O mistério da origem da água descoberta na Lua pode em breve ser resolvido. As evidências da missão LCROSS da NASA (a agência espacial americana) sugerem que muita desta foi entregue por cometas em vez de se ter formado à superfície através de uma interação com o vento solar.
© NASA (cratera Cabeus)
Em Outubro, dois objetos colidiram com a Lua - um estágio de foguete e, poucos minutos depois, a própria sonda LCROSS - na cratera Cabeus perto do pólo sul da Lua. A sonda capturou imagens e obteve dados espectográficos do detrito lunar expelido pelo impacto do foguete, descobrindo que continha inequívocos sinais de água.
© NASA (espectômetro infravermelho)
© NASA (espectômetro ultravioleta e visível)
As missões anteriores também tinham descoberto pistas de água lunar mas a sua fonte não era clara. Uma teoria afirma que a água se forma quando os átomos de hidrogênio do vento solar se ligam com os átomos de oxigénio no solo lunar, criando hidróxilo e água.
Mas agora as evidências tendem a favor de uma explicação alternativa - impactos de cometas. Os dados foram discutidos esta semana na reunião do Grupo de Análise de Exploração Lunar, um encontro de 160 cientistas em Houston, Texas, EUA.
A primeira linha de provas vem de compostos que se vaporizam rapidamente, ou voláteis. A LCROSS descobriu sinais espectrais de compostos voláteis contendo carbono e hidrogênio - provavelmente metano e etanol - bem como outros como amônia e dióxido de carbono. "Parece que colidimos numa área muito rica em compostos voláteis," disse Tony Colaprete, cientista principal da LCROSS, numa conferência de imprensa.
Estes compostos, na sua maioria, já deveriam ter sido perdidos para o espaço há bilhões de anos, quando a Lua coalesceu dos detritos de um impacto entre a Terra e um objeto com o tamanho de Marte. A água formada através de uma interação com o vento solar seria por isso relativamente pura - e livre de compostos voláteis.
Mas os cometas, que se pensa serem os responsáveis por muitas das cicatrizes de impacto na Lua, são "bolas de neve suja" que se sabe conterem compostos voláteis como o metano. "Se conseguirmos descobrir a fonte da água da Lua, poderemos entender melhor a história da Lua durante os últimos dois bilhões de anos," diz Larry Taylor da Universidade do Tennessee.
A segunda linha de evidências que aponta para os cometas vem da quantidade de água detectada. Espera-se que o vento solar forme água em quantidades minúsculas, resultando em concentrações não maiores do que 1% do solo lunar.
Os membros da equipe LCROSS estão ainda analisando os dados, mas os cálculos sugerem que a concentração de água é maior. "Os dados são consistentes com um conteúdo total de hidrogênio na ordem de alguns porcentos," disse Colaprete.
Além da ligação com cometas, os elementos voláteis geraram excitação devido ao seu valor como recurso para o voo espacial. Apesar da água ser importante para sobreviver na Lua, é o hidrogênio na água que pode ser usado como combustível para foguetes.
A possibilidade de descobrir compostos como etanol e metano, que podem ser usados diretamente como combustível, torna ainda mais viável a questão econômica do ser humano regressar à Lua. "A LCROSS deu-nos o nosso bilhete de volta à Lua," acrescenta Noah Petro do Centro Aeroespacial Goddard da NASA em Greenbelt, Maryland, EUA.
Fonte: NASA
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