Cientistas do Massachusetts Institute of Technology (MIT) e outras instituições, trabalhando em estreita colaboração com astrônomos amadores, avistaram as caudas poeirentas de seis exocometas, ou seja, cometas fora do nosso Sistema Solar, em órbita de uma tênue estrela a 800 anos-luz da Terra.
© Danielle Futselaar (ilustração de exocometa em sistema estelar)
Estas bolas cósmicas de gelo e poeira, que eram do tamanho do Cometa Halley e viajavam a cerca de 160 mil quilômetros por hora antes de se vaporizarem, são alguns dos objetos mais pequenos já encontrados fora do nosso próprio Sistema Solar.
A descoberta marca a primeira vez que um objeto tão pequeno quanto um cometa foi detectado usando fotometria de trânsito, uma técnica em que é observada a luz de uma estrela à procura de indicadoras quedas de intensidade. Estas diminuições assinalam trânsitos potenciais, passagens de planetas ou outros objetos em frente de uma estrela, que bloqueiam momentaneamente uma pequena fração da sua luz.
No caso desta nova detecção, os pesquisadores foram capazes de discernir a cauda do cometa, ou cauda de gás e poeira.
"É incrível que algo muito menor que a Terra possa ser detectado apenas pelo fato de que está emitindo muitos destroços," comenta Saul Rappaport, professor emérito de física no Instituto Kavli de Astrofísica e Pesquisa Espacial do MIT.
A detecção foi feita usando dados do telescópio espacial Kepler da NASA, que procura diminuições na luz estelar provocadas pelo trânsito de exoplanetas.
A procura de algo fora do comum que os algoritmos de computador pudessem não ter notado, foram avistados três trânsitos únicos em torno de KIC 3542116, uma estrela fraca localizada a 800 anos-luz da Terra.
Num típico trânsito planetário, a curva de luz resultante assemelha-se a um "U", com uma queda acentuada, e posteriormente um aumento igualmente acentuado, como resultado do bloqueio da luz da estrela pelo planeta. No entanto, as curvas de luz identificadas na estrela KIC 3542116 pareciam assimétricas, com um mergulho acentuado, seguido por um aumento mais gradual.
Rappaport apercebeu-se que a assimetria nas curvas de luz pareciam-se com planetas desintegrantes, com longas caudas de detritos que continuariam bloqueando parte da luz à medida que o planeta se afastava da estrela. No entanto, tais planetas desintegrantes orbitam a sua estrela, fazendo trânsitos repetidos. Em contraste, não foi observado este padrão periódico nestes trânsitos.
O único tipo de objeto que se adapta, e tem uma massa suficientemente pequena para ser destruído, é um cometa.
Os pesquisadores calcularam que cada cometa bloqueou cerca de um-décimo de 1% da luz estelar. Para fazer isto vários meses antes de desaparecer, o cometa provavelmente desintegrou-se completamente, criando um rasto de poeira espesso o suficiente para bloquear esta quantidade de luz estelar.
O fato destes seis exocometas parecerem ter transitado muito perto da sua estrela nos últimos quatro anos levanta algumas questões intrigantes, cujas respostas podem revelar algumas verdades sobre o nosso próprio Sistema Solar.
Porque existem tantos cometas nas regiões interiores destes sistemas solares? Será uma era extrema de bombardeamento? Esta foi uma parte realmente importante da formação do nosso próprio Sistema Solar e pode ter trazido água à Terra. Talvez o estudo dos exocometas nos possam dar informações sobre como os bombardeamentos ocorrem nos outros sistemas solares.
No futuro, a missão TESS (Transiting Exoplanet Survey Satellite) vai continuar o tipo de pesquisa feita pelo Kepler.
Este estudo foi publicado na revista Monthly Notices of the Royal Astronomical Society.
Fonte: Massachusetts Institute of Technology