domingo, 3 de novembro de 2013

Um trio atual de cometas brilhantes

Uma excursão sob o céu permitirá observar um trio de cometas neste final de ano. Os cometas em questão são: 2P/Encke, C/2012 S1 (ISON) e C/2013 R1 (Lovejoy).

trio de cometas

© Cartes du Ciel (trio de cometas)

Uma vez que é raro ter três cometas relativamente brilhantes no mesmo pedaço de céu, ao mesmo tempo, você não vai querer perder esta oportunidade, agora que a Lua está na fase Nova, para observar estes astros.

O cometa Lovejoy foi descoberto em 7 de setembro de 2013 por Terry Lovejoy (Austrália). Na ocasião o objeto estava com magnitude 14. Atualmente com magnitude 8, poderá ser visto através de binóculos de 50 mm. Usando os mapas celestes, procure uma mancha difusa com um centro brilhante não muito longe da estrela brilhanteProcyon na constelação de Cão Menor. Nos próximos dias, Lovejoy vai iluminar com um adicional de 2 a 3 magnitudes, em direção à constelação de Câncer. Lovejoy provavelmente poderá ser visto a olho nu, em meados de novembro. Usuários com pequeno telescópio pode ver o cometa com facilidade, mas o desenvolvimento de sua cauda de gás ainda é fraco para detectar visualmente. Na segunda quinzena de novembro o cometa se encontrará na constelação de Leão Menor e possivelmente atingirá a magnitude 5.

cometa Lovejoy

© Gerald Rhemann (cometa Lovejoy)

Enquanto isso, o cometa Encke que translada ao redor do Sol a cada 3,3 anos. O cometa foi descoberto em 17 de janeiro de 1786 por Pierre Méchain. As estimativas atuais apontam uma magnitude 7, também poderá ser visto através de binóculos de 50 mm. Na manhã de 1º de novembro ele estará na constelação da Virgem, visível antes do Sol nascer. O brilho total deverá atingir a magnitude 7, porém sua altura será de apenas 10 graus acima do horizonte. No periélio, em 21 de novembro, o cometa Encke deverá atingir a magnitude 5.

cometa Encke

© Damian Peach (cometa Encke)

O outro astro que compõe o trio, é o cometa ISON. Ele foi descoberto pela equipe do Observatório ISON (International Scientific Optical Network), localizado em Kislovodsk, na Rússia, através dos observadores V. Nevski e A. Novichonok, no dia 21 de setembro de 2012 quando o objeto estava com magnitude 18. Agora está com magnitude 9. Observadores com binóculos na faixa de 70-100 mm vai vê-lo sob um céu escuro, mas no início de novembro será necessário um alcance de pelo menos 6 polegadas.

cometa ISON

© Michael Jäger (cometa ISON)

Especula-se, através de análise fotométrica,  que o cometa ISON sofrerá uma desintegração durante sua trajetória de aproximação do Sol. O pesquisador  Zdenek Sekanina publicou um artigo em outubro, analisando dois cometas oriundos da Nuvem de Oort, com propriedades semelhantes ao cometa C/2012 S1. O cometa C/1962 C1 Seki-Lines que passou a 0,0314 UA do Sol e o cometa C/2002 O4 Hönig, que passou a 0,776 UA. Apesar de estar mais próximo do Sol naquele momento, somente o cometa Seki-Lines sobreviveu à passagem periélica.

Pouco antes do razante solar, o ISON poderá chegar magnitude 3 em torno de 21 de novembro, normalmente uma presa fácil a olho nu, mas com baixa altitude que prejudicará a visão. Logo após, ocorrerá uma conjunção entre os cometa 2P/Encke e o C/2012 S1 ISON, que está prevista para ocorrer nos dias 24 e 25 de novembro. Se o cometa ISON pemanecer íntegro à passagem periélica em 28 de novembro, quando deve passar apenas 0,0124 UA do Sol, alcançando a magnitude –6, e com aproximadamente 0,5 grau de elongação  propiciará a visão de sua cauda se pondo no horizonte.

Fonte: REA e Universe Today

sábado, 2 de novembro de 2013

Outburst do cometa C/2012 X1 (LINEAR)

Em 21 de outubro 2013, ocorreu uma explosão de brilho (outburst) do cometa C/2012 X1 (LINEAR).

cometa C/2012 X1 (LINEAR)

© Gianluca Masi (cometa C/2012 X1 em 25/10/2013)

A magnitude do cometa era 8,5 em 20 de outubro, quando foi medida por Hidetaka Sato, com um brilho central de cerca de 10" de diâmetro. A previsão para a magnitude absoluta H10 para o cometa C/2012 X1 (LINEAR) seria em torno de 14 agora. Este cometa foi descoberto em 8 de dezembro de 2012 pela equipe do LINEAR (Lincoln Near Earth Asteroid Research), com a magnitude 19. Segundo os elementos orbitais iniciais este cometa alcançaria apenas a magnitude 11 em fevereiro de 2014.

Recentemente, o cometa C/2012 X1 (LINEAR) apresentou uma taxa de expansão de poeira semelhante à do cometa 17P/Holmes ocorrida em 2007.

cometa 17P/Holmes

© Michael Jäger (cometa 17P/Holmes em 27/11/2007)

Foi realizado um acompanhamento das medições deste objeto, no dia 21 outubro, por Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini do Observatório Remanzacco, onde calcularam a taxa de expansão de poeira do cometa C/2012 X1 (LINEAR) comparando com à do cometa 17P/Holmes.

C/2012 X1 (LINEAR)

© E. Guido, N. Howes e M. Nicolini (cometa C/2012 X1)

No momento da sessão de imagens com exposições não filtradas, obtidas remotamente a partir iTelescope Observatory, no Novo México, o cometa estava apenas a 16 graus acima do horizonte e o Sol a -11 graus. O cometa C/2012 X1 (LINEAR) apresenta uma morfologia semelhante ao outburst do cometa 17P/Holmes: o diâmetro da coma do é de cerca de 105" e a forte condensação central é de aproximadamente 15" de diâmetro, com magnitude aproximadamente 11.

filtro MCM

© E. Guido, N. Howes e M. Nicolini (filtro MCM)

A imagem acima mostra uma elaboração da imagem original com o filtro MCM (Median Coma Model). Este filtro cria um coma artificial, com base na fotometria da imagem original, e subtrair a própria imagem original, a fim de destacar as zonas internas do brilho diferente, que estão muito próximos do núcleo interior, e que seriam normalmente escondido da luz difusa do cometa. 
O diâmetro da coma aumentou de 113 para 202 arcseg (segundos de arco) em cerca de 88 horas (3,66 dias). Isto corresponde a uma velocidade radial projetada de 1,01 arcseg/hora (ou 24,3 arseg/dia) e, a uma distância de 2,95 UA, com velocidade de cerca de 0,6 km/s. Podemos comparar esta velocidade com a do 17P/Holmes durante o seu outburst de 2007, onde a taxa de expansão de poeira, também projetada no plano do céu, foi de cerca de 0,554 +/- 0,005 km/s 25 de outubro a 1 novembro, conforme artigo publicado por por Yi Lin et al. no periódico The Astronomical Journal.

curva de luz

© Seichii Yoshida (curva de luz do cometa C/2012 X1)

Atualmente, o astro não é visível na maior parte do Brasil, mas caso seu brilho continue a aumentar existe uma chance de observarmos este cometa a partir da última semana de janeiro de 2014 ao amanhecer na constelação de Ofiúco, talvez com magnitude 6, conforme previsão de Seichii Yoshida.

Fonte: Observatório Remanzacco

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Um belo cometa do tipo Sungrazer

Arquenando rumo ao seu destino fatal, o Cometa de Natal SOHO 6, classificado como Sungrazer (rasante solar)  foi registrado pelo instrumento Large Angle Spectrometric COronagraph (LASCO) da sonda SOHO no dia 23 de Dezembro de 1996.

cometa de Natal SOHO 6

© NASA/ESA/SOHO (cometa de Natal SOHO 6)

Este cometa, o sexto descoberto pela sonda SOHO, passou a apenas 0,0049293 UA do centro do Sol e não sobreviveu à passagem.

O LASCO usa um disco de ocultação parcialmente visível na parte inferior direita da imagem, para bloquear o disco solar permitindo que se possa fazer imagens da apagada coroa interna do Sol dentro de 8 milhões de quilômetros. O cometa é visto enquanto sua coma entra na região equatorial do vento solar brilhante (orientado verticalmente). Posicionado no espaço e observando o Sol de maneira contínua, o SOHO já foi usado para descobrir mais de 2.500 cometas, incluindo numerosos cometas do tipo Sungrazers. Com base em suas órbitas, acredita-se que a grande maioria pertence à chamada Família Kreutz de cometas Sungrazers, criados por sucessivas quebras de um único e grande cometa progenitor que passou muito perto do Sol no século doze. Passando bem perto do Sol, os cometas do tipo Sungrazers, estão sujeitos a forças de marés destrutivas somadas ao intenso calor do Sol.

O Grande Cometa de 1965, o Ikea-Seki, também era um membro da Família Kreutz, e passou a cerca de 650.000 quilômetros de distância da superfície do Sol.

cometa ISON

© Hubble (cometa ISON)

Embora dois cometas nunca sejam exatamente iguais, o cometa ISON parece ter similaridades notáveis do Cometa Kirch, também chamado de o Grande Cometa de 1680. Como o cometa ISON, que está se aproximando, o cometa Kirch, foi um brilhante cometa do tipo Sungrazer. Nenhum desses dois cometas, coincidentemente, é um membro do grupo mais comum desses objetos, a Família Kreutz. No final desse ano, cujo periélio será no dia 28 de Novembro, o cometa ISON, potencialmente o cometa do tipo Sungrazer mais brilhante já registrado na história, é esperado que sobreviva ao seu encontro com o Sol.

Fonte: NASA

quinta-feira, 12 de setembro de 2013

Corpo celeste asteroidal é um cometa

Durante 30 anos, acreditava-se que um grande objeto próximo da Terra, denominado 3552 Don Quixote, era um asteroide.

a coma e a cauda do Don Quixote

© Spitzer (a coma e a cauda do Don Quixote)

Agora, porém, astrônomos descobriram que o terceiro maior corpo celeste do tipo com órbita entre o Sol e o nosso planeta, com quase 19 quilômetros de diâmetro, é na verdade um cometa, ou seja, uma mistura de gelo, gases congelados e poeira que pode ajudar a resolver a questão da origem da água da Terra.

Cerca de 5% dos objetos com órbitas próximas da Terra são cometas chamados “mortos”, isto é, que perderam toda sua água e dióxido de carbono congelado ao formarem suas comas (a nuvem em volta do núcleo) e caudas ao longo de bilhões de anos de aproximações com o Sol, deixando para trás apenas um núcleo rochoso que se parece com um asteroide. Mas Don Quixote ainda é um cometa ativo, como mostraram observações com o telescópio espacial infravermelho Spitzer da NASA.

O 3552 Don Quixote foi descoberto em 26 de setembro de 1983 por Paul Wild. “Don Quixote sempre foi conhecido como algo estranho”, afirmou Joshua Emery, professor da Universidade do Tennessee e um dos integrantes da pesquisa.

Sua órbita o leva próximo à Terra, mas também até além de Júpiter. E uma órbita grande como esta é similar à de um cometa, não à de um asteroide, que tende a ser mais circular, por isso foi cogitado que ele poderia ser um cometa que perdeu todo o seu depósito de gelo. O corpo celeste apresenta um albedo de 0,03.

Os pesquisadores então reexaminaram imagens de Don Quixote feitas pelo Spitzer em 2009, quando ele estava na parte da órbita mais próxima do Sol, e descobriram que ele tinha uma coma e uma cauda. Emery também reviu observações feitas em 2004, quando o cometa estava mais distante do Sol, e determinou que sua superfície é composta de pó de silicato, similar à de um cometa. Ele também notou que Don Quixote não tinha coma ou cauda a esta distância, o que é comum em cometas, já que precisam da radiação do Sol para formar a coma e do vento solar para formar a cauda.

A descoberta da verdadeira natureza de Don Quixote reforça a hipótese defendida por alguns cientistas de que grande parte da água da Terra veio do impacto de cometas com o planeta ao longo de bilhões de anos. Mesmo com pouco material volátil restante, o Don Quixote ainda conteria cerca de 100 bilhões de toneladas de água, o suficiente para encher um grande lago como o Tahoe, na fronteira entre os estados americanos de Califórnia e Nevada, com área de quase 500 quilômetros quadrados.

A descoberta foi apresentada esta semana no European Planetary Science Congress, em Londres.

Fonte: Jet Propulsion Laboratory

quarta-feira, 24 de julho de 2013

Spitzer observa emissão de gás no cometa ISON

Astrônomos usando o telescópio espacial Spitzer da Nasa observaram fortes emissões de dióxido de carbono no cometa ISON.

cometa ISONcometa ISON

© NASA/Spitzer (cometa ISON)

A imagem acima mostra à esquerda, no comprimento de onda de 3,6 micrômetros, a emissão de partículas de poeira formando uma cauda notável. À direita vê-se uma imagem no comprimento de onda de 4,5 micrômetros, à qual foi subtraída a estrutura da cauda visível, mostrando uma nuvem esférica de gás, provavelmente composta majoritariamente por dióxido de carbono, em torno do núcleo do cometa e que o encobre completamente. As cores são faseadas, foram usadas apenas para facilitar a visualização das estruturas referidas.

O dióxido de carbono é considerado o gás que alimenta a emissão para a maioria dos cometas entre as órbitas de Saturno e cinturão de asteroides. As observações foram feitas em infravermelho no dia 13 de Junho, e revelaram que o cometa ISON libertava diariamente 1 milhão de kilogramas de dióxido de carbono e 54 milhões de kilogramas de poeira. Na ocasião o cometa estava a 3,35 UA, cerca de 500 milhões de quilômetros do Sol, e apresentava uma cauda 300 mil quilômetros de comprimento.

O Comet ISON, conhecido oficialmente como C/2012 S1, possui um diâmetro inferior a 4,8 km de diâmetro e tem uma massa entre 3,2 bilhões e 3,2 trilhões de kilogramas). A localização do cometa ainda está muito longe, por isso o seu verdadeiro tamanho e densidade não foram determinados com precisão.

No final deste mês o cometa atravessa, entre Marte e Júpiter, a taxa de sublimação da água, a sua atividade e visibilidade deverão aumentar dramaticamente, cuja ápice ocorrerá na passagem periélica em 28 de Novembro deste ano, quando passará apenas a 1,16 milhões de quilômetros do Sol.

Fonte: NASA

domingo, 26 de maio de 2013

A anticauda do cometa PanSTARRS

É  possível observar uma magnífica anticauda do cometa PanSTARRS (C/2011 L4) durante sua  aproximação do plano da órbita do planeta Terra.

anticauda do cometa PanSTARRS em 21/05

© Damian Peach (anticauda do cometa PanSTARRS em 21/05)

A cauda trilha ao longo da órbita do cometa, uma vez que deixa o Sistema Solar interior para trás. Uma perspectiva quase de lado próximo do plano orbital da trajetória do cometa aumenta a visão da anticauda e parece apontar na direção do Sol, aparentemente contrária ao comportamento de caudas de poeira de cometas, que são empurradas para fora pela pressão da luz solar.

anticauda do cometa PanSTARRS em 23/05

© Joseph Brimacombe (anticauda do cometa PanSTARRS em 23/05)

Os longos e estreitos trechos da anticauda à direita da imagem acima perfazem quase 4 graus ou cerca de 8 vezes o tamanho angular da lua cheia. Varrendo o extremo norte nos céus do planeta Terra, o cometa é visto a noite toda na maior parte do hemisfério norte, mas agora com o luar brilhante interfere na sua visibilidade. A anticauda do cometa PanSTARRS é uma das mais longas desde o aparecimento do cometa Arend-Roland em 1957.

cometa Arend-Roland

© Cometografia/K. W. Schrick (cometa Arend-Roland)

Ainda esta semana em 26-27 de maio, a Terra vai passar diretamente através do plano orbital do cometa, que corta o plano dos planetas em um ângulo muito íngreme. No final de maio, o Cometa PanSTARRS irá passar  a poucos graus do polo celestial norte.

Fonte: NASA