segunda-feira, 7 de outubro de 2019

Era uma vez, num cometa azul...

Esta imagem mostra o cometa C/2016 R2 (PANSTARRS) localizado nos confins do Sistema Solar.
© ESO/SPECULOOS (C/2016 R2 PANSTARRS)

Tal como o seu nome sugere, este cometa foi descoberto em 2016 pelos telescópios Pan-STARRS no Havaí. Esta nova imagem foi captada por um projeto baseado no Observatório do Paranal do ESO no Chile chamado SPECULOOS — Search for habitable Planets EClipsing ULtra-cOOl Stars (Busca de planetas habitáveis que eclipsam estrelas ultra-frias).

Os cometas são bolas de poeira, gelo, gás e rochas. Quando passam perto do Sol, o gelo aquece, transformando-se em gás e escapando num processo chamado “outgassing”. Este processo forma envelopes difusos em torno do núcleo do cometa, as chamadas comas, e caudas bem distintas.

Observações SPECULOOS mostram que a cauda do C/2016 R2 (PANSTARRS) muda drasticamente ao longo de apenas uma noite, criando um conjunto dinâmico de imagens. Esta imagem corresponde a observações obtidas no dia 18 de janeiro de 2018 durante uma fase de testes do telescópio Callisto do SPECULOOS, e foram tiradas quando o cometa estava a 2,85 UA do Sol (1 Unidade Astronômica corresponde à distância média entre a Terra e o Sol) e viajando em direção ao interior do Sistema Solar.

Este cometa é particularmente intrigante por causa das moléculas e compostos raros detectados na sua coma: monóxido de carbono e íons de nitrogênio. Estes compostos dão ao cometa linhas de emissão azuis distintas; daí ter sido apelidado de "cometa azul". Este tímido cometa passa perto do Sol apenas uma vez a cada 20.000 anos, tendo a sua mais recente aproximação sido em maio de 2018. Esta imagem foi obtida quando o telescópio seguia o movimento do cometa; por isso os traços brilhantes de luz no fundo da imagem correspondem a estrelas distantes, mas o cometa e a sua coma gasosa estão bem focados, uma prova do poder de rastreamento do SPECULOOS.

Fonte: ESO

terça-feira, 24 de setembro de 2019

Descoberto "portal" de cometas

Um novo estudo liderado por um pesquisador da Universidade da Flórida Central pode alterar fundamentalmente a nossa compreensão de como os cometas chegam da periferia do Sistema Solar e são canalizados para o Sistema Solar interior, aproximando-se da Terra.
© U. Arizona/H. Roper (ilustração do Centauro SW1)

O portal foi descoberto como parte de uma simulação de centauros, pequenos corpos gelados que viajam em órbitas caóticas entre Júpiter e Netuno. A equipe do estudo modelou a evolução dos corpos localizados além da órbita de Netuno, através da região do planeta gigante e para dentro da órbita de Júpiter. Estes corpos gelados são considerados restos quase intocados de material do nascimento do nosso Sistema Solar.

O percurso dos cometas desde o seu local de formação original em direção ao Sol há muito tempo que é debatido.

Como é que os cometas novos, controlados pela influência de Júpiter, subsituem os que são perdidos? Onde está a transição entre residir no Sistema Solar exterior, como pequenos corpos adormecidos, e tornarem-se ativos no Sistema Solar interior, exibindo uma coma e uma cauda generalizadas de gás e poeira? Estas perguntas permaneceram um mistério até agora.

Pensa-se que os centauros tenham origem no Cinturão de Kuiper, uma região situada além de Netuno, e são considerados como a fonte dos Cometas da Família de Júpiter (CFJ) que ocupam o Sistema Solar interior. A natureza caótica das órbitas dos centauros obscurece os seus percursos exatos, dificultando a previsão do seu futuro como cometas.

Quando corpos gelados como os centauros ou cometas se aproximam do Sol, começam a liberar gás e poeira para produzir a aparência difusa da coma e as caudas longas caracterizando os cometas. Esta exibição está entre os fenômenos observáveis mais impressionantes do céu noturno, mas também é um lampejo de beleza fugaz que é rapidamente seguido pela destruição do cometa ou pela sua evolução para um estado adormecido.

O objetivo original da pesquisa era explorar a história de um centauro peculiar, o cometa 29P/Schwassmann-Wachmann 1 (SW1), um centauro de tamanho médio numa órbita quase circular logo a seguir a Júpiter. O SW1 há muito que intriga os astrônomos com a sua alta atividade e frequentes surtos explosivos que ocorrem a uma distância do Sol onde o gelo efetivamente não deverá vaporizar. Tanto a sua órbita quanto a sua atividade colocam SW1 num meio termo evolutivo entre os outros centauros e os Cometas da Família de Júpiter. Os pesquisadores queriam explorar se as circunstâncias de SW1 eram consistentes com a progressão orbital dos outros centauros.

Mais de um em cada cinco centauros que rastreados encontrava-se numa órbita semelhante à de SW1 em algum momento da sua vida.  Além da natureza comum da órbita de SW1, as simulações levam a uma descoberta ainda mais surpreendente.

Os centauros que passam por esta região são a fonte de mais de dois-terços de todos os CFJs, tornando-se no portal principal através do qual estes cometas são produzidos. Esta região não hospeda objetos durante muito tempo, sendo que a maioria dos centauros se tornam CFJs em alguns milhares de anos. Esta é uma parte curta da vida útil de qualquer objeto do Sistema Solar, que pode durar milhões e por vezes bilhões de anos.

A presença do portal fornece um meio há muito procurado de identificar os centauros numa trajetória iminente em direção ao Sistema Solar interior. O SW1 é atualmente o maior e mais ativo dos poucos objetos descobertos nesta região, o que o torna num principal candidato a avançar o conhecimento das transições orbitais e físicas que moldam a população de cometas que são vistos hoje.

A compreensão dos cometas está intimamente ligada ao conhecimento da composição inicial do nosso Sistema Solar e à evolução das condições para o surgimento de atmosferas e da vida.
Um artigo foi publicado na revista The Astrophysical Journal Letters.

Fonte: University of Central Florida

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Um cometa visitante interestelar

Um cometa recém-descoberto empolgou a comunidade astronômica recentemente porque parece ter tido origem fora do Sistema Solar.
© NASA/JPL-Caltech (ilustração da trajetória do cometa Borisov)

O objeto, designado C/2019 Q4 (Borisov), foi descoberto no dia 30 de agosto de 2019 por Gennady Borisov no Observatório MARGO em Nauchnij, Crimeia.

A confirmação oficial de que o Cometa C/2019 Q4 é um cometa interestelar ainda não foi feita, mas se for interestelar, seria apenas o segundo objeto detectado desta classe. O primeiro, 'Oumuamua, foi observado e confirmado em outubro de 2017.

O novo cometa, C/2019 Q4, ainda está se dirigindo em direção ao Sol, mas permanecerá além da órbita de Marte e não chegará a menos de 300 milhões de quilômetros da Terra.

Após as detecções iniciais do cometa, o sistema Scout, localizado no JPL (Jet Propulsion Laboratory) da NASA, em Pasadena, EUA, sinalizou o objeto como possivelmente interestelar.

Davide Farnocchia do CNEOS (Center for Near-Earth Object Studies) da NASA, no JPL, trabalhou com astrônomos e com o NEOCC (Near-Earth Object Coordination Center) da ESA em Frascati, Itália, para obter observações adicionais. Trabalhou em seguida com o Centro de Planetas Menores em Cambridge, Massachusetts, para estimar a trajetória precisa do cometa e determinar se teve origem dentro do nosso Sistema Solar ou se veio de outro lugar da Galáxia.

Atualmente, o cometa está a 420 milhões de quilômetros do Sol e vai alcançar o seu ponto mais próximo, ou periélio, no dia 8 de dezembro de 2019, a uma distância de 300 milhões de quilômetros.

A velocidade atual do cometa é alta, cerca de 150.000 km/h, bem acima das velocidades típicas de objetos que orbitam o Sol a esta distância. A alta velocidade indica não apenas que o objeto provavelmente teve origem fora do nosso Sistema Solar, mas também que irá sair e voltar para o espaço interestelar.

Atualmente numa trajetória de entrada, o cometa C/2019 Q4 está se dirigindo para o Sistema Solar interior. No dia 26 de outubro, passará pelo plano da eclíptica, o plano no qual a Terra e os outros planetas orbitam o Sol, vindo de cima, aproximadamente a um ângulo de 40 graus.

O C/2019 Q4 foi estabelecido como sendo cometário devido à sua aparência difusa, o que indica que o objeto tem um corpo central gelado que está produzindo uma nuvem circundante de poeira e partículas à medida que se aproxima do Sol e aquece. A sua localização no céu (a partir do ponto de vista da Terra) coloca-o perto do Sol, uma área do céu geralmente não examinada por grandes levantamentos terrestres de asteroides ou pela sonda caçadora de asteroides NEOWISE da NASA.

O C/2019 Q4 só poderá ser observado com telescópios profissionais nos próximos meses. O objeto terá o seu pico de brilho em meados de dezembro e continuará a ser observável com telescópios de tamanho médio até abril de 2020. Depois, só será observável com telescópios profissionais maiores até outubro de 2020.

As observações concluídas por Karen Meech e pela sua equipe na Universidade do Havaí indicam que o núcleo do cometa tem entre 2 e 16 quilômetros em diâmetro.

Os astrônomos vão continuar recolhendo observações para caracterizar ainda mais as propriedades físicas do cometa (tamanho, rotação, etc.) e também identificar melhor sua trajetória.

Outros detalhes acesse: Novo visitante interestelar?

Fonte: Jet Propulsion Laboratory

terça-feira, 5 de março de 2019

Cometa de um Cocheiro

Ainda correndo pelos céus noturnos do planeta Terra, o cometa Iwamoto (C/2018 Y1) compartilha esse campo de visão telescópico com estrelas e nebulosas da constelação de Auriga, o Cocheiro.
© Rolando Ligustri (cometa Iwamoto)

A imagem do cometa Iwamoto foi captada em 27 de fevereiro, aparece com a coma esverdeada e a cauda fraca entre um complexo de nebulosas de emissão avermelhada e o aglomerado estelar aberto M36 (canto inferior direito). A emissão avermelhada é a luz do gás hidrogênio ionizado pela radiação ultravioleta de estrelas quentes perto da nuvem molecular gigante da região, a cerca de 6.000 anos-luz de distância.

O brilho esverdeado do cometa, a menos de 5 minutos-luz de distância, é devido predominantemente à emissão de moléculas de carbono diatômicas fluorescentes à luz do Sol.

O M36, um dos aglomerados estelares mais familiares da constelação de Auriga, também é um objeto de fundo muito além do Sistema Solar, localizado a cerca de 4.000 anos-luz de distância.

O cometa Iwamoto passou mais próximo da Terra em 12 de fevereiro e está preso a uma órbita altamente elíptica que o levará além do cinturão de Kuiper. O cometa Iwamoto tem um período orbital estimado de 1.317 anos, devendo retornar ao Sistema Solar interno em 3390 dC.

Fonte: NASA

sábado, 15 de dezembro de 2018

Cometa Wirtanen aproxima-se do perigeu

Amanhã, o cometa periódico 46P/Wirtanen atingirá o perigeu, a maior aproximação da Terra, e ficará distante apenas 11,5 milhões de km do nosso planeta.

cometa 46P/Wirtanen

© Gerald Rhemann (cometa 46P/Wirtanen)

O astrofotógrafo Gerald Rhemann captou esta imagem do cometa 46P/Wirtanen no dia 29 de novembro deste ano, na Namíbia.

O cometa 46P/Wirtanen foi descoberto fotograficamente em 17 de janeiro de 1948 pelo astrônomo norte-americano Carl A. Wirtanen, do observatório de Lick, na Califórnia.

O 46P/Wirtanen que tem 1,2 km de diâmetro está se deslocando com velocidade de 34.200 quilômetros por hora, e completa sua órbita a cada 5,4 anos.

O cometa passou pelo periélio, a maior aproximação do Sol, no último dia 12 de dezembro, cuja magnitude era 4.8, abaixo do limiar da visão humana, que é de magnitude 6. Porém, o uso de um binóculo é imprescindível para uma visão mais confortável, pois permitirá distinguir o objeto entre as estrelas. E o distanciamento das luzes da cidade também favorecerá a observação.

Devido à pequena distância, o objeto já pode ser visto a olho nu, na forma de um pequeno ponto verde difuso e deve ficar ainda mais brilhante. O cometa 46P/Wirtanen poderá atingir magnitude 4.4, no dia 16 de dezembro.

A cor é recorrente em cometas, como no cometa Lovejoy, e se deve a sua coma, a nuvem brilhante de gás e poeira que o envolve. Ela tem cianogênio e carbono diatômico, que brilham na cor verde quando são ionizadas pela luz do Sol.

Hoje e amanhã, o cometa estará quase alinhado entre as Plêiades e a estrela Aldebaran, que não fica muito longe das Três Marias em Órion.

Fonte: Cometas Blog

sábado, 17 de novembro de 2018

O cometa periódico 46P/Wirtanen

O cometa periódico 46P/Wirtanen é agora o mais brilhante cometa no céu noturno, mas também fraco para ser visto a olho nu.

cometa periódico 46P/Wirtanen

© Alex Cherney (cometa periódico 46P/Wirtanen)

No entanto, a partir de locais com céu escuro, ele pode se tornar visível a olho nu, já que sua órbita de 5,4 anos de duração a leva mais perto da Terra e do Sol em meados de dezembro. Fluorescendo à luz do Sol, sua coma esférica é cerca de metade do tamanho angular da Lua cheia na visão telescópica do hemisfério sul de 7 de novembro.

Na ocasião o cometa estava a cerca de 2 minutos-luz ou 35 milhões de quilômetros da Terra. A coma esverdeada vista aqui tem cerca de 150.000 quilômetros de diâmetro. Isso faz com que seja do tamanho de Júpiter.

A pilha de imagens digitais também revela uma cauda muito tênue que se estende para as 4 horas com uma galáxia de fundo distante notável na parte superior esquerda. Como visitante regular do Sistema Solar interior, o cometa 46P/Wirtanen já foi o alvo de encontro preferido para o cometa da ESA, que explorava através da missão Rosetta.

Fonte: ESA

segunda-feira, 8 de outubro de 2018

Um cometa entre as nebulosas Cone e Rosette

Espera-se que pequenos pedaços do cometa 21P/Giacobini-Zinner cinza-esverdeado caiam na atmosfera da Terra hoje à noite.

cometa entre as nebulosas Cone e Rosette

© F. H. Hemmerich (cometa entre as nebulosas Cone e Rosette)

Especificamente, fragmentos do núcleo erodido do cometa periódico 21P/Giacobini-Zinner causam a chuva anual de meteoros dos Draconídeos, que atinge o pico esta noite.

Os meteoros draconídeos são fáceis de sere apreciados este ano porque as taxas de meteoros provavelmente atingirão o pico logo após o pôr do sol, com o brilho da Lua quase ausente. No entanto, é necessário paciência, pois não deverá aumentar a taxa de meteoros normais dos Draconídeos este ano, durante o último mês do cometa perto da órbita da Terra. Então, novamente, as taxas de meteoros são notoriamente difíceis de prever, e os Draconídeos foram bastante impressionantes em 1933, 1946 e 2011.

Em destaque na imagem, nota-se o cometa 21P/Giacobini-Zinner  entre as nebulosas Rosette (superior esquerdo) e Cone (inferior direito) há duas semanas perto da órbita de Júpiter, para retornar novamente em cerca de seis anos e meio.

Fonte: NASA

domingo, 26 de agosto de 2018

Cometa, Coração e Alma

A coma esverdeada do cometa 21P/Giacobini-Zinner se destaca à esquerda desta imgem que abrange mais de 10 graus em direção às constelações Cassiopeia e Perseus.

cometa Giacobini-Zinner próximo de nebulosas

© J. C. Casado (cometa Giacobini-Zinner próximo de nebulosas)

Esta imagem foi captada em 17 de agosto passado.

O radiante da próxima chuva de meteoros Draconídeos é devido ao cometa 21P/Giacobini-Zinner. Previsto para ser o mais brilhante no mês de outubro, o cometa está realmente no primeiro plano do rico campo estelar, a apenas cerca de 4 minutos-luz do nosso planeta. O 21/Giacobini-Zinner deve permanecer muito fraco para ser visto a olho nú, como as coloridas nebulosas Coração e Alma perto do centro do campo de visão da câmera digital sensível.

Mas o par de aglomerados estelares abertos à direita, h e Chi Persei, podem ser vistos apenas a olho nu em locais escuros. As nebulosas Coração e Alma, com seus próprios aglomerados de estrelas jovens de um milhão de anos, cada um com mais de 200 anos-luz de diâmetro e 7 mil anos-luz de distância da Terra. Eles fazem parte de um grande complexo de formação de estrelas que se estende ao longo do braço espiral de Perseus da nossa Via Láctea. Também conhecido como Double Cluster, h e Chi Persei estão localizados na mesma distância.

O cometa 21P/Giacobini-Zinner foi descoberto pelo astrônomo Michael Giacobini em dezembro de 1900 no observatório de Nice (França), e redescoberto por Ernst Zinner, quando observava estrelas variáveis próximo de Beta Scuti. O cometa possui um período de 6,54 anos e passará a 0,39 UA da Terra. A máxima aproximação do Sol (periélio) será no dia 10 de Setembro de 2018, onde estima-se que o cometa alcançará a 6ª magnitude.

O cometa periódico Giacobini-Zinner foi visito por uma sonda International Cometary Explorer quando passou por sua cauda em setembro de 1985.

Fonte: NASA

sábado, 11 de agosto de 2018

O cometa Swift-Tuttle e as Perseidas

O cometa Swift-Tuttle, formalmente conhecido como 109P/Swift-tuttle, é um enorme cometa congelado que tem uma órbita de 133 anos ao redor do Sol, e é o causador da espetacular chuva de meteoros das Perseidas.

© Meteor Shower (chuva de meteoros das Perseidas)

Uma vez por ano, a Terra passa através de uma seção da cauda do cometa Swift-Tuttle, onde uma nuvem de partículas é ejetada do cometa, sendo que a maior parte tem estado nesta formação por milhares de anos. À medida que estas partículas entram na atmosfera da Terra, a uma velocidade extremamente alta, elas queimam, resultando no belo espetáculo da chuva de meteoros.

Anualmente, em meados de Julho até o final de Agosto, podem ser registrados belos detritos cósmicos. Neste ano o pico da chuva de meteoros das Perseidas acontece na madrugada de 12 para 13 de Agosto de 2018. A Lua estará na sua fase crescente bem fina, irá se pôr no começo da noite e deixará o céu inteiramente escuro na madrugada para se observar a chuva de meteoros.

O cometa Swift-Tuttle foi descoberto independentemente por Lewis Swift em 16 de julho de 1862, em Marathon, Nova York, e por Horace Parnell Tuttle, da Universidade Harvard em Cambridge, Massachusetts, em 19 de julho de 1862. Ele possui um núcleo de 26 km de diâmetro, o que é duas vezes e meia o tamanho do asteroide que se chocou com a Terra e dizimou os dinossauros, viajando 4 vezes mais rápido.

É o maior objeto do Sistema Solar (além da Lua), a passar repetidamente perto da Terra. No seu periélio (o ponto na órbita mais perto do Sol) mais recente, aconteceu em 1992 e o próximo acontecerá em 12 de Julho de 2126.

As órbitas do Swift-Tuttle para os próximos 2000 anos, já foram calculadas de forma precisa, e a Terra está totalmente segura. Ele passará da Terra a 22,9 milhões de km em 2126 e a 22 milhões de km em 2261.

No dia 15 de Setembro de 4479, o cometa Swift-Tuttle passará a cerca de 1,6 milhão de quilômetros da Terra, isso é mais de 90 vezes mais próximo da Terra do que o Sol está, mas é apenas 4 vezes mais distante que a Lua, mas mesmo assim é uma distância segura para o nosso planeta.

Assim, no futuro previsível, continuaremos a desfrutar do belo espetáculo realizado todos os anos pelos vestígios das jornadas históricas deste astro para o centro do nosso Sistema Solar. Estes eventos impressionantes também servem como um lembrete de que nosso planeta já foi visitado por enormes rochas cósmicas.

Fonte: ESA

segunda-feira, 23 de julho de 2018

O outburst do cometa PanSTARRS

Um cometa que poderá se tornar visível a olho nu em agosto deste ano acaba de brilhar de forma inesperada!

cometa C/2017 S3 PanSTARRS

© Michael Jäger (cometa C/2017 S3 PanSTARRS)

A image acima mostra o cometa C/2017 S3 PanSTARRS registrado em Weißenkirchen, na Austria, em 2 de julho de 2018 por Michael Jäger.

O cometa C/2017 S3 PanSTARRS aumentou seu brilho (outburst) em 16 vezes em apenas algumas horas no dia 30 de junho, elevando sua magnitude de +12 para +9, neste mês ocorreram dois outburts. Esta última explosão, ocorrida em 14 de julho, deu vida suficiente ao cometa para vê-lo em um par de binóculos (10 × 50s). Nada extravagante, apenas uma pequena bolha, mas com magnitude de aproximadamente 8,2 no dia 16 de julho. O astrofotógrafo austríaco Michael Jäger pode ter sido o primeiro a registrar a nova explosão. Sua foto, tirada em 15 julho, mostra uma coma verde de 4’ de diâmetro, seguido por uma cauda iônica estreita de 25’ de comprimento a noroeste.

O cometa C/2017 S3 PanSTARRS já está surpreendendo, e durante o periélio (máxima aproximação com o Sol), previsto para 15 de agosto de 2018, apenas a 0,2 UA (Unidade Astronômica) do Sol, podendo alcançar a 4ª magnitude. O perigeu (passagem mais próxima da Terra) acontece uma semana antes, em 7 de agosto, a 0,76 UA.

Este cometa foi descoberto em 23 de setembro de 2017 pelo telescópio Pan-STARRS 1, localizado no topo do monte Haleakala, no Havaí. A principal missão do telescópio PanSTARRS é detectar asteroides próximos da Terra que poderiam ser uma ameaça para o nosso planeta. No entanto, ele também observa estrelas variáveis, supernovas e cometas.

A coma do cometa C/2017 S3 PanSTARRS se expandiu de 2,5′ a 5′ de tamanho aparente, aproximadamente de 150.000 a 300.000 Km de diâmetro real. Isso significa que a atmosfera do cometa tem um diâmetro, quase o dobro do diâmetro do planeta Júpiter. Estas dimensões fazem dele um alvo relativamente fácil para telescópios caseiros.

O cometa C/2017 S3 PanSTARRS surgiu de uma região fria e longínqua repleta de cometas, a Nuvem de Oort, e agora está se aproximando rapidamente do Sol, numa trajetória estreita e altamente alongada. Este cometa não é periódico, ou seja, ele provavelmente nunca visitou o Sistema Solar interno. Por ter uma grande quantidade de gelo em sua composição, sua exposição aos raios solares poderá surpreender, criando aumentos de brilho inesperados.

A intensa tonalidade verde da coma sugere que a maior parte do material emitido trata-se do gás C2 (carbono diatômico).

A órbita deste cometa favorece a observação no hemisfério norte. Nas regiões norte e nordeste do Brasil, o cometa começa a ser visível na constelação de Auriga antes de o Sol nascer. No início de agosto ele ingressa na constelação de Gêmeos e seu brilho deve atingir a 7ª magnitude.

Fonte: Sky & Telescope

quarta-feira, 30 de maio de 2018

Supresas na composição química de cometa

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Universidade do Sul da Flórida (USF), em Tampa, na Flórida, indica que o cometa C/2016 R2 (Pan-STARRS) é um cometa que possui abundância de monóxido de carbono e falta de cianeto de hidrogênio.

cometa C2016 R2

© Chris Schur (cometa C/2016 R2)

Descoberto em 7 de Setembro de 2016, o C/2016 R2 (Pan-STARRS) é um cometa da Nuvem de Oort que orbita o Sol a uma distância de 740 UA, e leva aproximadamente 20 mil anos para dar uma volta ao redor do Sol na sua órbita altamente excêntrica. O cometa é conhecido por ter uma coma com coloração azul profunda e uma complexa cauda de íon.

A Nuvem de Oort é uma reserva de núcleos cometários que datam do início do Sistema Solar. Estudar cometas como o C/2016 R2 (Pan-STARRS) poderia fornecer pistas importantes sobre a origem e a formação dos planetas e outros objetos do Sistema Solar.

O C/2016 R2 (Pan-STARRS) foi recentemente observado por Kacper Wierzchos e Maria Womack da USF. A partir das observações conduzidas em Dezembro de 2017 e Janeiro de 2018, os astrônomos empregaram o Submillimeter Telescope de 10 metros no Radiobservatório do Arizona. A campanha observacional foi focada na pesquisa do cometa focalizou nas emissões de monóxido de carbono e cianeto de hidrogênio.

As frequências das emissões de CO ocorreram em 250,53799 GHz e de HCN em 265,88643 GHz no cometa C/2016 R2 durante Dezembro de 2017 e Janeiro de 2018 quando as distâncias heliocêntricas e geocêntricas eram de respectivamente 2,9 UA e 2,1 UA.

Como resultado das observações, os pesquisadores detectaram emissões neutras de monóxido de carbono neste cometa pela primeira vez. Eles descobriram que a taxa de produção de CO é muito alta se comparada com outros cometas. O C/2016 R2 é descrito por Wiezchos e Womack como um cometa rico em CO onde a emissão de monóxido de carbono é assumida como o a principal causadora da atividade do cometa.

Contudo, os pesquisadores descobriram que a taxa de produção de cianeto de hidrogênio é muito baixa, cerca de 100 vezes menor do que aquela observada no C/1995 O1 Hale-Bopp, na mesma distância. Os pesquisadores notaram que a razão da taxa de produção de CO/HCN acima de 5.000 indica uma composição química incomum do C/2016 R2 que é difícil de entender em termos de composições típicas dos cometas.

Para entender melhor as peculiaridades do C/2016 R2, os astrônomos mediram a taxa de produção de nitrogênio molecular, N2. Eles descobriram que este cometa também é rico em N2, e não mostra uma depleção de N2 típica vista em outros cometas.

A composição da coma do C/2016 R2 é claramente bem diferente de outros cometas observados, tanto na alta abundância de N2, e na significante diminuição de outras moléculas normalmente abundantes como o HCN.

Fonte: The Astronomical Jorunal

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

O cometa azul e as Híades

As estrelas do aglomerado das Híades se espalham neste mosaico que se expande por mais de 5 graus no céu na direção da constelação de Touro.

cometa C2016 R2 PanSTARRS e Híades

© Rogelio Bernal Andreo (cometa C/2016 R2 PanSTARRS e Híades)

Atualmente cruzando o Sistema Solar, o cometa C/2016 R2 PanSTARRS com tonalidade azulada é visto através de uma imagem efetuada em 12 de Janeiro de 2018.

Na imagem pode-se destacar ainda o fato da ponta do V das Híades estar na parte central superior da imagem, e a brilhante Aldebaran, a estrela alfa da constelação do Touro, pode ser vista no canto inferior direito da imagem com sua intensa coloração laranja, embora no céu ela apareça com esta tonalidade, Aldebaran é uma estrela classificada como uma gigante vermelha fria.

Enquanto que as estrelas das Híades estão localizadas a aproximadamente 151 anos-luz de distância da Terra, a estrela Aldebaran está a 65 anos-luz de distância do nosso planeta, e portanto é bem separada do aglomerado, embora aparentemente pareça fazer parte dele.

No dia 12 de Janeiro de 2018, o C/2016 R2 estava a mais de 17 minutos-luz de distância da Terra, e aproximadamente 24 minutos-luz de distância do Sol. Sua cauda azulada se deve principalmente ao gás CO+ fluorescente na presença da luz solar; já a coma do cometa, aparece com uma tonalidade levemente esverdeada, devido à emissão de carbono diatômico.

Fonte: NASA