terça-feira, 20 de julho de 2021

Aumento de atividade em cometa

Um recém-descoberto visitante das orlas externas do nosso Sistema Solar demonstrou ser o maior cometa conhecido de todos os tempos, graças aos telescópios de resposta rápida do Observatório Las Cumbres.

© O. Las Cumbres/LOOK (cometa Bernardinelli-Bernstein)

O objeto, denominado C/2014 UN271 (Bernardinelli-Bernstein) em honra aos seus dois descobridores, foi anunciado pela primeira vez no sábado, dia 19 de junho de 2021. O cometa C/2014 UN271 foi descoberto graças ao reprocessamento de quatro anos de dados do DES (Dark Energy Survey), que foi realizado com o telescópio Blanco de 4 metros no Observatório Interamericano de Cerro Tololo, no Chile, entre 2013 e 2019.

Durante o anúncio da descoberta, não havia indicação de que este era um objeto ativo. O cometa C/2014 UN271 era proveniente dos confins frios do Sistema Solar, de modo que foram necessárias imagens rápidas para descobrir: quando é que o recém-descoberto cometa começaria a mostrar uma cauda? 

O Observatório Las Cumbres foi capaz de determinar rapidamente se o objeto havia se tornado um cometa ativo nos três anos desde que foi visto pela primeira vez pelo DES. O Observatório Las Cumbres possui uma rede de telescópios robóticos espalhados por todo o mundo, especialmente no hemisfério sul, cujas imagens foram obtidas rapidamente graças aos telescópios na África do Sul. 

As imagens de um dos telescópios de 1 metro, situado no Observatório Astronômico da África do Sul, chegaram no dia 22 de junho. Astrônomos da Nova Zelândia, membros do projeto LOOK (LCO Outbursting Objects Key), foram os primeiros a observar o novo cometa.

A análise das imagens do Observatório Las Cumbres mostrou uma coma difusa em torno do objeto, indicando que estava ativo e era, de fato, um cometa, embora ainda esteja a uma distância notável de aproximadamente 2,9 bilhões de quilômetros, o dobro da distância de Saturno ao Sol. 

O cometa tem um diâmetro estimado em mais de 100 km, mais de três vezes o tamanho do recordista anterior de maior núcleo cometário, o Cometa Hale-Bopp, descoberto em 1995. Este cometa não deverá ficar visível a olho nu: permanecerá um objeto telescópico porque a sua menor distância ao Sol será ainda para além de Saturno. Dado que o cometa C/2014 UN271 foi descoberto tão longe, haverá mais de uma década para o estudar. Este atingirá o periélio em janeiro de 2031. 

O Projeto LOOK continua observando o comportamento de um grande número de cometas e como a sua atividade evolui à medida que se aproximam do Sol. Os cientistas também estão usando a capacidade de resposta rápida do Observatório Las Cumbres para obter observações muito rapidamente quando um cometa dá início à sua atividade.

Há agora um grande número de levantamentos, como o ZTF (Zwicky Transient Facility) e o próximo Observatório Vera C. Rubin, que monitoram partes do céu todas as noites. Estes levantamentos podem fornecer alertas caso um dos cometas mude subitamente de brilho. Em seguida, será possível acionar os telescópios robóticos para obter dados mais detalhados e uma visão mais longa do cometa em mudança enquanto o levantamento se desloca para outras áreas do céu. Os telescópios robóticos e o software sofisticado do Observatório Las Cumbres permitem obter imagens de um novo evento até 15 minutos após um alerta. Isto permite realmente estudar estes surtos conforme evoluem.

Fonte: Las Cumbres Observatory

quinta-feira, 8 de julho de 2021

Cometa aproxima-se do Sistema Solar

Foi descoberto um cometa gigante se dirigindo para o interior do Sistema Solar, oriundo da Nuvem de Oort.

© DES/Bernardelli e Bernstein (cometa C/2014 UN271)

Muito além das órbitas de Netuno e Plutão, uma escura e misteriosa região espacial, a Nuvem de Ort, contém cerca de trilhões de cometas envolvendo o Sistema Solar e estende-se a alguns anos-luz do Sol. O cometa C/2014 UN271 foi descoberto pelo brasileiro Pedro Bernardinelli e pelo norte-americano Gary Bernstein. Observado pela primeira vez em 2014 pelo projeto Dark Energy Survey (DES), o objeto só foi descoberto por Bernardelli e Bernstein mais recentemente, depois da análise das cerca de 80 mil imagens obtidas pelo DES nos últimos anos. As imagens de 2014 revelaram que ele orbita o Sistema Solar a uma distância 30 vezes a existente entre a Terra e o Sol, 30 UA (unidades astronômicas). Agora, sete anos depois, o objeto está a 20 UA e continua se aproximando do Sol. Seu periélio, oponto mais próximo do Sol, será de 10,9 UA, em janeiro de 2031; isto não é muito mais longe do que a órbita de Saturno. As estimativas atuais sugerem que o cometa tem órbita excêntrica e leva 612.000 de anos para orbitar o Sol. Apesar de receber 400 vezes menos luz solar do que a superfície da Terra em sua localização atual, o cometa é brilhante o suficiente para ser visto por telescópios. Seu tamanho deve situar entre 100 e 370 Km. A incerteza surge por causa da refletividade e forma desconhecidas do objeto. Provavelmente, ele é muito maior do que qualquer cometa descoberto anteriormente. Em comparação, o cometa Neowise, que nos visitou recentemente, tem 5 km de largura. O famoso cometa Halley tem 15 km de comprimento e 8 km de largura. O cometa Hale-Bopp, considerado grande, possui 60 km. O cometa C/2014 UN271 apresenta escala similar, se não maior, à do cometa C/1729 P1, considerado o maior já visto. Este cometa dificilmente deverá proporcionar uma passagem brilhante e espetacular como foi aquela dos cometas Halley e Hale-Bopp, ele deverá alcançar, no máximo, o brilho do planeta anão Plutão, mas é provável que fique com brilho semelhante ao da lua Caronte. Depois desta visita, o cometa C/2014 UN271 voltará para a escuridão, em uma viagem de milênios até a Nuvem de Oort, a dois trilhões de quilômetros do Sol. Fonte: Scientific American