quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Pedaço de rocha na superfície de cometa

O sistema de imageamento científico OSIRIS a bordo da sonda Rosetta da ESA registrou uma imagem espetacular de um dos muitos pedaços de rochas que cobrem a superfície do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

localização do pedregulho Quéops

© ESA (localização do pedregulho Quéops)

Com uma dimensão máxima de aproximadamente 45 metros, ele é um dos maiores pedaços de rochas vistos no cometa. Ele se destaca entre um grupo de pedaços de rochas localizados numa região suave do lado inferior do lobo maior do cometa.

Esse aglomerado de rochas lembrou os cientistas as famosas pirâmides em Giza, perto de Cairo no Egito, e esse pedaço de rocha específico foi chamado de Quéops por ser o maior pedaço de rocha, assim como Quéops é a maior pirâmide, conhecida como a Grande Pirâmide e que foi construída para ser a tumba do faraó Quéops em 2.550 aC.

Essa escolha também introduz um esquema de nomes egípcios gerais concordados pelos cientistas da Rosetta que serão usados para nomear as muitas características do cometa, isso mantém o espírito geral da missão e do nome da sonda.

Quéops foi visto pela primeira vez em imagens obtidas no início do mês de Agosto de 2014 quando a sonda chegou ao cometa. Na semana passada, enquanto a Rosetta navegava cada vez mais próxima do cometa, o instrumento OSIRIS imageou essa única estrutura novamente, mas dessa vez com uma resolução muito maior de cerca de 50 centímetros por pixel.

pedregulho Quéops

© ESA (pedregulho Quéops)

A imagem acima foi feita pela câmera de ângulo estreito OSIRIS da Rosetta em 19 de setembro de 2014, a uma distância de 28,5 km. As estruturas rochosas que a sonda Rosetta tem revelado em muitos lugares na superfície do Churyumov-Gerasimenko são uma das feições mais misteriosas e espetaculares já vistas.

Como muitos outros pedaços de rochas vistos tanto pelo OSIRIS como pela câmera NAVCAM da Rosetta, o Quéops se destaca não apenas fisicamente, mas também por ser uma feição levemente mais brilhante se comparado com a superfície escura ao redor.

O principal pesquisador do OSIRIS, Holger Sierks, do Max Planck Institute for Solar System Research (MPS) na Alemanha, descreveu a superfície do Quéops como “muito irregular”.

Entre as regiões mais brilhantes da superfície do pedaço rochoso estão intrigantes regiões menores de material mais escuro, similar em brilho e textura com o solo onde o pedaço de rocha se localiza.

“É quase como se olhássemos uma poeira solta que cobre a superfície do cometa impregnada nas fraturas desse pedaço de rocha. Mas, é claro, é muito cedo para tirarmos muitas conclusões”, disse Sierks.

Apesar do tamanho do cometa estar sendo medido de forma cuidadosa pela sonda Rosetta, através da análise meticulosa das imagens obtidas, quase todas as outras propriedades dos pedaços rochosos são ainda um mistério para os pesquisadores. Do que eles são feitos? Quais são suas propriedades físicas incluindo sua densidade e estabilidade? Como eles foram criados? À medida que a sonda Rosetta continua sua pesquisa e seu monitoramento da superfície do cometa nos próximos meses, os cientistas provavelmente terão muitas dessas respostas.

Por exemplo, se os pedaços rochosos são expostos pela atividade cometária ou são deslocados pelo campo de gravidade do cometa, nós devemos ser capazes de rastreá-los nas nossas imagens”, adicionou Sierks.

No dia 10 de Otubro de 2014, a sonda Rosetta começou a sua chamada Close Observation Phase do cometa chegando a uma distância de 10 km de seu alvo, e fazendo com que suas câmeras possam registrar detalhes cada vez menores e mais misteriosos do 67P/Churyumov-Gerasimenko.

Enquanto isso, a ESA confirmou ontem o local principal de pouso, conhecido como local J, do módulo Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em 12 de novembro, na primeira vez que ocorre um pouso suave em um cometa.

Fonte: ESA

sábado, 4 de outubro de 2014

Fragmentação do cometa C/2011 J2 (LINEAR)

Foi detectada uma fragmentação do cometa C/2011 J2 (LINEAR).

cometa C2011 J2

© telescópio Liverpool (cometa C/2011 J2)

Os astrônomos F. Manzini, V. Oldani, A. Dan e R. Behrend, no final de agosto, observaram um segundo componente de condensação nuclear. O componente B é mais tênue que o componente A, o componente principal e mais brilhante.

Apesar de trabalhar em um estudo de longo prazo sobre a morfologia do cometa C/2012 K1 com N. Samarasinha e B. Mueller usando o telescópio Liverpool de 2 metros, a equipe do Observatório Remanzacco, composta por Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini, recebeu um alerta do evento de fragmentação do cometa C/2011 J2, e assim o telescópio foi  desviado para este cometa durante alguns dias. Na ocasião a componente B apresentava uma magnitude 19,5.

Fonte: Observatório Remanzacco

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Escolhido o local de pouso do módulo Philae

O módulo Philae da Rosetta terá como alvo o Local J, uma região fascinante do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko que oferece um potencial científico único, com pistas de atividade nas proximidades e risco mínimo para o "lander" em comparação com outros locais candidatos.

local J do cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (local J do cometa Churyumov-Gerasimenko)

O Local J está na "cabeça" do cometa, um objeto de forma irregular com pouco mais de 4 km de comprimento. A decisão de escolher o Local J como o local primário foi unânime. O local secundário, Local C, está situado no "corpo" do cometa.

O Philae, com 100 kg, tem pouso planejado à superfície no dia 11 de Novembro, onde irá realizar medições detalhadas para caracterizar o núcleo "in situ" de uma maneira totalmente inédita.

Mas a escolha do local de pouso adequado não foi uma tarefa fácil.

"Como vimos a partir de imagens recentes, o cometa é um mundo maravilhoso mas dramático, é cientificamente interessante, mas a sua forma faz com que seja operacionalmente complicado," afirma Stephan Ulamec, da equipe do Philae no Centro Aeroespacial DLR alemão.

"Nenhum dos locais candidatos cumpria todos os critérios operacionais a 100%, mas o Local J é claramente a melhor solução."

"Vamos fazer a primeira análise 'in situ' de um cometa neste local, dando-nos uma visão sem precedentes da composição, estrutura e evolução," comenta Jean-Pierre Bibring, cientista do "lander" e pesquisador principal do instrumento CIVA e do IAS (Institut d'Astrophysique Spatiale) em Orsay, França.

"O Local J, em particular, oferece-nos a oportunidade de analisar material pristino, de caracterizar as propriedades do núcleo e de estudar os processos que alimentam a sua atividade."

A corrida para encontrar um local de aterragem só pôde começar quando a Rosetta chegou ao cometa no dia 6 de Agosto, quando foi visível de perto pela primeira vez. No dia 24 de Agosto, usando dados recolhidos quando a Rosetta estava ainda a 100 km do cometa, foram escolhidas cinco regiões candidatas para posterior análise.

Desde aí, a sonda moveu-se até 30 km do cometa, proporcionando medições científicas mais detalhadas dos locais candidatos. Em paralelo, as equipes de operação e de dinâmica de voo têm explorado opções para a aterragem do "lander" em todos os cinco candidatos.

Na última semana, os engenheiros e cientistas encarregados de tomar a decisão reuniram-se para escolher o local primário e o secundário. Tiveram de ser considerados um certo número de aspectos críticos, entre eles a identificação de uma trajetória segura para a aterragem do Philae e a densidade de perigos visíveis nesta região. Uma vez na superfície, outros fatores entram em jogo, entre eles o número de horas diurnas e noturnas e a frequência de passagens para comunicação com a sonda.

A descida para o cometa é passiva e só é possível prever que o ponto de pouso será dentro de uma "elipse de aterragem", normalmente com algumas centenas de metros de tamanho.

Para cada local candidato, foi avaliada uma área com 1 quilômetro quadrado. No Local J, a maioria das encostas tem menos de 30º relativamente ao chão local, reduzindo a probabilidade do Philae tombar durante a aterragem. O Local J também parece ter relativamente poucos pedregulhos, e recebe iluminação diária suficiente para recarregar o Philae e continuar as operações científicas à superfície para além da fase inicial alimentando a bateria.

A avaliação provisória da trajetória até ao Local J descobriu que o tempo de descida do Philae, até à superfície, é em torno de sete horas, um espaço de tempo que não compromete as observações do cometa através da utilização da bateria durante esta fase.

Tanto o Local B como o C foram considerados para locais secundários, mas o C foi o escolhido devido a um maior perfil de iluminação e menos rochas. Os Locais A e I pareciam atraentes durante o início da discussão, mas foram eliminados posteriormante, pois não satisfaziam uma série de critérios essenciais.

Uma linha temporal adicional será agora preparada para determinar a trajetória de aproximação da Rosetta com precisão a fim de entregar o Philae ao Local J. A aterragem deve ocorrer antes de meados de Novembro, antes que o cometa aumente consideravelmente de atividade à medida que se aproxima do Sol.

"Não há tempo a perder, mas agora que estamos mais perto do cometa, as operações científicas e de mapeamento vão ajudar a melhorar a análise dos locais primário e secundário," afirma Andrea Accomazzo, diretora de voo da Rosetta.

"É claro que não podemos prever a atividade do cometa até à aterragem, e durante o próprio dia do pouso. Um aumento repentino na atividade pode afetar a posição orbital da Rosetta e, por sua vez, o local exato onde o Philae vai pousar, e é isso que torna esta operação muito arriscada".

Uma vez livre da Rosetta, a descida do Philae vai ser autônoma. Os comandos terão que ser preparados e enviados pelo controle da missão antes da separação. Durante a descida, serão obtidas imagens e outras medições do ambiente do cometa.

Quando o Philae tocar o chão, a uma velocidade equivalente ao andar de um ser humano, usará arpões e parafusos para se prender à superfície. Fará então uma imagem panorâmica de 360º do local de aterragem para ajudar a determinar onde e em que orientação pousou.

A fase científica inicial começará depois com outros instrumentos que vão analisar o plasma, ambiente magnético e a temperatura da superfície. O Philae vai também perfurar e recolher amostras, entregando-as a um laboratório no seu interior para análise. A estrutura interior do cometa também será explorada através do envio de ondas de rádio até à Rosetta.

"Nunca ninguém tentou pousar antes num cometa, por isso é um verdadeiro desafio," afirma Fred Jansen, gestor da missão Rosetta da ESA. "A complicada estrutura 'dupla' do cometa tem um impacto considerável nos riscos globais relacionados com a aterragem, mas são riscos que valem a pena enfrentar pela hipótese de fazer a primeira aterragem controlada num cometa."

A data de aterragem deverá ser confirmada no dia 26 de Setembro, depois de uma análise mais aprofundada da trajetória e o pouso no local primário será antecedido de uma abrangente revisão de prontidão no dia 14 de Outubro.

Fonte: ESA

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O VLT segue o cometa de Rosetta

A mancha brilhante e desfocada que se vê no centro da imagem trata-se do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, ou 67P/C-G.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESO/VLT (cometa Churyumov-Gerasimenko)

Este não é um cometa qualquer mas sim o alvo da sonda espacial Rosetta da ESA, que se encontra atualmente no interior da coma do cometa, a menos de 100 quilômetros do seu núcleo. A sonda Rosetta atingiu esta distância no dia 6 de agosto de 2014, e desde essa data a sonda vem se aproximando do cometa. Com a Rosetta tão próxima do cometa, a única maneira de ver o 67P/C-G na sua totalidade é observá-lo a partir do solo.
Esta imagem foi obtida em 11 de agosto de 2014 com um dos telescópios de 8 metros do Very Large Telescope (VLT) do ESO, no Chile. Foi composta a partir da sobreposição de 40 exposições individuais, cada uma de 50 segundos, depois de removidas as estrelas de fundo, de modo a obter a melhor imagem possível do cometa. A sonda Rosetta encontra-se no interior do pixel central da imagem e é muito pequena para poder ser revelada.
O VLT é composto por quatro telescópios principais individuais que podem trabalhar em uníssono ou separadamente. Estas observações foram feitas com o instrumento FORS2 (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph 2), montado no telescópio principal nº1, também conhecido por Antu, nome que significa “Sol” em mapuche, língua indígena chilena.
O FORS2 pode ser utilizado de diversas maneiras, mas no caso da campanha de Rosetta, os astrônomos usam-no para obter imagens do cometa e determinar o seu brilho, tamanho e forma, além de analisar a composição da coma.
Apesar do 67P/C-G aparecer tênue nesta imagem, o objeto encontra-se claramente ativo, com uma coma de poeira que se estende 19.000 quilômetros a partir do núcleo. Esta coma é assimétrica uma vez que  a poeira vai sendo varrida na direção oposta à do Sol, o qual se localiza para lá do canto inferior direito da imagem, e começa a formar uma característica cauda cometária.
Esta imagem do VLT faz parte de uma colaboração entre a ESA e o ESO, no intuito de observar o cometa 67P/C-G a partir do solo, enquanto a sonda Rosetta se encontra efetuando medições no cometa. Em média, o VLT obtém imagens deste objeto noite sim noite não. Estas exposições curtas são utilizadas para monitorar a ativdade do cometa, ao estudar-se como é que o seu brilho varia. Os resultados são comunicados ao projeto Rosetta, constituindo parte da informação utilizada para planejar a órbita da sonda em torno do 67P/C-G.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (cometa Churyumov-Gerasimenko)

A imagem acima mostra penhascos e rochas proeminentes, que foi efetuada em 5 de setembro de 2014 pelo OSIRIS, sistema de imagens científica da Rosetta, a uma distância de 62 km a partir do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. A parte esquerda da imagem mostra uma vista lateral do ‘corpo’ do cometa, enquanto o direito é a parte de trás de sua ‘cabeça’. Um pixel corresponde a 1,1 metros.

Fonte: ESO e ESA