segunda-feira, 30 de junho de 2025

O maior cometa da Nuvem de Oort

Uma equipe de astrônomos fez uma descoberta revolucionária ao detectar atividade molecular no cometa C/2014 UN271 (Bernardinelli-Bernstein), o maior e o segundo cometa ativo mais distante alguma vez observado da Nuvem de Oort.

© NRAO (ilustração do cometa C/2014 UN271)

Usando o poderoso ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array) no Chile, os pesquisadores observaram este cometa gigante quando estava a mais de meio caminho até Netuno, a uma distância surpreendente de 16,6 vezes a distância entre o Sol e a Terra.

O cometa C/2014 UN271 é um verdadeiro colosso, medindo cerca de 140 km de diâmetro, mais de 10 vezes o tamanho da maioria dos cometas conhecidos. Até agora, pouco se sabia sobre o comportamento de objetos tão frios e distantes.

As novas observações revelaram jatos complexos e em evolução de gás monóxido de carbono em erupção a partir do núcleo do cometa, fornecendo a primeira evidência direta do que impulsiona a sua atividade tão longe do Sol. Estão sendo observados padrões explosivos de desgaseificação que levantam novas questões sobre como este cometa irá evoluir à medida que continua a sua viagem em direção ao Sistema Solar interior

O telescópio ALMA observou C/2014 UN271 captando a luz do gás monóxido de carbono na sua atmosfera e a emissão térmica quando o cometa ainda estava muito longe do Sol. Graças à elevada sensibilidade e resolução do ALMA, os cientistas puderam focar-se no sinal extremamente fraco deste objeto tão frio e distante. Com base em observações anteriores do ALMA, que caracterizaram pela primeira vez a grande dimensão do núcleo de UN271, estas novas descobertas mediram o sinal térmico para melhor calcular a dimensão do cometa e a quantidade de poeira que envolve o seu núcleo. 

Os seus valores para o tamanho do núcleo e massa de poeira estão de acordo com observações anteriores do ALMA. A capacidade do ALMA para medir com precisão estes sinais tornou este estudo possível, oferecendo uma imagem mais clara deste gigante distante e gelado. 

A descoberta não só marca a primeira detecção de desgaseificação molecular neste cometa recordista, mas também oferece um raro vislumbre da química e dinâmica de objetos originários dos confins mais distantes do nosso Sistema Solar. À medida que C/2014 UN271 se aproxima do Sol, é previsto que mais gases gelados começarão a vaporizar, revelando ainda mais sobre a constituição primitiva do cometa e sobre o Sistema Solar inicial. 

Estas descobertas ajudam a responder a questões fundamentais sobre a origem da Terra e da sua água, e sobre a possível formação de ambientes propícios à vida em outros locais.

Um artigo foi publicado no periódico The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: National Radio Astronomy Observatory