aglomerado globular difuso que se recusa a encaixar no foco. Procure os céus escuros em sua busca cometária, já que o mínimo de poluição luminosa afetará a visibilidade.  Um telescópio de 8 polegadas pode captá-lo especialmente agora que a Lua está na fase crescente e não retornará ao céu da manhã até 6 de agosto.

Fonte: Universe Today & ASAS-SN

sexta-feira, 28 de julho de 2017

Os cometas grandes e distantes são comuns

Os cometas que levam mais de 200 anos para completar uma translação em torno do Sol são manifestamente difíceis de estudar.

animação de um cometa

© NASA/JPL-Caltech (animação de um cometa)

Dado que passam a maior parte do seu tempo nas zonas mais remotas do Sistema Solar, muitos dos cometas de longo período nunca se aproximam do Sol durante a vida de um ser humano. Na verdade, aqueles que viajam para dentro, oriundos da Nuvem de Oort - um grupo de corpos gelados a cerca de 300 bilhões de quilômetros do Sol - podem ter períodos de centenas ou até milhões de anos.

A sonda WISE da NASA, examinando todo o céu em comprimentos de onda infravermelhos, forneceu novas informações sobre estes viajantes distantes. Os cientistas descobriram que existem cerca de sete vezes mais cometas de longo período, medindo pelo menos 1 km de tamanho, do que se havia previsto anteriormente. Também descobriram que os cometas de longo período são, em média, até duas vezes maiores do que os cometas da família de Júpiter, cujas órbitas são moldadas pela gravidade de Júpiter e têm períodos inferiores a 20 anos.

Os pesquisadores também observaram que, em oito meses, passaram pelo Sol três a cinco vezes mais cometas de longo período do que havia sido previsto.

"O número de cometas está relacionado com a quantidade de material que restou da formação do Sistema Solar," afirma James Bauer, professor da Universidade de Maryland. "Nós agora sabemos que existem mais pedaços relativamente grandes de material antigo, provenientes da nuvem de Oort, do que era considerado."

A Nuvem de Oort está demasiado distante para ser observada pelos telescópios atuais, mas pensa-se que seja uma distribuição esférica de pequenos corpos gelados nas extremidades do Sistema Solar. A densidade dos cometas no seu interior é baixa, de modo que a probabilidade de aí colidirem é também muito baixa. Os cometas de longo período que o WISE observou provavelmente foram expulsos da Nuvem de Oort há milhões de anos. As observações foram realizadas durante a missão principal da sonda, antes de mudar de nome para NEOWISE e ser reativada para ter como alvo os objetos próximos da Terra.

"O nosso estudo é um olhar raro sobre objetos perturbados na Nuvem de Oort," comenta Amy Mainzerdo, do Jet Propulsion Laboratory (JPL) da NASA e pesquisadora principal da missão NEOWISE. "São os objetos mais pristinos do que era o Sistema Solar quando este se formou."

Os astrônomos já tinham estimativas mais amplas de quantos cometas de longo período e de quantos cometas da família de Júpiter existiam no nosso Sistema Solar, mas não tinham uma boa maneira de medir os tamanhos dos cometas de longo período. Isto porque um cometa tem uma coma, uma nuvem de gás e poeira que aparece nublada em imagens e obscurece o núcleo cometário. Mas usando os dados do WISE, que mostram o brilho infravermelho desta coma, foi possível subtraí-la e estimar os tamanhos dos núcleos destes cometas. Os dados pertencem a observações do WISE, de 2010, de 95 cometas da família de Júpiter e de 56 cometas de longo período.

Os resultados reforçam a ideia de que os cometas que passam mais frequentemente pelo Sol tendem a ser menores do que aqueles que passam muito mais tempo longe dele. Isto porque os cometas da família de Júpiter recebem mais exposição ao calor, o que faz com que substâncias voláteis, como a água, sublimem e arrastem outro material para longe da superfície do cometa.

"Isto significa que há uma diferença evolutiva entre os cometas da família de Júpiter e os cometas de longo período," comenta Bauer.

A existência de bastantes mais cometas de longo período do que o previsto sugere que um maior número deles provavelmente colidiu com planetas, fornecendo materiais gelados dos confins do Sistema Solar.

Foi encontrado também agrupamentos nas órbitas dos cometas de longo período, sugerindo a existência de corpos maiores que se separaram para formar estes grupos.

Os resultados serão importantes para avaliar a probabilidade de cometas impactarem os planetas do nosso Sistema Solar, incluindo a Terra.

"Os cometas viajam muito mais depressa do que os asteroides, e alguns são muito grandes," acrescenta Mainzer. "Estudos como este vão ajudar-nos a definir o tipo de perigo que os cometas de longo período podem representar."

O estudo foi publicado na revista The Astronomical Journal.

Fonte: Jet Propulsion Laboratory