quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Terry Lovejoy descobre novo cometa

O astrônomo amador australiano Terry Lovejoy descobriu seu quinto cometa, C/2014 Q2 (Lovejoy).

novo cometa Lovejoy

© Alain Maury e Joaquin Fabrega (C/2014 Q2)

O objeto difuso no centro é novo cometa C/2014 Q2 (Lovejoy).

Ele identificou o novo astro em 17 de agosto com um telescópio Celestron C8 equipado com uma câmera CCD em seu observatório, em Brisbane, Austrália.
Ele obteve um conjunto de três imagens onde o cometa se move ligeiramente no decorrer do tempo para a esquerda em torno da mancha difusa maior, e através da utilização de software encontrou o objeto em movimento.

conjunto de três imagens do cometa Lovejoy

© Terry Lovejoy (conjunto de três imagens do cometa Lovejoy)

A maioria do que aparece na câmera são asteroides, cometas conhecidos, ou falsos alarmes, mas não desta vez. A última descoberta de Lovejoy é um objeto difuso fraco localizado na constelação de Puppis no céu da manhã. 
A sua magnitude é fraca em torno de +15. O novo cometa será um objeto do céu austral até o final deste outono, quando ele oscila rapidamente para o norte logo na época do periélio, ou aproximação ao sol.

A descoberta de Lovejoy precisa de mais observações para melhor refinar sua órbita, mas com base em dados preliminares, o cálculo mais recente efetuada pelo Minor Planet Center com base em 24 observações estima seu periélio em 14 de fevereiro de 2015 com 265 milhões de km de diatância, e a aproximação à Terra de 150.000.000 km ocorrerá em janeiro.
Um dos cometas descoberto por Terry Lovejoy, o C/2011 W3, um Sungrazer Kreutz descoberto em novembro de 2011, passou a apenas 87 mil milhas acima da superfície do Sol. Muitos astrônomos pensaram que não iria sobreviver ao calor do Sol, mas surpreendentemente, restou material suficiente para produzir uma cauda espetacular, embora muito do seu núcleo foi queimado.

Mais recentemente, o cometa C/2013 R1 (Lovejoy) emocionou observadores, uma vez que seu brilho possibilitou uma visão à olho nu em novembro passado, conseguindo fazer o impossível no momento, desviando os olhos longe do cometa ISON.

Fonte: Universe Today

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Cometas funcionando como fábrica química

Uma equipe de cientistas liderada pela NASA criou mapas tridimensionais detalhados das atmosferas que rodeiam cometas, identificando vários gases e mapeando a sua propagação com a mais alta resolução já alcançada.

mapa 3-D de molélucas

© Brian Kent/NRAO/AUI/NSF (mapa 3-D de molélucas)

Mapa 3-D mostra o modo como as moléculas de HCN (cianeto de hidrogênio) são libertadas a partir do núcleo do cometa Lemmon e dispersadas uniformemente pela atmosfera, ou coma. Mapas similares revelaram que o HNC e o formaldeído são produzidos na coma, em vez de no núcleo do cometa.

"Conseguimos um mapeamento verdadeiramente de alto nível, de moléculas importantes que nos ajudam a compreender a natureza dos cometas," afirma Martin Cordiner, pesquisador que trabalha no setor de Astrobiologia do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado americano de Maryland. Cordiner liderou a equipe internacional de cientistas.

Quase inédita no estudo de cometas, a perspectiva 3-D fornece uma visão mais profunda sobre os materiais expelidos a partir do núcleo do cometa e sobre os materiais produzidos dentro da atmosfera (coma ou cabeleira). Isto ajudou na determinação das fontes de duas importantes moléculas orgânicas.

As observações foram realizadas em 2013 nos cometas Lemmon e ISON usando o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), uma rede de antenas de alta precisão no Chile. Estes cometas são os primeiros estudados com o ALMA.

cometa ISON

© NRAO/NASA/ALMA (cometa ISON)

A imagem acima mostra a emissão de moléculas orgânicas na atmosfera do cometa ISON. A imagem abaixo mostra a emissão de moléculas orgânicas na atmosfera do cometa ISON.

cometa Lemmon

© NRAO/NASA/ALMA (cometa Lemmon)

As observações do ALMA combinam uma imagem dos gases cometários, em 2-D e em alta resolução, com um espectro detalhado em cada ponto. A partir destes espectros, os pesquisadores podem identificar as moléculas presentes em todos os pontos e determinar as suas velocidades (velocidade e direção) ao longo da linha de visão; esta informação proporciona a terceira dimensão, a profundidade da cabeleira.

"Por isso, o ALMA não só nos permite identificar espécies moleculares individuais na coma, como também nos dá a capacidade de mapear as suas posições com grande sensibilidade," afirma Anthony Remijan, cientista do NRAO (National Radio Astronomy Observatory), uma das organizações que opera o ALMA, e co-autor do estudo.

Foram anunciados os resultados de três espécies moleculares (H2CO, HNC e HCN), incidindo-se principalmente em duas, cujas fontes têm sido difíceis de discernir (à excepção do Cometa Halley). Os mapas 3-D indicam se cada molécula seguia para fora em todas as direções e de maneira uniforme ou se eram expelidas em jatos ou em aglomerados.

Em cada cometa, a equipe descobriu que duas espécies, formaldeído (H2CO) e HNC (ácido isocianídrico - elemento composto por um átomo de hidrogênio, um de nitrogênio e um de carbono), foram produzidas na cabeleira. Para o formaldeído, isto confirma o que os já se suspeitava, mas os novos mapas contêm detalhes suficientes para produzir aglomerados de material que se move para regiões diferentes da cabeleira de dia para dia e até mesmo de hora em hora.

Para o HNC, os mapas resolveram uma questão de longa data sobre a origem do material. Inicialmente, pensava-se que o HNC era material interestelar pristino proveniente do núcleo do cometa, mas trabalhos posteriores sugeriram outras possíveis fontes. O novo estudo forneceu a primeira prova de que o HNC é produzido durante a decomposição de grandes moléculas ou poeira orgânica na cabeleira.

"A compreensão da poeira orgânica é importante, porque estes materiais são mais resistentes à destruição durante a entrada na atmosfera, e alguns podem ter sido entregues, intactos, à Terra primitiva, favorecendo desta maneira o aparecimento da vida," afirma Michael Mumma, diretor do Centro Goddard para Astrobiologia e co-autor do estudo. "Estas observações abrem uma nova janela sobre este componente pouco conhecido da química orgânica dos cometas."

As observações são também importantes porque cometas modestos como o Lemmon e o ISON contêm concentrações relativamente baixas de moléculas cruciais, o que os torna difíceis de estudar em profundidade com telescópios terrestres. Os poucos estudos compreensivos deste gênero têm sido realizados em cometas brilhantes e de grande sucesso como o Hale-Bopp. Estes resultados estendem-se até cometas de brilho apenas moderado.

O estudo foi publicado na revista Astrophysical Journal Letters.

Fonte: NASA

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sonda Rosetta aproxima da órbita de cometa

Após uma jornada de uma década caçando seu alvo pelo Sistema Solar, a sonda Rosetta da Agência Espacial Europeia (ESA) tornou-se ontem, 6 de Agosto de 2014 a primeira sonda na história a se aproximar e iniciar o processo de inserção na órbita de um cometa, abrindo assim um novo capítulo na exploração do Sistema Solar.

cometa periódico Churyumov-Gerasimenko

© Rosetta (cometa periódico Churyumov-Gerasimenko)

A imagem mostra o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko através da câmera OSIRIS de ângulo estreito da Rosetta em 3 de agosto a uma distância de 285 km. A resolução da imagem é de 5,3 metros por pixel.

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, e a sonda Rosetta, estão agora a cerca de 405 milhões de quilômetros de distância da Terra, cerca de metade do caminho entre a órbita de Júpiter e Marte, vagando pelo Sistema Solar interno a uma velocidade de 55.000 quilômetros por hora.

O cometa tem uma órbita elíptica com período de 6,5 anos que tem seu ponto mais distante do Sol um pouco além da órbita de Júpiter e seu ponto mais próximo do Sol numa posição entre as órbitas de Marte e da Terra. A Rosetta acompanhará o cometa por um pouco mais de um ano enquanto ele passa ao redor do Sol e volta em direção a Júpiter.

Cometas são considerados os blocos fundamentais primitivos do Sistema Solar e podem ter ajudado a semear a Terra com água e talvez, até mesmo com os ingredientes fundamentais para o surgimento da vida em nosso planeta. Mas muitas questões fundamentais sobre esses enigmáticos objetos ainda permanecem sem resposta, e através de um estudo compreensivo e próximo do cometa, a sonda Rosetta ajudará a desvendar os segredos desses fantásticos objetos.

A jornada em direção ao cometa não foi algo tranquilo e direto. Desde o seu lançamento em 2004, a sonda Rosetta passou por três assistências gravitacionais pelo planeta Terra e uma por Marte, para ajudá-la a seguir no curso do cometa e realizar a aproximação com segurança. Essa complexa trajetória também permitiu que a Rosetta passa-se pelos asteroides Stein e Lutetia, obtendo imagens e dados científicos sem precedentes sobre esses dois objetos na história da exploração espacial.

“Depois de 10 anos, 5 meses e 4 dias, viajando em direção ao seu destino, passando pelo Sol por cinco vezes e varrendo 6,4 bilhões de quilômetros na sua jornada, nós estamos animados em anunciar que finalmente chegamos”, disse Jean-Jacques Dordain, diretor geral da ESA.

Esta é a última de uma série de dez manobras de aproximação que começaram em Maio de 2014, com o objetivo de ajustar a velocidade da Rosetta e a sua trajetória gradativamente para poder se ajustar à trajetória e à velocidade do cometa. Se uma dessas manobras falhassem, a missão estaria perdida, e a sonda poderia simplesmente passar direto pelo cometa.

atividade no cometa Churyumov-Gerasimenko

© Rosetta (atividade no cometa Churyumov-Gerasimenko)

A imagem acima mostra a atividade do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em 2 de agosto de 2014. A imagem com resolução de 55 metros por pixel foi feita pela câmera OSIRIS de grande angular da Rosetta a partir de uma distância de 550 km. O tempo de exposição da imagem foi de 330 segundos, o núcleo do cometa está saturado para explorar o detalhe da atividade cometa.

O cometa começou a revelar sua personalidade enquanto a Rosetta estava na sua aproximação. Imagens feitas pelas câmeras do instrumento OSIRIS entre o final de Abril de 2014 e o começo de Junho de 2014 mostravam que sua atividade era variável. A coma do cometa, ou seja, um envelope extenso de gás e poeira, tornou-se rapidamente mais brilhante e então se apagou novamente no decorrer dessas seis semanas.

No mesmo período, as primeiras medidas do instrumento de micro-ondas do módulo orbital Rosetta, o MIRO, sugeria que o cometa estava emitindo vapor d’água no espaço a uma taxa de aproximadamente 300 mililitros por segundo.

Enquanto isso, o Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer (VIRTIS) media a temperatura média do cometa de cerca de -70º C, indicando que a sua superfície era predominantemente escura e empoeirada.

Então, imagens espetaculares feitas a uma distância de cerca de 12.000 km do cometa começaram a revelar que o seu núcleo era composto de dois distintos segmentos, unidos por um pescoço, dando ao cometa a aparência de um pato. Imagens subsequentes mostraram mais e mais detalhes do cometa.

Atualmente, a Rosetta está a apenas 100 km da superfície do cometa, mas ela ainda ficará mais perto. Nas próximas 6 semanas, ela irá descrever trajetórias em forma de triângulo na frente do cometa, primeiro a uma distância de 80 km e então a 50 km de sua superfície.

Ao mesmo tempo, mais instrumentos fornecerão estudos científicos detalhados do cometa, vasculhando sua superfície com o objetivo de encontrar o melhor lugar para o pouso do módulo Philae.

Eventualmente, a Rosetta fará uma órbita quase circular a cerca de 30 km de distância do cometa e dependendo da atividade do cometa, tentará até mesmo uma órbita mais próxima ainda.

“A chegada no cometa é na verdade apenas o começo de uma aventura ainda maior, com maiores desafios que ainda estão por vir, para que nós possamos aprender como operar uma nave num ambiente tão hostil, começar a órbita e eventualmente pousar no cometa”, disse Sylvain Lodit, gerente de operações da sonda Rosetta da ESA.

Ao menos cinco possíveis locais para pouso serão identificados até o final de Agosto de 2014, antes que o local real seja definido até meados de Setembro de 2014. O tempo final para a sequência de eventos para enviar o módulo de pouso Philae, com pouso previsto para 11 de Novembro, será confirmado em meados do mês de Outubro de 2014.

“No decorrer dos próximos meses, além de caracterizar o núcleo do cometa e programar o resto da missão, nós começaremos os preparativos finais para outro momento único na história, pousar num cometa”, disse Matt Taylor, cientista de projeto da Rosetta.

“Após pousar o módulo Philae no cometa, a sonda Rosetta continuará a acompanhá-lo até a sua maior aproximação com o Sol em Agosto de 2015 e além disso, observando assim o seu comportamento bem de perto, nos dando pela primeira vez uma ideia e uma experiência em tempo real de como um cometa se comporta quando chega perto do Sol”.

Fonte: ESA

sábado, 2 de agosto de 2014

Medida temperatura da superfície de cometa

Dados obtidos pelo espetrômetro VIRTIS (Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer) da sonda Rosetta revelam que a superfície do núcleo do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko tem uma temperatura média global de -70º C.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© Rosetta/OSIRIS (cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko)

A imagem acima mostra o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko visto pelo sistema de imagem OSIRIS da sonda Rosetta, no dia 1 de Agosto de 2014, a uma distância de 1.000 quilômetros.

As observações foram realizadas entre 13 e 21 de julho, quando o cometa se encontrava a cerca de 555 milhões de quilômetros de distância do Sol, aproximadamente 3 vezes a distância média entre a Terra e o Sol. Ele ainda está praticamente a um ano antes que ele atinja o periélio - a sua distância mais próxima do Sol - em 13 de agosto de 2015, onde estará a 185 milhões km, entre as órbitas de Marte e da Terra.

O valor é cerca de 20 a 30º superior ao previsto para um cometa a essa distância, com uma superfície exclusivamente formada por gelo, pelo que o núcleo de 67P/Churyumov–Gerasimenko deve estar coberto por uma crosta escura e poeirenta.

“Este resultado é muito interessante, uma vez que nos dá as primeiras pistas sobre a composição e propriedades da superfície do cometa”, afirmou o pesquisador principal do instrumento VIRTIS, Fabrizio Capaccioni, do INAF-IAPS, Roma (Itália).

A descoberta não é, de forma alguma, inesperada. Observações realizadas a partir da Terra tinham já revelado que o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko tem uma baixa refletividade, o que excluía inicialmente a possibilidade de uma superfície inteiramente coberta por gelo puro. As medições obtidas pelo espetrômetro VIRTIS confirmam que grande parte da superfície deve ser poeirenta, porque os materiais mais escuros aquecem mais facilmente, e irradiam calor com maior rapidez que o gelo quando expostos à luz solar.

“Isto não exclui a presença de manchas de gelo relativamente puro, no entanto, em breve, o VIRTIS será capaz de começar a gerar mapas com a temperatura de áreas individuais”, acrescentou Capaccioni.

O espetrômetro de infravermelho da Rosetta irá conseguir ainda medir variações nas temperaturas diurnas de áreas específicas do cometa, o que permitirá determinar a rapidez com que a superfície reage à iluminação solar, e consequentemente fornecer informações precisas sobre a condutividade térmica, a densidade e a porosidade da superfície até a uma profundidade de algumas dezenas de centímetros. O VIRTIS irá também registar a evolução das temperaturas superficiais do núcleo do cometa, à medida que este viaja nas proximidades do periélio, o ponto em que a radiação do Sol será significativamente mais intensa.

A imagem abaixo mostra o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko visto pelo sistema de imagem OSIRIS da sonda Rosetta, no dia 25 de Julho de 2014.

coma do cometa Churyumov-Gerasimenko

© Rosetta/OSIRIS (coma do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko)

“Em combinação com as observações dos outros 10 instrumentos científicos da Rosetta e da sonda de superfície Philae, o VIRTIS irá fornecer uma descrição detalhada das propriedades físicas da superfície e dos gases da coma do cometa, observando como as condições variam diariamente e à medida que o cometa viaja ao redor do Sol, ao longo do próximo ano”, disse o responsável do projeto Rosetta, Matt Taylor. “Com apenas alguns dias até à nossa chegada a apenas 100 quilômetros de distância do cometa, estamos cheios de entusiasmo para começar a analisar este fascinante pequeno mundo com cada vez maior detalhe.”

Fonte: ESA

domingo, 27 de julho de 2014

Uma imagem incrível do cometa Jacques

Uma foto incrível do cometa Jacques!

cometa Jacques e nebulosa IC 405

© Rolando Ligustri (cometa Jacques e nebulosa IC 405)

O astrônomo amador italiano Rolando Ligustri obteve esta imagem no dia 26 de Julho usando um telescópio remoto no Novo México e de campo amplo de 4 polegadas (106 mm) refrator.

Atualmente, o cometa C/2014 E2 Jacques é o mais brilhante no céu com magnitude 6,5, ele foi lentamente saindo do crepúsculo matutino em um céu mais escuro ao longo das últimas duas semanas. Na manhã de ontem, ela passou a nebulosa da Estrela Flamejante, na constelação de Auriga. Juntos, a nebulosa e visitante conspiraram para efetuar uma rara demonstração de pontuação celeste. A IC 405 é uma combinação nebulosa de emissão e reflexão. A sua luminosidade provém da luz das estrelas refletindo grãos de poeira cósmica, mas os resultados vermelhos profundos de hidrogênio excitado pela fluorescência por luz ultravioleta poderosa dessas mesmas estrelas. A profundidade de campo dentro da imagem é enorme: a nebulosa encontra-se 1.500 anos-luz de distância, o cometa a uns meros 180 milhões de quilômetros ou 75 milhões de vezes mais perto. Coincidentemente, o cometa também brilha de maneira similar. A curta cauda de poeira à esquerda da coma é a luz solar refletindo os grãos minúsculos de poeira aquecidos do núcleo. A cauda iônica longa e reta é composta principalmente de monóxido de carbono no gás fluorescente sob influência da luz ultravioleta orinda do Sol.

Como o cometa Jacques caminha em direção a sua maior aproximação à Terra no final de Agosto, está gradualmente ganhando velocidade a partir de nossa perspectiva e subindo mais alto no céu da manhã. Uma semana atrás, o crepúsculo tinha 10º. Agora, o cometa está a cerca de 20º de altura acima do horizonte nordeste em torno das 04:00 hs. O cometa pode ser visto sem nenhuma dificuldade como uma pequena “estrela difusa” com binóculos de 10x50. Com telescópios maiores é possível notar nuances interessantes do cometa.

cometa Jacques

© Michael Jaeger (cometa Jacques)

Uma perspectiva diferente do cometa Jacques obtida nesta imagem negativa acima enfatiza detalhes da cauda do cometa, foi realizada no dia 26 de Julho desta semana com um telescópio de 8 polegadas (20 cm).

Fonte: Universe Today

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Um cometa com núcleo duplo?

Parece que o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko tem um núcleo duplo.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko)

As imagens obtidas Rosettaem 14 de julho pela câmara OSIRIS a partir da sonda Rosetta mostram claramente que o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko parece ter duas partes que se tocam, o que poderia alterar os planos do pouso do módulo Philae na superfície do cometa, prevista para 11 de Novembro deste ano, pois poderia ser mais difícil devido esta forma restringir zonas de pouso em potencial.

O núcleo do cometa é claramente um binário de contato com dois constituintes menores, e de tamanhos diferentes. O núcleo tem um período de rotação de cerca de 12,4 horas, e uma dimensão de 4 km por 3,5 km. Os dois componentes teriam entrado em contato a uma velocidade relativa de cerca de 3 metros por segundo.

Formas irregulares e alongados não são incomuns para pequenos corpos como asteroides e cometas. Dos cinco núcleos de cometas que foram visitados por espaçonaves em voos rasantes até agora, todos estão longe de serem esféricos. 
A sonda Rosetta até seu encontro em 6 de Agosto, mostrará mais detalhes do cometa. Nos próximos meses, os cientistas esperam determinar mais informações sobre as propriedades físicas e mineralógicas do cometa, propiciando concluir se o corpo do cometa era realmente constituído por duas partes individuais.

Fonte: Max Planck Institute for Solar System Research

sábado, 7 de junho de 2014

O cometa PanSTARRS e a galáxia NGC 3319

Varrendo vagarosamente pelos céus do norte, o cometa PanSTARRS C/2012 K1, posa para esse retrato telescópico feito no dia 2 de Junho de 2014 na constelação de Ursa Maior.

o cometa PanSTARRS e a galáxia NGC 3319

© Alessandro Falesiedi (o cometa PanSTARRS e a galáxia NGC 3319)

Agora, dentro do Sistema Solar interno, o corpo congelado da Nuvem de Oort, apresenta duas caudas, uma cauda mais brilhante e vasta de poeira e uma cauda iônica que se estende abaixo e a direita. A coma esverdeada condensada do cometa faz um belo contraste  com o fundo estelar amarelado acima. A galáxia espiral NGC 3319 aparece na parte superior esquerda da imagem que se espalha por quase duas vezes o diâmetro aparente da Lua Cheia. A galáxia está a cerca de 47 milhões de anos-luz de distância, muito além das estrelas da Via Láctea. Em comparação, o cometa está a meros 14 minutos-luz do nosso planeta. Esse cometa PanSTARRS lentamente ganhará brilho com o passar dos meses, se tornando um belo alvo para os observadores de cometas, e atingirá o periélio, ou seja, o ponto da sua órbita mais próximo do Sol, enquanto estará um pouco além da órbita da Terra no final do mês de Agosto de 2014.

Fonte: NASA

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Rosetta vê sinais de atividade em cometa

O cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, o destino da missão Rosetta, começou a revelar a sua verdadeira personalidade nas últimas semanas.

sequência de imagens do cometa Churyumov–Gerasimenko

© ESA (sequência de imagens do cometa Churyumov–Gerasimenko)

Uma sequência de imagens vistas acima foram obtidas pela sonda Rosetta entre 27 de março e 4 de maio, mostrando o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko movendo-se contra um fundo de estrelas na constelação do Ofiúco. Durante esse período, a Rosetta reduziu a distância que a separa do cometa de 5 para 2 milhões de quilômetros.

Imagens recentemente obtidas pela sonda europeia mostram claramente o desenvolvimento de uma coma com aproximadamente 1.300 quilômetros de diâmetro. Para comparação, o núcleo tem cerca 4 quilômetros de diâmetro.

“Está começando a parecer-se com um verdadeiro cometa”, afirmou Holger Sierks, pesquisador principal do OSIRIS, o sistema de imagem da Rosetta. “Custa a acreditar que dentro de alguns meses a Rosetta estará no interior desta nuvem de poeira, a caminho da origem da atividade do cometa.”

A formação da coma é uma consequência da progressiva aproximação do cometa ao periélio da sua órbita. Apesar de se encontrar a mais de 600 milhões de quilômetros de distância do Sol (aproximadamente quatro vezes a distância que separa o Sol do nosso planeta), o núcleo de 67P/Churyumov–Gerasimenko começou já a aquecer o suficiente para que os gelos aprisionados na sua superfície comecem a sublimar. À medida que o gás escapa para o espaço, arrasta consigo uma nuvem de pequenas partículas de poeira, que se expande para criar a coma.

Estas imagens tem sido usadas pela equipe da missão para determinar a trajetória exata da Rosetta na sua viagem em direção ao seu destino. As observações têm permitido ainda rastrear variações periódicas no brilho do cometa. Os dados até agora reunidos revelaram que o núcleo tem um período de rotação de 12,4 horas, aproximadamente 20 minutos mais curto que o assumido anteriormente.

“Estas primeiras observações estão auxiliando no desenvolvimento de modelos do cometa que irão ser essenciais para nos ajudar a navegar ao seu redor”, explica Sylvain Lodiot, gerente operacional da missão Rosetta. A sonda europeia iniciou já a série de manobras que irão alinhar a sua trajetória com a do cometa. O encontro definitivo ocorrerá na primeira semana de Agosto, quando a Rosetta alcançará a altitude mínima de 183 quilômetros.

Fonte: ESA

sexta-feira, 28 de março de 2014

Cometa C/2013 A1 emite dois jatos de poeira

A NASA divulgou uma imagem do cometa C/2013 A1, que em 19 de Outubro de 2014, passará a 135 mil quilômetros de Marte, menos do que a metade da distância entre a Terra e a Lua.

cometa Siding Spring

© Hubble (cometa Siding Spring)

A imagem da esquerda, capturada em 11 de Março de 2014 pelo telescópio espacial Hubble da NASA, mostra o cometa C/2013 A1, também chamado de Siding Spring, a uma distância de 568 milhões de quilômetros da Terra. O Hubble não pode ver o núcleo congelado do cometa, devido ao seu pequeno tamanho. O núcleo é envolto por uma nuvem de poeira brilhante, a coma, que mede cerca de 19,3 mil quilômetros de diâmetro.

A imagem da direita mostra o cometa depois da imagem ter sido processada. Técnicas de processamento foram aplicadas para remover o brilho da coma, revelando o que parece ser dois jatos de poeira vindos de um local no núcleo e sendo emitidos em direções opostas. Essa observação deve permitir que os astrônomos possam medir a direção do polo do núcleo, e o seu eixo de rotação.

O Hubble também observou o Siding Spring no dia 21 de Janeiro de 2014, enquanto a Terra cruzava seu plano orbital, que é a trajetória do cometa enquanto ele orbita o Sol. Essa posição relativa entre os dois corpos permitiu que os astrônomos pudessem determinar a velocidade da poeira que está sendo expelida do núcleo do cometa.

“Essa é uma informação crítica que nós precisamos saber para determinar, se, e qual o grau, os grãos de poeira na coma do cometa impactarão Marte e as sondas que estão na sua vizinhança”, disse Jian-Yang Li do Planetary Science Institute em Tucson, no Arizona.

Descoberto em Janeiro de 2013 por Robert H. MacNaught, no Observatório de Siding Spring, o cometa está indo em direção ao Sol ao longo de sua órbita de aproximadamente 1 milhão de anos e está agora dentro do raio da órbita de Júpiter. O cometa fará sua maior aproximação do Sol, em 25 de Outubro de 2014, passando a uma distância de 209 milhões de quilômetros, bem fora da órbita da Terra. Não se espera que o cometa torne-se brilhante o suficiente para ser visível a olho nu.

Fonte: NASA

Registro do cometa Churyumov-Gerasimenko

A sonda Rosetta registrou a primeira imagem de seu cometa de destino desde que acordou de seu sono cósmico.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA (cometa Churyumov-Gerasimenko)

O cometa é o pequeno círculo ao lado do aglomerado globular M107. As primeiras imagens do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko foram feitas nos dias 20 e 21 de Março de 2014 com a câmera de grande angular e pela câmera de ângulo estreito do instrumento da sonda chamado Optical, Spectroscopic and Infrared Remote Imaging System (OSIRIS). A Rosetta, é uma missão internacional liderada pela Agência Espacial Europeia (ESA) com suporte e instrumentos fornecidos pela NASA.

As duas imagens foram feitas a uma distância de cerca de cinco milhões de quilômetros e necessitou uma série de exposições de 60 a 300 segundos, feitas com as câmeras de ângulo estreito e de grande angular. O imageamento do 67P/Churyumov-Gerasimenko é parte de seis semanas de atividades dedicadas para preparar os instrumentos científicos da sonda para o estudo mais detalhado do cometa que está por vir. A sonda Rosetta está viajando pelo Sistema Solar por 10 anos, e alcançará o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em Agosto desse ano.

A sonda Rosetta foi reativada em 20 de Janeiro de 2014 depois de 957 dias de hibernação. Os três instrumentos norte-americanos a bordo da Rosetta, são o Microwave Instrument for the Rosetta Orbiter, Alice (um espectrógrafo de imageamento ultravioleta) e o Ion and Electron Sensor.

Fonte: NASA

sexta-feira, 14 de março de 2014

Grupo brasileiro descobre mais um cometa

A União Astronômica Internacional (IAU) acaba de confirmar a descoberta do cometa C/2014 E2 Jacques.

cometa Jacques

© Remanzacco Observatory (cometa Jacques)

A imagem acima foi obtida remotamente pelo iTelescope, em Siding Spring, em 13 de março de 2014, mostrando que o objeto é um cometa, apresentando uma coma brilhante com diâmetro de cerca de 2 arcmin. O objeto foi designado provisoriamente como S002692, sendo identificado em imagens obtidas na noite de 12 de março de 2014, com 15ª magnitude.

O cometa Jacques é o segundo descoberto pelos astrônomos brasileiros Cristovão Jacques, Eduardo Pimentel e João Ribeiro de Barros por intermédio do Observatório SONEAR (Southern Observatory for Near Earth Asteroids Research), localizado em Oliveira (Minas Gerais).

O primeiro cometa, o C/2014 A4 SONEAR, foi descoberto pelo grupo no dia 12 de janeiro de 2014. Naquela ocasião, os astrônomos amadores liderados por Cristóvão Jacques haviam identificado o objeto, mas não tinham certeza de sua natureza cometária. Quando isso acontece, as regras de nomenclatura sugerem que o cometa leve o nome do observatório que primeiro reportou sua existência. Por isso, ele se tornou o cometa SONEAR. Nesta segunda descoberta, prontamente foi possível identificar uma coma, ou seja, uma atmosfera tênue em volta do objeto, devido à evaporação de material volátil. Consequentemente, após outros astrônomos espalhados pelo mundo confirmarem a descoberta, o cometa foi batizado oficialmente de C/2014 E2 Jacques, constando o nome de seu descobridor.

O sistema de buscas implementado pelo SONEAR é eficiente, e devido a  pouca concorrência de observatórios buscadores destes astros no hemisfério Sul, o grupo com certeza fará novas descobertas.

Fonte: SONEAR e Remanzacco Observatory

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Descoberto cometa genuinamente brasileiro

Utilizando um telescópio instalado no interior de Minas Gerais, um grupo de brasileiros conseguiu detectar e confirmar a descoberta do primeiro cometa brasileiro em território nacional.

cometa SONEAR

© Remanzacco Observatory (C/2014 A4 SONEAR)

Lembrando que, no dia 26 de fevereiro de 1860, o cometa Olinda foi descoberto pelo astrônomo francês Emmanuel Liais, que estava a serviço do Observatório Imperial de Paris. A descoberta foi feita no observatório do Alto da Sé, situado em Olinda, Pernambuco, Brasil. Foi o primeiro cometa descoberto na América do Sul e era o único cometa descoberto em território brasileiro. Em 1882 foi descoberto também em território nacional o cometa C/1882 R1 Cruls pelo belga, naturalizado brasileiro, Louis Ferdinand Cruls do Observatório Imperial do Rio de Janeiro. Apesar de existirem alguns registros anteriores ao de Cruls, o Observatório Imperial foi o primeiro a medir a posição e divulgar à comunidade científica por meio de mensagem telegráfica enviada aos editores da revista L'Astronomie. O brasileiro Paulo Holvorcem descobriu vários objetos, sendo dois cometas de maneira solidária, porém as descobertas ocorreram fora do Brasil.

Agora, um cometa genuinamente brasileiro, denominado de C/2014 A4 SONEAR, o objeto foi descoberto pelos astrônomos brasileiros Cristovão Jacques, Eduardo Pimentel e João Ribeiro de Barros a partir de imagens feitas no dia 12 de janeiro de 2014, como um objeto de magnitude 18 localizado na constelação da Pomba (Columba). Os registros foram obtidos através de um telescópio de 457 mm (18"), com câmera CCD acoplada, instalado no observatório SONEAR (Southern Observatory for Near Earth Asteroid Research), localizado na cidade mineira de Oliveira.

A detecção do objeto, que inicialmente tinha um aspecto asteroidal, foi primeiramente submetida à União Astronômica Internacional (IAU), e diversos astrônomos passaram a executar as medições (astrometria) do novo objeto antes que a descoberta fosse confirmada.

Em 13 de janeiro, um dia após a detecção inicial, os astrônomos Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini, ligados ao Observatório Remanzacco, na Itália, coletaram 19 imagens a partir de um telescópio robótico instalado em Siding Spring, na Austrália, confirmando a existência de uma pequena coma ligeiramente elongada no sentido norte-este, que pode ser vista na imagem acima.

Outra série de 25 exposições feitas no dia 14 de janeiro também confirmou que o objeto descoberto era de fato um cometa, com uma difusa coma de 8 arcosegundos de diâmetro.

Finalmente, após 3 dias de observações, em 16 de janeiro de 2014 a IAU confirmou a descoberta dos astrônomos brasileiros, batizando oficialmente de C/214 A4 SONEAR o primeiro astro desse tipo descoberto no Brasil por brasileiros.

De acordo com os recentes elementos orbitais, C/214 A4 SONEAR é um cometa de orbita parabólica, provavelmente originado na nuvem de Oort. Quando detectado, se encontrava a cerca de 5,68 UA (Unidade Astronômica, equivalente a cerca de 149,5 milhões de km) da Terra e 6,33 UA do Sol, com órbita altamente inclinada de 121 graus. Ele atingirá o periélio em 11 de setembro de 2015, quando passará a 3,82 UA do Sol, cerca de 571 milhões de quilômetros.

Fonte: SONEAR e Remanzacco Observatory