A sonda Rosetta testemunhou a maior aproximação do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko ao Sol.
© ESA/Rosetta/MPS (cometa próximo do periélio)
Esta série de imagens do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko foi captada pela câmara OSIRIS da Rosetta no dia 12 de agosto de 2015, meras horas antes do cometa ter alcançado o ponto mais próximo do Sol ao longo da sua órbita de 6,5 anos.
Foram obtidas a uma distância de aproximadamente 330 km do cometa. A atividade do cometa, que atingirá o seu pico de intensidade nas próximas semanas, é claramente visível nestas imagens espetaculares.
A câmara científica captou imagens poucas horas antes do periélio. A atividade do cometa é claramente vista nas imagens, com uma variedade de jatos provenientes do núcleo, incluindo uma explosão fotografada às 17:35 GMT de anteontem.
O momento exato do periélio ocorreu às 02:03 (GMT) de ontem, quando o cometa passou a 186 milhões de quilômetros do Sol.
No ano que já passou desde a chegada da Rosetta, o cometa viajou cerca de 750 milhões de quilômetros ao longo da sua órbita em direção ao Sol, a crescente radiação solar aqueceu o núcleo, fazendo com que os seus gelos escapassem como gás para o espaço a um ritmo cada vez maior. Estes gases, juntamente com as partículas de poeira que arrastam, fazem crescer a atmosfera (cabeleira) e a cauda do cometa.
"A atividade permanecerá assim tão alta durante muitas semanas, e estamos ansiosos por descobrir quantos mais jatos e eventos explosivos conseguimos apanhar em flagrante, tal como já testemunhamos nas últimas semanas," afirma Nicolas Altobelli, cientista do projeto Rosetta.
As medições da Rosetta sugerem que o cometa está libertarando até 300 kg de vapor de água por segundo, o equivalente a duas banheiras. Este valor é 1.000 vezes superior ao observado há um ano atrás quando a Rosetta estava em aproximação ao cometa. Nesse momento, registrava uma taxa de apenas 300 gramas por segundo, o equivalente a dois copos pequenos de água.
Juntamente com o gás, estima-se que o núcleo liberte até 1.000 kg de poeira por segundo, criando perigosas condições de trabalho para a Rosetta.
"Nos últimos dias, fomos forçados a afastar a sonda ainda mais do cometa. Estamos a uma distância entre 325 e 340 km esta semana, numa região onde consegue seguir as estrelas e operar sem se confundir com os níveis excessivos de poeira; se não funcionar corretamente, a Rosetta não consegue posicionar-se no espaço," comenta Sylvain Lodiot, gestor de operações da ESA.
O monitoramento das mudanças do ambiente em torno do cometa antes, durante e depois do periélio, é um dos objetivos científicos primários a longo prazo da missão.
Ao longo dos últimos meses, as estações do cometa mudaram, atirando o seu hemisfério sul para um verão curto, cerca de 10 meses, depois de mais de cinco anos e meio de escuridão. Isto revelou partes da superfície, anteriormente à sombra durante a estadia da Rosetta, permitindo aos cientistas preencherem algumas das peças que faltavam ao mapa regional.
Identificaram quatro novas regiões geológicas no hemisfério sul, que incluem partes de ambos os lóbulos do cometa, elevando o número total de regiões para 23. Os nomes das novas regiões seguem a convenção de nomenclatura de deuses e deusas egípcios adotada para o cometa: Anhur, Khonsu, Sobek e Wosret.
A temperatura média do cometa também está aumentando. Não muito tempo depois de chegar, as temperaturas à superfície rondavam os -70ºC. Em abril-maio de 2015 tinham subido para apenas alguns graus abaixo de zero, e agora prevêem-se máximas de algumas dezenas de graus positivos para o próximo mês.
Entretanto, os astrônomos na Terra têm acompanhado, ao longe, a evolução do cometa. A Rosetta está demasiado perto do cometa para ver a sua cauda crescer, mas as imagens recolhidas ao longo dos últimos meses, com telescópios de todo o mundo, mostram que já se estende por mais de 120.000 km.
Foi revelada em imagens uma coma assimétrica, com uma região de notável alta densidade na direção oposta à cauda principal, imagens estas que também foram obtidas na semana passada pelo telescópio Gemini-Norte em Mauna Kea, Havaí.
"A combinação destes pontos de vista terrestres, e dos jatos individuais e explosões vistos de perto com a Rosetta, vão ajudar-nos a compreender os processos à superfície do cometa à medida que se aproxima do Sol," acrescenta Nicolas.
"Pretendemos voltar novamente para muito mais perto depois da diminuição de atividade e fazer um levantamento de como o cometa mudou. Também continuamos a manter a esperança que o Philae consiga retomar as suas operações científicas à superfície e nos dê uma visão detalhada das mudanças que ocorrem em torno do seu local de aterragem."
Finalmente, Patrick Martin, gestor da missão Rosetta da ESA, conclui: "É emocionante atingir a marca do periélio e estamos ansiosos por ver como é que este incrível cometa se comporta à medida que nos afastamos do Sol durante o próximo ano."
Fonte: ESA
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