sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O pouso no cometa do módulo Philae

O módulo Philae pousou ao lado da parede de um penhasco.

local de pouso no cometa

© Philae (local de pouso no cometa)

Há indicativos de que ele não está paralelo com o chão e uma das pernas do trem de pouso está suspensa no vácuo. Ele está estável, mas numa posição delicada, que deve inspirar cuidados.

O módulo quicou duas vezes na superfície do cometa antes de se estabilizar no solo, após a terceira descida. Segundo dados do instrumento ROMAP, que avalia o campo magnético, o primeiro toque no solo ocorreu às 13:34 hs, a uma velocidade de 1 m/s.

aproximação da superfície do cometa

© Philae (aproximação da superfície do cometa)

A imagem acima mostra a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, obtida pela câmara ROLIS do Philae, a 40 metros de altitude, em Agilkia.

A seguir, o módulo Philae quicou de volta para cima a 38 cm/s e flutuou por cerca de 1 km, até voltar a tocar o chão às 15:25 hs. Sofreu novo rebote, desta vez a meros 3 cm/s, e voltou a pousar às 15:32 hs, desta vez para ficar. A débil gravidade do astro propiciou saltos suaves, sem causar danos ao veículo. O cometa tem uma gravidade de aproximadamente 1/10.000 da da Terra, e a sua velocidade de escape é cerca de 0,5 m/s. O Philae aterrissou com o dobro desta velocidade, pois os ressaltos eram uma preocupação.

Novas estimativas com base na telemetria dão conta de que o Philae está recebendo só 1h30 de exposição solar por rotação, o que é muito pouco se comparado à expectativa original, que em torno de 6 a 7 hs. Os engenheiros tentarão fazer pequenos movimentos que realinhem melhor o módulo, de forma a melhorar esse desempenho. Mas a situação não parece favorável para observações de longo prazo. Entretanto, oito dos dez instrumentos do Philae estão operando. Os outros dois, o APXS (Alpha Proton X-ray Spectrometer) e o sistema de perfuração, foram temporariamente desligados porque ambos envolvem contato com a superfície e os engenheiros estão preocupados em desestabilizar a orientação aparentemente precária do módulo.

Fonte: ESA

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Módulo Philae pousa na superfície de cometa

O módulo Philae pousou hoje na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko!

Agilkia, local de pouso do módulo Philae

© Rosetta (Agilkia, local de pouso do módulo Philae)

A imagem acima é um mosaico de quatro fotos individuais captadas, em 6 de novembro, pela NavCam instalada na sonda Rosetta, a partir de uma distância de 30,5 km do centro do cometa.

A sonda Rosetta da ESA (Agência Espacial Europeia) chegou ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko no dia 6 de Agosto de 2014, após uma viagem de uma década. O que encontrou foi chocante. O núcleo do cometa tem uma forma estranha, parecendo um pato de borracha, dominada por um par de lóbulos unidos por um "pescoço" repleto de pedregulhos. A escolha de um local de pouso não seria fácil. A Rosetta passou mais de um mês coletando dados do cometa para cientistas tomarem a sua decisão.

"Nenhum dos locais candidatos preenchia os critérios operacionais a 100%," afirma Stephan Ulamec, gerente do projeto Philae no DLR (Centro Aeroespacial Alemão). O local escolhido, denominado Agilkia, é claramente a melhor solução. Agilkia é um local relativamente plano, sem pedregulhos, no lóbulo mais pequeno do cometa. Recebe muita luz solar para os painéis do Philae e tem uma boa linha de visão para comunicações com a Rosetta que orbita acima.

O módulo Philae deixou a sonda Rosetta a partir de uma altura de 22,5 km à medida que o cometa girava livremente abaixo. Sem navegação ativa durante a lenta descida, que consumiu cerca de 7 horas.

módulo a 3km de Agilkia

© Philae (módulo a 3km de Agilkia)

A imagem mostra o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, adquirida pelo instrumento Rolis no módulo Philae durante a descida em 12 de novembro de 2014 14:38:41 UT a uma distância de cerca de 3 km da partir da superfície. O local de pouso foi fotografada com uma resolução de cerca de 3m por pixel.

O módulo Philae pousou com sucesso na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko às 13:35 hs do dia 12 de novembro de 2014, tornando-se o primeiro artefato humano a realizar um pouso suave num astro desse tipo. O pouso foi confirmado às 14:03 hs, 28 minutos após, sendo o tempo que leva para que os sinais de rádio da sonda atravessem os 511 milhões de quilômetros que a separam da Terra. A ESA, através de dados da telemetria, informou que o pouso do módulo Philae foi muito suave e momentaneamente está estável, mas os arpões não dispararam, assim como o sistema de descida ativa, que já parecia estar defeituoso na checagem antes do pouso. As operações em solo continuam, e os engenheiros estudam a possibilidade de tentar redisparar os arpões, para garantir que o módulo permaneça fixado à superfície.

Ao longo dos próximos dias, o veículo estudará de perto o cometa, em busca de informações sobre a formação dos planetas do Sistema Solar e possivelmente sobre a origem da vida na Terra.

Um conjunto de 10 sensores no módulo, incluindo uma broca para obtenção de amostras e um instrumento acústico para analisar a estrutura sub-superficial do cometa serão utilizados num estudo sem precedentes de um cometa à "queima-roupa".

A aterrissagem bem-sucedida do Philae foi um feito incrível para a humanidade!

Fonte: ESA

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Aumento da atividade de cometa

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko está mostrando um gradativo, mas claro aumento na sua atividade, como pode ser visto nas últimas imagens fornecidas pela equipe do instrumento OSIRIS.

superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko)

A imagem acima do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko foi obtida em 10 de setembro de 2014, mostra jatos sendo emitidos ao longo de quase todo o corpo do cometa.

Enquanto as imagens obtidas a poucos meses atrás mostravam jatos distintos de poeira deixando o cometa, esses estavam limitados para a região do pescoço do cometa. As imagens mais recentes obtidas pelo sistema de imageamento científico da sonda Rosetta, OSIRIS, mostra que a poeira está sendo emitida ao longo de quase todo o corpo do cometa. Jatos também têm sido detectados no lobo menor do cometa.

“Nesse ponto, nós acreditamos que uma grande fração da superfície iluminada do cometa está mostrando algum nível de atividade”, disse o cientista Jean-Baptiste Vincent do OSIRIS e do Max Planck Insitute for Solar System Research (MPS) na Alemanha.

A partir dessas imagens, a equipe quer derivar um melhor entendimento da evolução da atividade cometária e do processo físico que a guia.

“Com a capacidade de monitorar essas emissões pela primeira vez poderemos ter muito mais ideias detalhadas”, disse o principal pesquisador do OSIRIS Holger Sierks. “Mas uma imagem sozinha não pode nos contar a história completa, a partir de uma imagem nós não podemos discernir exatamente de onde na superfície um jato surge”.

superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko)

Esta imagem, obtida em 20 de outubro de 2014, traz detalhes dos jatos decorrentes de uma distância de 7,2 quilômetros da superfície do cometa.

Ao invés disso, os pesquisadores comparam imagens de uma mesma região feita de ângulos diferentes, com o objetivo de reconstruir uma estrutura tridimensional dos jatos. E, desde que sob condições normais o núcleo do cometa se sobrepõe aos jatos, as imagens precisam ser drasticamente expostas para revelar os detalhes dos jatos.

Enquanto que a atividade geral do 67P/Churyumov-Gerasimenko está aumentando claramente, o local de pouso designado da missão no lobo menor ainda permanece relativamente tranquilo. Contudo, existem indicativos que novas áreas ativas estão surgindo a cerca de um quilômetro do local do pouso do módulo Philae. Isso permitirá que os instrumentos do Philae estudem a atividade do cometa de muito mais próximo e com muito mais detalhe.

O 67P/Churyumov-Gerasimenko está a cerca de 470 milhões de quilômetros do Sol. Com base na rica história de observações com telescópios na Terra, os cientistas esperam um aumento significativo na atividade do cometa quando ele atingir uma distância de cerca de 300 milhões de quilômetros do Sol, esse momento deve ocorrer no final do mês de Março de 2015.

Fonte: ESA

domingo, 19 de outubro de 2014

Messier 6 e o Cometa Siding Spring

Na imagem abaixo, parece que o cometa errou por pouco o aglomerado estelar, mas a coma esverdeada e acuada do cometa Siding Spring (C/2013 A1) estão na realidade a cerca de 2.000 anos-luz de distância das estrelas do aglomerado estelar aberto Messier 6 (M6).

M6 e cometa Siding Spring

© Rolando Ligustri (M6 e cometa Siding Spring)

Os dois objetos parecem próximos por estarem na mesma linha de visão quando foram fotografados no dia 9 de Outubro de 2014, quando eles se encontravam na constelação de Scorpius. Hoje, o cometa estará realmente próximo do planeta Marte, passando a cerca de 139.500 quilômetros de distância da superfície do Planeta Vermelho. Essa distância é cerca de 10 vezes mais próxima do que qualquer outro objeto que já passou perto da Terra, e cerca de um terço da distância entre a Terra e a Lua.

Tal espectáculo nunca foi visto na história registada do planeta Terra. A passagem mais próxima e confirmada de um grande cometa pelo nosso planeta foi a do Cometa D/1770 L1 Lexell, que passou a mais de 15 vezes a distância entre o Siding Spring e Marte, a 2,2 milhões de quilômetros da Terra no dia 1 de Julho de 1770. Há que realçar que uma passagem cometária ainda mais próxima em 1491 permanece não confirmada.

Em tempos mais recentes, o Cometa Hyakutake passou a 15,8 milhões de quilômetros da Terra no dia 25 de Março de 1996, com uma cauda que abrangia metade do céu a partir de um local escuro, e os observadores cometários de longa data podem estar recordados da passagem do Cometa IRAS-Araki-Alcock em 1983, que passou a apenas 4,7 milhões de quilômetros da Terra.

O impacto entre o cometa e o planeta é algo que não vai acontecer, mas a poeira do cometa se movendo a uma velocidade de 56 km/s com relação a Marte, além de partes de sua coma gasosa, irão interagir com a fina atmosfera marciana. Obviamente o encontro imediato entre o cometa e planeta será seguido de perto pelas sondas na órbita de Marte e pelos rovers na sua superfície.

Fonte: NASA e Universe Today

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Pedaço de rocha na superfície de cometa

O sistema de imageamento científico OSIRIS a bordo da sonda Rosetta da ESA registrou uma imagem espetacular de um dos muitos pedaços de rochas que cobrem a superfície do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

localização do pedregulho Quéops

© ESA (localização do pedregulho Quéops)

Com uma dimensão máxima de aproximadamente 45 metros, ele é um dos maiores pedaços de rochas vistos no cometa. Ele se destaca entre um grupo de pedaços de rochas localizados numa região suave do lado inferior do lobo maior do cometa.

Esse aglomerado de rochas lembrou os cientistas as famosas pirâmides em Giza, perto de Cairo no Egito, e esse pedaço de rocha específico foi chamado de Quéops por ser o maior pedaço de rocha, assim como Quéops é a maior pirâmide, conhecida como a Grande Pirâmide e que foi construída para ser a tumba do faraó Quéops em 2.550 aC.

Essa escolha também introduz um esquema de nomes egípcios gerais concordados pelos cientistas da Rosetta que serão usados para nomear as muitas características do cometa, isso mantém o espírito geral da missão e do nome da sonda.

Quéops foi visto pela primeira vez em imagens obtidas no início do mês de Agosto de 2014 quando a sonda chegou ao cometa. Na semana passada, enquanto a Rosetta navegava cada vez mais próxima do cometa, o instrumento OSIRIS imageou essa única estrutura novamente, mas dessa vez com uma resolução muito maior de cerca de 50 centímetros por pixel.

pedregulho Quéops

© ESA (pedregulho Quéops)

A imagem acima foi feita pela câmera de ângulo estreito OSIRIS da Rosetta em 19 de setembro de 2014, a uma distância de 28,5 km. As estruturas rochosas que a sonda Rosetta tem revelado em muitos lugares na superfície do Churyumov-Gerasimenko são uma das feições mais misteriosas e espetaculares já vistas.

Como muitos outros pedaços de rochas vistos tanto pelo OSIRIS como pela câmera NAVCAM da Rosetta, o Quéops se destaca não apenas fisicamente, mas também por ser uma feição levemente mais brilhante se comparado com a superfície escura ao redor.

O principal pesquisador do OSIRIS, Holger Sierks, do Max Planck Institute for Solar System Research (MPS) na Alemanha, descreveu a superfície do Quéops como “muito irregular”.

Entre as regiões mais brilhantes da superfície do pedaço rochoso estão intrigantes regiões menores de material mais escuro, similar em brilho e textura com o solo onde o pedaço de rocha se localiza.

“É quase como se olhássemos uma poeira solta que cobre a superfície do cometa impregnada nas fraturas desse pedaço de rocha. Mas, é claro, é muito cedo para tirarmos muitas conclusões”, disse Sierks.

Apesar do tamanho do cometa estar sendo medido de forma cuidadosa pela sonda Rosetta, através da análise meticulosa das imagens obtidas, quase todas as outras propriedades dos pedaços rochosos são ainda um mistério para os pesquisadores. Do que eles são feitos? Quais são suas propriedades físicas incluindo sua densidade e estabilidade? Como eles foram criados? À medida que a sonda Rosetta continua sua pesquisa e seu monitoramento da superfície do cometa nos próximos meses, os cientistas provavelmente terão muitas dessas respostas.

Por exemplo, se os pedaços rochosos são expostos pela atividade cometária ou são deslocados pelo campo de gravidade do cometa, nós devemos ser capazes de rastreá-los nas nossas imagens”, adicionou Sierks.

No dia 10 de Otubro de 2014, a sonda Rosetta começou a sua chamada Close Observation Phase do cometa chegando a uma distância de 10 km de seu alvo, e fazendo com que suas câmeras possam registrar detalhes cada vez menores e mais misteriosos do 67P/Churyumov-Gerasimenko.

Enquanto isso, a ESA confirmou ontem o local principal de pouso, conhecido como local J, do módulo Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em 12 de novembro, na primeira vez que ocorre um pouso suave em um cometa.

Fonte: ESA

sábado, 4 de outubro de 2014

Fragmentação do cometa C/2011 J2 (LINEAR)

Foi detectada uma fragmentação do cometa C/2011 J2 (LINEAR).

cometa C2011 J2

© telescópio Liverpool (cometa C/2011 J2)

Os astrônomos F. Manzini, V. Oldani, A. Dan e R. Behrend, no final de agosto, observaram um segundo componente de condensação nuclear. O componente B é mais tênue que o componente A, o componente principal e mais brilhante.

Apesar de trabalhar em um estudo de longo prazo sobre a morfologia do cometa C/2012 K1 com N. Samarasinha e B. Mueller usando o telescópio Liverpool de 2 metros, a equipe do Observatório Remanzacco, composta por Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini, recebeu um alerta do evento de fragmentação do cometa C/2011 J2, e assim o telescópio foi  desviado para este cometa durante alguns dias. Na ocasião a componente B apresentava uma magnitude 19,5.

Fonte: Observatório Remanzacco

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Escolhido o local de pouso do módulo Philae

O módulo Philae da Rosetta terá como alvo o Local J, uma região fascinante do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko que oferece um potencial científico único, com pistas de atividade nas proximidades e risco mínimo para o "lander" em comparação com outros locais candidatos.

local J do cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (local J do cometa Churyumov-Gerasimenko)

O Local J está na "cabeça" do cometa, um objeto de forma irregular com pouco mais de 4 km de comprimento. A decisão de escolher o Local J como o local primário foi unânime. O local secundário, Local C, está situado no "corpo" do cometa.

O Philae, com 100 kg, tem pouso planejado à superfície no dia 11 de Novembro, onde irá realizar medições detalhadas para caracterizar o núcleo "in situ" de uma maneira totalmente inédita.

Mas a escolha do local de pouso adequado não foi uma tarefa fácil.

"Como vimos a partir de imagens recentes, o cometa é um mundo maravilhoso mas dramático, é cientificamente interessante, mas a sua forma faz com que seja operacionalmente complicado," afirma Stephan Ulamec, da equipe do Philae no Centro Aeroespacial DLR alemão.

"Nenhum dos locais candidatos cumpria todos os critérios operacionais a 100%, mas o Local J é claramente a melhor solução."

"Vamos fazer a primeira análise 'in situ' de um cometa neste local, dando-nos uma visão sem precedentes da composição, estrutura e evolução," comenta Jean-Pierre Bibring, cientista do "lander" e pesquisador principal do instrumento CIVA e do IAS (Institut d'Astrophysique Spatiale) em Orsay, França.

"O Local J, em particular, oferece-nos a oportunidade de analisar material pristino, de caracterizar as propriedades do núcleo e de estudar os processos que alimentam a sua atividade."

A corrida para encontrar um local de aterragem só pôde começar quando a Rosetta chegou ao cometa no dia 6 de Agosto, quando foi visível de perto pela primeira vez. No dia 24 de Agosto, usando dados recolhidos quando a Rosetta estava ainda a 100 km do cometa, foram escolhidas cinco regiões candidatas para posterior análise.

Desde aí, a sonda moveu-se até 30 km do cometa, proporcionando medições científicas mais detalhadas dos locais candidatos. Em paralelo, as equipes de operação e de dinâmica de voo têm explorado opções para a aterragem do "lander" em todos os cinco candidatos.

Na última semana, os engenheiros e cientistas encarregados de tomar a decisão reuniram-se para escolher o local primário e o secundário. Tiveram de ser considerados um certo número de aspectos críticos, entre eles a identificação de uma trajetória segura para a aterragem do Philae e a densidade de perigos visíveis nesta região. Uma vez na superfície, outros fatores entram em jogo, entre eles o número de horas diurnas e noturnas e a frequência de passagens para comunicação com a sonda.

A descida para o cometa é passiva e só é possível prever que o ponto de pouso será dentro de uma "elipse de aterragem", normalmente com algumas centenas de metros de tamanho.

Para cada local candidato, foi avaliada uma área com 1 quilômetro quadrado. No Local J, a maioria das encostas tem menos de 30º relativamente ao chão local, reduzindo a probabilidade do Philae tombar durante a aterragem. O Local J também parece ter relativamente poucos pedregulhos, e recebe iluminação diária suficiente para recarregar o Philae e continuar as operações científicas à superfície para além da fase inicial alimentando a bateria.

A avaliação provisória da trajetória até ao Local J descobriu que o tempo de descida do Philae, até à superfície, é em torno de sete horas, um espaço de tempo que não compromete as observações do cometa através da utilização da bateria durante esta fase.

Tanto o Local B como o C foram considerados para locais secundários, mas o C foi o escolhido devido a um maior perfil de iluminação e menos rochas. Os Locais A e I pareciam atraentes durante o início da discussão, mas foram eliminados posteriormante, pois não satisfaziam uma série de critérios essenciais.

Uma linha temporal adicional será agora preparada para determinar a trajetória de aproximação da Rosetta com precisão a fim de entregar o Philae ao Local J. A aterragem deve ocorrer antes de meados de Novembro, antes que o cometa aumente consideravelmente de atividade à medida que se aproxima do Sol.

"Não há tempo a perder, mas agora que estamos mais perto do cometa, as operações científicas e de mapeamento vão ajudar a melhorar a análise dos locais primário e secundário," afirma Andrea Accomazzo, diretora de voo da Rosetta.

"É claro que não podemos prever a atividade do cometa até à aterragem, e durante o próprio dia do pouso. Um aumento repentino na atividade pode afetar a posição orbital da Rosetta e, por sua vez, o local exato onde o Philae vai pousar, e é isso que torna esta operação muito arriscada".

Uma vez livre da Rosetta, a descida do Philae vai ser autônoma. Os comandos terão que ser preparados e enviados pelo controle da missão antes da separação. Durante a descida, serão obtidas imagens e outras medições do ambiente do cometa.

Quando o Philae tocar o chão, a uma velocidade equivalente ao andar de um ser humano, usará arpões e parafusos para se prender à superfície. Fará então uma imagem panorâmica de 360º do local de aterragem para ajudar a determinar onde e em que orientação pousou.

A fase científica inicial começará depois com outros instrumentos que vão analisar o plasma, ambiente magnético e a temperatura da superfície. O Philae vai também perfurar e recolher amostras, entregando-as a um laboratório no seu interior para análise. A estrutura interior do cometa também será explorada através do envio de ondas de rádio até à Rosetta.

"Nunca ninguém tentou pousar antes num cometa, por isso é um verdadeiro desafio," afirma Fred Jansen, gestor da missão Rosetta da ESA. "A complicada estrutura 'dupla' do cometa tem um impacto considerável nos riscos globais relacionados com a aterragem, mas são riscos que valem a pena enfrentar pela hipótese de fazer a primeira aterragem controlada num cometa."

A data de aterragem deverá ser confirmada no dia 26 de Setembro, depois de uma análise mais aprofundada da trajetória e o pouso no local primário será antecedido de uma abrangente revisão de prontidão no dia 14 de Outubro.

Fonte: ESA

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O VLT segue o cometa de Rosetta

A mancha brilhante e desfocada que se vê no centro da imagem trata-se do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, ou 67P/C-G.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESO/VLT (cometa Churyumov-Gerasimenko)

Este não é um cometa qualquer mas sim o alvo da sonda espacial Rosetta da ESA, que se encontra atualmente no interior da coma do cometa, a menos de 100 quilômetros do seu núcleo. A sonda Rosetta atingiu esta distância no dia 6 de agosto de 2014, e desde essa data a sonda vem se aproximando do cometa. Com a Rosetta tão próxima do cometa, a única maneira de ver o 67P/C-G na sua totalidade é observá-lo a partir do solo.
Esta imagem foi obtida em 11 de agosto de 2014 com um dos telescópios de 8 metros do Very Large Telescope (VLT) do ESO, no Chile. Foi composta a partir da sobreposição de 40 exposições individuais, cada uma de 50 segundos, depois de removidas as estrelas de fundo, de modo a obter a melhor imagem possível do cometa. A sonda Rosetta encontra-se no interior do pixel central da imagem e é muito pequena para poder ser revelada.
O VLT é composto por quatro telescópios principais individuais que podem trabalhar em uníssono ou separadamente. Estas observações foram feitas com o instrumento FORS2 (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph 2), montado no telescópio principal nº1, também conhecido por Antu, nome que significa “Sol” em mapuche, língua indígena chilena.
O FORS2 pode ser utilizado de diversas maneiras, mas no caso da campanha de Rosetta, os astrônomos usam-no para obter imagens do cometa e determinar o seu brilho, tamanho e forma, além de analisar a composição da coma.
Apesar do 67P/C-G aparecer tênue nesta imagem, o objeto encontra-se claramente ativo, com uma coma de poeira que se estende 19.000 quilômetros a partir do núcleo. Esta coma é assimétrica uma vez que  a poeira vai sendo varrida na direção oposta à do Sol, o qual se localiza para lá do canto inferior direito da imagem, e começa a formar uma característica cauda cometária.
Esta imagem do VLT faz parte de uma colaboração entre a ESA e o ESO, no intuito de observar o cometa 67P/C-G a partir do solo, enquanto a sonda Rosetta se encontra efetuando medições no cometa. Em média, o VLT obtém imagens deste objeto noite sim noite não. Estas exposições curtas são utilizadas para monitorar a ativdade do cometa, ao estudar-se como é que o seu brilho varia. Os resultados são comunicados ao projeto Rosetta, constituindo parte da informação utilizada para planejar a órbita da sonda em torno do 67P/C-G.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (cometa Churyumov-Gerasimenko)

A imagem acima mostra penhascos e rochas proeminentes, que foi efetuada em 5 de setembro de 2014 pelo OSIRIS, sistema de imagens científica da Rosetta, a uma distância de 62 km a partir do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. A parte esquerda da imagem mostra uma vista lateral do ‘corpo’ do cometa, enquanto o direito é a parte de trás de sua ‘cabeça’. Um pixel corresponde a 1,1 metros.

Fonte: ESO e ESA

domingo, 7 de setembro de 2014

Aglomerados e o cometa Siding Spring

No dia 19 de Outubro de 2014, um bom lugar para se observar o cometa Siding Spring será o planeta Marte.

aglomerados e o cometa Siding Spring

© Rolando Ligustri (aglomerados e o cometa Siding Spring)

Esse visitante do Sistema Solar interno, chamado oficialmente de C/2013 A1, e descoberto em Janeiro de 2013 por Robert McNaught no Observatório Siding Spring da Austrália, passará a cerca de 132.000 quilômetros de distância do Planeta Vermelho. Ou seja, irá passar bem perto de Marte, já que essa distância equivale a pouco mais de 1/3 da distância entre a Terra e a Lua. Grandes imagens do cometa, são possíveis de serem feitas do hemisfério sul da Terra atualmente. Essa imagem telescópica acima foi feita no dia 29 de Agosto de 2014 e capturou a coma esbranquiçada do cometa e a sua cauda de poeira varrendo os céus do sul. O fabuloso campo de visão mostrado acima, inclui, a Pequena Nuvem de Magalhães e os aglomerados globulares de estrelas 47 Tucanae, visto na porção direita da imagem e o NGC 362, observado na parte superior esquerda da imagem. Por causa das partículas de poeira expelidas pelo cometa que poderão representar perigo para as sondas, os controladores planejam posicioná-las no lado oposto do planeta Marte durante a passagem do cometa.

Fonte: NASA

sábado, 23 de agosto de 2014

Cometa Jacques entre o Coração e a Alma

No dia 13 de Julho de 2014, um bom lugar para observar o Cometa Jacques, foi o planeta Vênus.

cometa Jacques, IC 1805 e IC 1848

© Dominique Dierick (cometa Jacques, IC 1805 e IC 1848)

O cometa Jacques foi descoberto pelo astrônomo brasileiro Cristovão Jacques através do observatório SONEAR (Southern Observatory for Near Earth Research), localizado em Oliveira, Minas Gerais.

O então recém descoberto visitante ao Sistema Solar interno, o cometa C/2014 E2 (Jacques) passou a uma distância de 14,5 milhões de quilômetros do planeta Vênus. Quando estiver de saída do Sistema Solar interno o cometa passará a 84 milhões de quilômetros do planeta Terra, no dia 28 de Agosto de 2014, mas mesmo assim, já é um alvo interessante para binóculos e telescópios. A dois dias atrás, a coma esverdeada do Jacques e a reta e fina cauda de íons foram capturadas nessa bela imagem telescópica, uma simples imagem de longa exposição de 2 minutos com uma câmera digital modificada. O cometa é visto ladeado pela IC 1805 e pela IC 1848, também conhecidas como as Nebulosas do Coração e da Alma em Cassiopeia. Nesse final de semana, você pode tentar procurar o cometa Jacques no céu noturno, mas sua visialização será difícil, pois sua altura será baixa no horizonte; melhorando a partir de Setembro, sendo visível ao anoitecer próximo da Constelação do Cisne com magnitude 7. Aproveite para observar Vênus, Júpiter e a Lua crescente que formarão um belo triângulo no céu antes do amanhecer.

Fonte: NASA

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Terry Lovejoy descobre novo cometa

O astrônomo amador australiano Terry Lovejoy descobriu seu quinto cometa, C/2014 Q2 (Lovejoy).

novo cometa Lovejoy

© Alain Maury e Joaquin Fabrega (C/2014 Q2)

O objeto difuso no centro é novo cometa C/2014 Q2 (Lovejoy).

Ele identificou o novo astro em 17 de agosto com um telescópio Celestron C8 equipado com uma câmera CCD em seu observatório, em Brisbane, Austrália.
Ele obteve um conjunto de três imagens onde o cometa se move ligeiramente no decorrer do tempo para a esquerda em torno da mancha difusa maior, e através da utilização de software encontrou o objeto em movimento.

conjunto de três imagens do cometa Lovejoy

© Terry Lovejoy (conjunto de três imagens do cometa Lovejoy)

A maioria do que aparece na câmera são asteroides, cometas conhecidos, ou falsos alarmes, mas não desta vez. A última descoberta de Lovejoy é um objeto difuso fraco localizado na constelação de Puppis no céu da manhã. 
A sua magnitude é fraca em torno de +15. O novo cometa será um objeto do céu austral até o final deste outono, quando ele oscila rapidamente para o norte logo na época do periélio, ou aproximação ao sol.

A descoberta de Lovejoy precisa de mais observações para melhor refinar sua órbita, mas com base em dados preliminares, o cálculo mais recente efetuada pelo Minor Planet Center com base em 24 observações estima seu periélio em 14 de fevereiro de 2015 com 265 milhões de km de diatância, e a aproximação à Terra de 150.000.000 km ocorrerá em janeiro.
Um dos cometas descoberto por Terry Lovejoy, o C/2011 W3, um Sungrazer Kreutz descoberto em novembro de 2011, passou a apenas 87 mil milhas acima da superfície do Sol. Muitos astrônomos pensaram que não iria sobreviver ao calor do Sol, mas surpreendentemente, restou material suficiente para produzir uma cauda espetacular, embora muito do seu núcleo foi queimado.

Mais recentemente, o cometa C/2013 R1 (Lovejoy) emocionou observadores, uma vez que seu brilho possibilitou uma visão à olho nu em novembro passado, conseguindo fazer o impossível no momento, desviando os olhos longe do cometa ISON.

Fonte: Universe Today

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Cometas funcionando como fábrica química

Uma equipe de cientistas liderada pela NASA criou mapas tridimensionais detalhados das atmosferas que rodeiam cometas, identificando vários gases e mapeando a sua propagação com a mais alta resolução já alcançada.

mapa 3-D de molélucas

© Brian Kent/NRAO/AUI/NSF (mapa 3-D de molélucas)

Mapa 3-D mostra o modo como as moléculas de HCN (cianeto de hidrogênio) são libertadas a partir do núcleo do cometa Lemmon e dispersadas uniformemente pela atmosfera, ou coma. Mapas similares revelaram que o HNC e o formaldeído são produzidos na coma, em vez de no núcleo do cometa.

"Conseguimos um mapeamento verdadeiramente de alto nível, de moléculas importantes que nos ajudam a compreender a natureza dos cometas," afirma Martin Cordiner, pesquisador que trabalha no setor de Astrobiologia do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado americano de Maryland. Cordiner liderou a equipe internacional de cientistas.

Quase inédita no estudo de cometas, a perspectiva 3-D fornece uma visão mais profunda sobre os materiais expelidos a partir do núcleo do cometa e sobre os materiais produzidos dentro da atmosfera (coma ou cabeleira). Isto ajudou na determinação das fontes de duas importantes moléculas orgânicas.

As observações foram realizadas em 2013 nos cometas Lemmon e ISON usando o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), uma rede de antenas de alta precisão no Chile. Estes cometas são os primeiros estudados com o ALMA.

cometa ISON

© NRAO/NASA/ALMA (cometa ISON)

A imagem acima mostra a emissão de moléculas orgânicas na atmosfera do cometa ISON. A imagem abaixo mostra a emissão de moléculas orgânicas na atmosfera do cometa ISON.

cometa Lemmon

© NRAO/NASA/ALMA (cometa Lemmon)

As observações do ALMA combinam uma imagem dos gases cometários, em 2-D e em alta resolução, com um espectro detalhado em cada ponto. A partir destes espectros, os pesquisadores podem identificar as moléculas presentes em todos os pontos e determinar as suas velocidades (velocidade e direção) ao longo da linha de visão; esta informação proporciona a terceira dimensão, a profundidade da cabeleira.

"Por isso, o ALMA não só nos permite identificar espécies moleculares individuais na coma, como também nos dá a capacidade de mapear as suas posições com grande sensibilidade," afirma Anthony Remijan, cientista do NRAO (National Radio Astronomy Observatory), uma das organizações que opera o ALMA, e co-autor do estudo.

Foram anunciados os resultados de três espécies moleculares (H2CO, HNC e HCN), incidindo-se principalmente em duas, cujas fontes têm sido difíceis de discernir (à excepção do Cometa Halley). Os mapas 3-D indicam se cada molécula seguia para fora em todas as direções e de maneira uniforme ou se eram expelidas em jatos ou em aglomerados.

Em cada cometa, a equipe descobriu que duas espécies, formaldeído (H2CO) e HNC (ácido isocianídrico - elemento composto por um átomo de hidrogênio, um de nitrogênio e um de carbono), foram produzidas na cabeleira. Para o formaldeído, isto confirma o que os já se suspeitava, mas os novos mapas contêm detalhes suficientes para produzir aglomerados de material que se move para regiões diferentes da cabeleira de dia para dia e até mesmo de hora em hora.

Para o HNC, os mapas resolveram uma questão de longa data sobre a origem do material. Inicialmente, pensava-se que o HNC era material interestelar pristino proveniente do núcleo do cometa, mas trabalhos posteriores sugeriram outras possíveis fontes. O novo estudo forneceu a primeira prova de que o HNC é produzido durante a decomposição de grandes moléculas ou poeira orgânica na cabeleira.

"A compreensão da poeira orgânica é importante, porque estes materiais são mais resistentes à destruição durante a entrada na atmosfera, e alguns podem ter sido entregues, intactos, à Terra primitiva, favorecendo desta maneira o aparecimento da vida," afirma Michael Mumma, diretor do Centro Goddard para Astrobiologia e co-autor do estudo. "Estas observações abrem uma nova janela sobre este componente pouco conhecido da química orgânica dos cometas."

As observações são também importantes porque cometas modestos como o Lemmon e o ISON contêm concentrações relativamente baixas de moléculas cruciais, o que os torna difíceis de estudar em profundidade com telescópios terrestres. Os poucos estudos compreensivos deste gênero têm sido realizados em cometas brilhantes e de grande sucesso como o Hale-Bopp. Estes resultados estendem-se até cometas de brilho apenas moderado.

O estudo foi publicado na revista Astrophysical Journal Letters.

Fonte: NASA