quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

O quinto cometa descoberto por Lovejoy

O cometa Lovejoy, C/2014 Q2, é enquadrado como uma árvore de Natal cósmica decorada de estrelas neste retrato telescópico colorido obtido em 16 de Dezembro de 2014.

C/2014 Q2 Lovejoy

© Damian Peach (C/2014 Q2 Lovejoy)

Sua encantadora coma em verde é matizada pelo gás diatômico fluorescente C2 na luz solar. O cometa Lovejoy foi descoberto em 17 de Agosto de 2014; é o 5º descoberto pelo astrônomo amador australiano Terry Lovejoy. Este cometa está varrendo o norte através da constelação Columba, indo para Lepus, sul de Órion, e brilhante o suficiente para oferecer boas vistas binoculares. Entre os dias 28 e 29 de dezembro, o cometa Lovejoy vai passar muito próximo do aglomerado globular M79.

Na sua primeira aparição no Sistema Solar interior, o cometa Lovejoy passará mais próximo ao planeta Terra em 7 de janeiro, enquanto o seu periélio (ponto mais próximo do Sol) será em 30 de janeiro. O cometa estará acessível para o hemisfério sul no verão de 2015, cujo brilho atingirá a 5ª magnitude.

O cometa C/2014 Q2 Lovejoy tem uma órbita acentuadamente inclinada em relação à eclíptica (80,3°) e um período de cerca de 14.166 anos.

Fonte: NASA

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Desfiladeiro na superfície de cometa

Esses belos desfiladeiros ocorrem na superfície de um cometa.

desfiladeiro em cometa

© ESA/Rosetta/NAVCAM (desfiladeiro em cometa)

A imagem acima é um mosaico de quatro quadros obtida em 10 de Dezembro de 2014 pela NAVCAM da Rosetta, mostrando um desfiladeiro do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. Ele foi descoberto pela sonda Rosetta, como sendo parte do núcleo escuro do cometa Churyumov-Gerasimenko.

A sonda Rosetta foi lançada pela ESA a mais de 10 anos atrás, e está na órbita do cometa desde o início do mês de Agosto de 2014. Embora o desfiladeiro chega a cerca de um quilômetro de altura, a baixa gravidade na superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko, permitiria que o ser humano pudesse pular do desfiladeiro e sobreviver a essa queda. No pé do desfiladeiro pode-se ver um terreno relativamente suave, pontuado com pedaços de rochas que chegam a ter 20 metros de diâmetro. Dados obtidos pela sonda Rosetta, indicam que o gelo do cometa Churyumov-Gerasimenko, tem uma fração de deutério significantemente diferente daquela encontrada nos oceanos da Terra, indicando assim uma origem  provavelmente diferente também. A sonda Rosetta está programada para continuar acompanhando o cometa durante o ano de 2015 observando as mudanças na sua atividade enquanto ele se aproxima do periélio que acontecerá em Agosto de 2015.

Fonte ESA

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

Rosetta e a origem dos oceanos na Terra

A sonda Rosetta da ESA descobriu que o vapor de água do seu alvo cometário é significativamente diferente daquele presente aqui na Terra.

taxa de água no cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA (taxa de água no cometa Churyumov-Gerasimenko)

A imagem acima mostra uma medição da taxa deutério/hidrogênio efetuada pela Rosetta no vapor de água ao redor do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. O gráfico mostra os diferentes valores da taxa, observados em vários corpos do Sistema Solar. Os pontos de dados estão agrupados por cor para planetas e luas (azul), meteoritos condritos do cinturão de asteroides (cinzento), cometas originários da nuvem de Oort (roxo) e cometas da família de Júpiter (rosa). O ponto de dados do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, medido pela Rosetta, está em amarelo. O símbolo diamante representa dados obtidos "in situ", os círculos representam dados obtidos por métodos astronômicos. A parte inferior do gráfico mostra o valor da taxa deutério/hidrogênio medido no hidrogênio molecular na atmosfera dos gigantes gasosos (Júpiter, Saturno, Úrano e Neptuno) e uma estimativa do valor típico no hidrogênio molecular da nebulosa protosolar, a partir da qual todos os objetos do Sistema Solar se formaram. A taxa para os oceanos da Terra é 1,56x10−4 (linha horizontal no gráfico). O valor para o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko é 5,3x10−4, mais de três vezes superior.

A descoberta alimenta o debate sobre a origem dos oceanos do nosso planeta. As medições foram feitas no mês que se seguiu à chegada da sonda ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, no dia 6 de Agosto. É um dos primeiros resultados e dos mais esperados da missão, porque a origem da água da Terra ainda é uma questão em aberto.

Uma das principais hipóteses sobre a formação da Terra é que estava tão quente quando se formou há 4,6 bilhões de anos atrás, que o teor original de água deve ter evaporado para o espaço. Mas, hoje, 2/3 da superfície está coberta por água. Então, de onde veio?

Neste cenário, deve ter sido entregue após o nosso planeta ter arrefecido, provavelmente por colisões de cometas e asteroides. A contribuição relativa de cada classe de objeto para o abastecimento de água do nosso planeta é, no entanto, ainda debatida.

A chave para determinar de onde a água veio está relacionada neste caso a proporção de deutério, um isótopo do hidrogênio com um nêutron adicional em relação ao hidrogênio normal.

Esta proporção é um indicador importante da formação e evolução inicial do Sistema Solar, e as simulações teóricas mostram que deve mudar com a distância ao Sol e com o tempo nos primeiros milhões de anos.

Um dos objetivos principais é comparar o valor de diferentes tipos de objetos com aquele medido nos oceanos da Terra, a fim de quantificar a influência de cada das classes na água da Terra.

Os cometas em particular são ferramentas únicas para estudar o início do Sistema Solar: eles contêm material deixado para trás após a formação do disco protoplanetário a partir do qual os planetas nasceram, devendo por isso refletir a composição primordial dos seus locais de origem.

Mas graças à dinâmica do Sistema Solar jovem, este não é um processo simples. Os cometas de longo período, que são oriundos da distante nuvem de Oort, formaram-se originalmente na região de Urano-Netuno, suficientemente longe do Sol para a água gelada sobreviver.

Mais tarde, foram espalhados para os distantes confins do Sistema Solar como resultado de interações gravitacionais com os gigantes gasosos à medida que estes se estabeleciam nas suas órbitas.

dois reservatórios principais de cometas no Sistema Solar

© ESA (dois reservatórios principais de cometas no Sistema Solar)

A ilustração acima mostra os dois reservatórios principais de cometas no Sistema Solar: o Cinturão de Kuiper, a uma distância de 30 a 50 UA (UA: unidade astronômica, a distância entre a Terra e o Sol) do Sol, e a Nuvem de Oort, que poderá estar de 50.000 a 100.000 UA do Sol. Pensa-se que o Cometa Halley seja originário da Nuvem de Oort, enquanto o 67P/Churyumov-Gerasimenko, o foco da missão Rosetta, é originário do Cinturão de Kuiper. Está agora numa órbita com a duração de 6,5 anos em torno do Sol, entre as órbitas da Terra e Marte no periélio e mesmo para além de Júpiter no afélio.

Por outro lado, pensa-se que os cometas da família de Júpiter, como o cometa da Rosetta, formaram-se mais longe, no Cinturão de Kuiper para além de Netuno. Ocasionalmente estes corpos são perturbados e enviados para o Sistema Solar interior, onde as suas órbitas tornam-se controladas pela influência gravitacional de Júpiter.

De fato, o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko viaja agora em torno do Sol entre as órbitas da Terra e de Marte, no seu ponto mais próximo, e um pouco além da de Júpiter no seu ponto orbital mais distante, com um período de aproximadamente 6,5 anos.

As medições anteriores da taxa de deutério/hidrogênio em outros cometas mostraram uma gama vasta de valores. Dos 11 cometas cujas medições foram finalizadas, apenas o cometa 103P/Hartley 2, da família de Júpiter (em observações feitas pela missão Herschel da ESA em 2011), coincide com a composição da água da Terra.

Por outro lado, certos meteoritos, vindos originalmente de asteroides do cinturão principal, também correspondem à composição da água da Terra. Assim sendo, apesar do fato dos asteroides terem um teor de água em geral muito menor, um grande número de impactos pode ainda ter resultado nos oceanos da Terra.

Por este motivo que as investigações da Rosetta são importantes. Curiosamente, a relação entre o deutério e o hidrogênio, medida pelo instrumento ROSINA (Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral Analysis) da Rosetta, é mais de três vezes superior à dos oceanos da Terra e do seu companheiro da família de Júpiter, o Cometa Hartley 2; sendo atualmente ainda maior do que a de qualquer outro cometa da nuvem de Oort.

"Esta descoberta surpreendente pode indicar uma origem diversa para os cometas da família de Júpiter, formaram-se talvez numa maior variedade de distâncias no jovem Sistema Solar," afirma Kathrin Altwegg, pesquisadora principal para o ROSINA e autora principal do artigo que relata os resultados.

"A nossa descoberta também exclui a ideia de que os cometas da família de Júpiter contêm apenas água parecida à dos oceanos da Terra, e dá mais peso aos modelos que colocam mais ênfase nos asteroides como o principal mecanismo de entrega para os oceanos da Terra."

"Nós sabíamos que a análise 'in situ' da Rosetta traria surpresas para o grande quadro da ciência do Sistema Solar, e esta notável observação certamente acrescenta combustível no debate acerca da origem da água da Terra," afirma Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta da ESA.

"À medida que a Rosetta continua seguindo o cometa na sua órbita ao redor do Sol ao longo do próximo ano, estaremos mantendo uma vigilância apertada sobre como evoluiu e se comporta, o que nos dará uma visão única sobre o mundo misterioso dos cometas e sobre a sua contribuição para o nosso conhecimento da evolução do Sistema Solar."

Os resultados obtidos da pesquisa foi publicado na revista Science.

Fonte: ESA

sábado, 15 de novembro de 2014

O módulo Philae inicia hibernação

O módulo Philae completou sua missão principal antes da hibernação.

vista panorâmica da superfície do cometa

© Philae (vista panorâmica da superfície do cometa)

O módulo Philae foi levantado em torno de 4 cm e rotacionado em cerca de 35°, numa tentativa para receber mais energia solar, e aumentar sua autonomia para efetuar suas tarefas previstas.

O módulo Philae realmente parece estar bem fixado ao chão e cercado por rochas. As equipes do centro de operações espaciais da ESA e da agência aeroespacial alemã DLR conseguiram ativar o instrumento de perfuração SD2 do módulo Philae. A sonda completou as medições previstas para o bloco final de experiências sobre a superfície, coletando dados científicos a partir dos instrumentos, incluindo Rolis, Ptolomeu, SD2, COSAC (Cometary Sampling and Composition Experiment) e CONSERT (Comet Nucleus Sounding Experiment by Radiowave Transmission). O instrumento COSAC é um dos experimentos que dependiam da perfuratriz SD2 atingir o solo do cometa e trazer amostras de volta para o interior do Philae.

O COSAC vai buscar a presença de compostos orgânicos e identificar qual forma quiral possuem os aminoácidos contidos no cometa.

Essa última sessão provavelmente deve encerrar atualmente as operações do Philae, quando entrará em suspensão, até próximo do periélio do cometa que será no dia 13 de Agosto de 2015. Talvez, quando o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko se aproximar mais do Sol, as baterias sejam recarregadas e ele volte da hibernação para retornar mais informações.

Os dados coletados pela sonda permitirá aos cientistas observar mudanças que ocorrem no cometa, ajudando a responder a algumas das maiores e mais importantes questões sobre a história do nosso Sistema Solar.

Como funcionam os cometas? Como é que se formam e evoluem? Que papel desempenham os cometas na evolução dos planetas?

"Os dados coletados pelo Philae e Rosetta tornará essa missão um divisor de águas na ciência de cometas", diz Matt Taylor, cientista do projeto Rosetta da ESA.

Fonte: ESA

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

O pouso no cometa do módulo Philae

O módulo Philae pousou ao lado da parede de um penhasco.

local de pouso no cometa

© Philae (local de pouso no cometa)

Há indicativos de que ele não está paralelo com o chão e uma das pernas do trem de pouso está suspensa no vácuo. Ele está estável, mas numa posição delicada, que deve inspirar cuidados.

O módulo quicou duas vezes na superfície do cometa antes de se estabilizar no solo, após a terceira descida. Segundo dados do instrumento ROMAP, que avalia o campo magnético, o primeiro toque no solo ocorreu às 13:34 hs, a uma velocidade de 1 m/s.

aproximação da superfície do cometa

© Philae (aproximação da superfície do cometa)

A imagem acima mostra a superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, obtida pela câmara ROLIS do Philae, a 40 metros de altitude, em Agilkia.

A seguir, o módulo Philae quicou de volta para cima a 38 cm/s e flutuou por cerca de 1 km, até voltar a tocar o chão às 15:25 hs. Sofreu novo rebote, desta vez a meros 3 cm/s, e voltou a pousar às 15:32 hs, desta vez para ficar. A débil gravidade do astro propiciou saltos suaves, sem causar danos ao veículo. O cometa tem uma gravidade de aproximadamente 1/10.000 da da Terra, e a sua velocidade de escape é cerca de 0,5 m/s. O Philae aterrissou com o dobro desta velocidade, pois os ressaltos eram uma preocupação.

Novas estimativas com base na telemetria dão conta de que o Philae está recebendo só 1h30 de exposição solar por rotação, o que é muito pouco se comparado à expectativa original, que em torno de 6 a 7 hs. Os engenheiros tentarão fazer pequenos movimentos que realinhem melhor o módulo, de forma a melhorar esse desempenho. Mas a situação não parece favorável para observações de longo prazo. Entretanto, oito dos dez instrumentos do Philae estão operando. Os outros dois, o APXS (Alpha Proton X-ray Spectrometer) e o sistema de perfuração, foram temporariamente desligados porque ambos envolvem contato com a superfície e os engenheiros estão preocupados em desestabilizar a orientação aparentemente precária do módulo.

Fonte: ESA

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Módulo Philae pousa na superfície de cometa

O módulo Philae pousou hoje na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko!

Agilkia, local de pouso do módulo Philae

© Rosetta (Agilkia, local de pouso do módulo Philae)

A imagem acima é um mosaico de quatro fotos individuais captadas, em 6 de novembro, pela NavCam instalada na sonda Rosetta, a partir de uma distância de 30,5 km do centro do cometa.

A sonda Rosetta da ESA (Agência Espacial Europeia) chegou ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko no dia 6 de Agosto de 2014, após uma viagem de uma década. O que encontrou foi chocante. O núcleo do cometa tem uma forma estranha, parecendo um pato de borracha, dominada por um par de lóbulos unidos por um "pescoço" repleto de pedregulhos. A escolha de um local de pouso não seria fácil. A Rosetta passou mais de um mês coletando dados do cometa para cientistas tomarem a sua decisão.

"Nenhum dos locais candidatos preenchia os critérios operacionais a 100%," afirma Stephan Ulamec, gerente do projeto Philae no DLR (Centro Aeroespacial Alemão). O local escolhido, denominado Agilkia, é claramente a melhor solução. Agilkia é um local relativamente plano, sem pedregulhos, no lóbulo mais pequeno do cometa. Recebe muita luz solar para os painéis do Philae e tem uma boa linha de visão para comunicações com a Rosetta que orbita acima.

O módulo Philae deixou a sonda Rosetta a partir de uma altura de 22,5 km à medida que o cometa girava livremente abaixo. Sem navegação ativa durante a lenta descida, que consumiu cerca de 7 horas.

módulo a 3km de Agilkia

© Philae (módulo a 3km de Agilkia)

A imagem mostra o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, adquirida pelo instrumento Rolis no módulo Philae durante a descida em 12 de novembro de 2014 14:38:41 UT a uma distância de cerca de 3 km da partir da superfície. O local de pouso foi fotografada com uma resolução de cerca de 3m por pixel.

O módulo Philae pousou com sucesso na superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko às 13:35 hs do dia 12 de novembro de 2014, tornando-se o primeiro artefato humano a realizar um pouso suave num astro desse tipo. O pouso foi confirmado às 14:03 hs, 28 minutos após, sendo o tempo que leva para que os sinais de rádio da sonda atravessem os 511 milhões de quilômetros que a separam da Terra. A ESA, através de dados da telemetria, informou que o pouso do módulo Philae foi muito suave e momentaneamente está estável, mas os arpões não dispararam, assim como o sistema de descida ativa, que já parecia estar defeituoso na checagem antes do pouso. As operações em solo continuam, e os engenheiros estudam a possibilidade de tentar redisparar os arpões, para garantir que o módulo permaneça fixado à superfície.

Ao longo dos próximos dias, o veículo estudará de perto o cometa, em busca de informações sobre a formação dos planetas do Sistema Solar e possivelmente sobre a origem da vida na Terra.

Um conjunto de 10 sensores no módulo, incluindo uma broca para obtenção de amostras e um instrumento acústico para analisar a estrutura sub-superficial do cometa serão utilizados num estudo sem precedentes de um cometa à "queima-roupa".

A aterrissagem bem-sucedida do Philae foi um feito incrível para a humanidade!

Fonte: ESA

sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Aumento da atividade de cometa

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko está mostrando um gradativo, mas claro aumento na sua atividade, como pode ser visto nas últimas imagens fornecidas pela equipe do instrumento OSIRIS.

superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko)

A imagem acima do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko foi obtida em 10 de setembro de 2014, mostra jatos sendo emitidos ao longo de quase todo o corpo do cometa.

Enquanto as imagens obtidas a poucos meses atrás mostravam jatos distintos de poeira deixando o cometa, esses estavam limitados para a região do pescoço do cometa. As imagens mais recentes obtidas pelo sistema de imageamento científico da sonda Rosetta, OSIRIS, mostra que a poeira está sendo emitida ao longo de quase todo o corpo do cometa. Jatos também têm sido detectados no lobo menor do cometa.

“Nesse ponto, nós acreditamos que uma grande fração da superfície iluminada do cometa está mostrando algum nível de atividade”, disse o cientista Jean-Baptiste Vincent do OSIRIS e do Max Planck Insitute for Solar System Research (MPS) na Alemanha.

A partir dessas imagens, a equipe quer derivar um melhor entendimento da evolução da atividade cometária e do processo físico que a guia.

“Com a capacidade de monitorar essas emissões pela primeira vez poderemos ter muito mais ideias detalhadas”, disse o principal pesquisador do OSIRIS Holger Sierks. “Mas uma imagem sozinha não pode nos contar a história completa, a partir de uma imagem nós não podemos discernir exatamente de onde na superfície um jato surge”.

superfície do cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (superfície do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko)

Esta imagem, obtida em 20 de outubro de 2014, traz detalhes dos jatos decorrentes de uma distância de 7,2 quilômetros da superfície do cometa.

Ao invés disso, os pesquisadores comparam imagens de uma mesma região feita de ângulos diferentes, com o objetivo de reconstruir uma estrutura tridimensional dos jatos. E, desde que sob condições normais o núcleo do cometa se sobrepõe aos jatos, as imagens precisam ser drasticamente expostas para revelar os detalhes dos jatos.

Enquanto que a atividade geral do 67P/Churyumov-Gerasimenko está aumentando claramente, o local de pouso designado da missão no lobo menor ainda permanece relativamente tranquilo. Contudo, existem indicativos que novas áreas ativas estão surgindo a cerca de um quilômetro do local do pouso do módulo Philae. Isso permitirá que os instrumentos do Philae estudem a atividade do cometa de muito mais próximo e com muito mais detalhe.

O 67P/Churyumov-Gerasimenko está a cerca de 470 milhões de quilômetros do Sol. Com base na rica história de observações com telescópios na Terra, os cientistas esperam um aumento significativo na atividade do cometa quando ele atingir uma distância de cerca de 300 milhões de quilômetros do Sol, esse momento deve ocorrer no final do mês de Março de 2015.

Fonte: ESA

domingo, 19 de outubro de 2014

Messier 6 e o Cometa Siding Spring

Na imagem abaixo, parece que o cometa errou por pouco o aglomerado estelar, mas a coma esverdeada e acuada do cometa Siding Spring (C/2013 A1) estão na realidade a cerca de 2.000 anos-luz de distância das estrelas do aglomerado estelar aberto Messier 6 (M6).

M6 e cometa Siding Spring

© Rolando Ligustri (M6 e cometa Siding Spring)

Os dois objetos parecem próximos por estarem na mesma linha de visão quando foram fotografados no dia 9 de Outubro de 2014, quando eles se encontravam na constelação de Scorpius. Hoje, o cometa estará realmente próximo do planeta Marte, passando a cerca de 139.500 quilômetros de distância da superfície do Planeta Vermelho. Essa distância é cerca de 10 vezes mais próxima do que qualquer outro objeto que já passou perto da Terra, e cerca de um terço da distância entre a Terra e a Lua.

Tal espectáculo nunca foi visto na história registada do planeta Terra. A passagem mais próxima e confirmada de um grande cometa pelo nosso planeta foi a do Cometa D/1770 L1 Lexell, que passou a mais de 15 vezes a distância entre o Siding Spring e Marte, a 2,2 milhões de quilômetros da Terra no dia 1 de Julho de 1770. Há que realçar que uma passagem cometária ainda mais próxima em 1491 permanece não confirmada.

Em tempos mais recentes, o Cometa Hyakutake passou a 15,8 milhões de quilômetros da Terra no dia 25 de Março de 1996, com uma cauda que abrangia metade do céu a partir de um local escuro, e os observadores cometários de longa data podem estar recordados da passagem do Cometa IRAS-Araki-Alcock em 1983, que passou a apenas 4,7 milhões de quilômetros da Terra.

O impacto entre o cometa e o planeta é algo que não vai acontecer, mas a poeira do cometa se movendo a uma velocidade de 56 km/s com relação a Marte, além de partes de sua coma gasosa, irão interagir com a fina atmosfera marciana. Obviamente o encontro imediato entre o cometa e planeta será seguido de perto pelas sondas na órbita de Marte e pelos rovers na sua superfície.

Fonte: NASA e Universe Today

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Pedaço de rocha na superfície de cometa

O sistema de imageamento científico OSIRIS a bordo da sonda Rosetta da ESA registrou uma imagem espetacular de um dos muitos pedaços de rochas que cobrem a superfície do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko.

localização do pedregulho Quéops

© ESA (localização do pedregulho Quéops)

Com uma dimensão máxima de aproximadamente 45 metros, ele é um dos maiores pedaços de rochas vistos no cometa. Ele se destaca entre um grupo de pedaços de rochas localizados numa região suave do lado inferior do lobo maior do cometa.

Esse aglomerado de rochas lembrou os cientistas as famosas pirâmides em Giza, perto de Cairo no Egito, e esse pedaço de rocha específico foi chamado de Quéops por ser o maior pedaço de rocha, assim como Quéops é a maior pirâmide, conhecida como a Grande Pirâmide e que foi construída para ser a tumba do faraó Quéops em 2.550 aC.

Essa escolha também introduz um esquema de nomes egípcios gerais concordados pelos cientistas da Rosetta que serão usados para nomear as muitas características do cometa, isso mantém o espírito geral da missão e do nome da sonda.

Quéops foi visto pela primeira vez em imagens obtidas no início do mês de Agosto de 2014 quando a sonda chegou ao cometa. Na semana passada, enquanto a Rosetta navegava cada vez mais próxima do cometa, o instrumento OSIRIS imageou essa única estrutura novamente, mas dessa vez com uma resolução muito maior de cerca de 50 centímetros por pixel.

pedregulho Quéops

© ESA (pedregulho Quéops)

A imagem acima foi feita pela câmera de ângulo estreito OSIRIS da Rosetta em 19 de setembro de 2014, a uma distância de 28,5 km. As estruturas rochosas que a sonda Rosetta tem revelado em muitos lugares na superfície do Churyumov-Gerasimenko são uma das feições mais misteriosas e espetaculares já vistas.

Como muitos outros pedaços de rochas vistos tanto pelo OSIRIS como pela câmera NAVCAM da Rosetta, o Quéops se destaca não apenas fisicamente, mas também por ser uma feição levemente mais brilhante se comparado com a superfície escura ao redor.

O principal pesquisador do OSIRIS, Holger Sierks, do Max Planck Institute for Solar System Research (MPS) na Alemanha, descreveu a superfície do Quéops como “muito irregular”.

Entre as regiões mais brilhantes da superfície do pedaço rochoso estão intrigantes regiões menores de material mais escuro, similar em brilho e textura com o solo onde o pedaço de rocha se localiza.

“É quase como se olhássemos uma poeira solta que cobre a superfície do cometa impregnada nas fraturas desse pedaço de rocha. Mas, é claro, é muito cedo para tirarmos muitas conclusões”, disse Sierks.

Apesar do tamanho do cometa estar sendo medido de forma cuidadosa pela sonda Rosetta, através da análise meticulosa das imagens obtidas, quase todas as outras propriedades dos pedaços rochosos são ainda um mistério para os pesquisadores. Do que eles são feitos? Quais são suas propriedades físicas incluindo sua densidade e estabilidade? Como eles foram criados? À medida que a sonda Rosetta continua sua pesquisa e seu monitoramento da superfície do cometa nos próximos meses, os cientistas provavelmente terão muitas dessas respostas.

Por exemplo, se os pedaços rochosos são expostos pela atividade cometária ou são deslocados pelo campo de gravidade do cometa, nós devemos ser capazes de rastreá-los nas nossas imagens”, adicionou Sierks.

No dia 10 de Otubro de 2014, a sonda Rosetta começou a sua chamada Close Observation Phase do cometa chegando a uma distância de 10 km de seu alvo, e fazendo com que suas câmeras possam registrar detalhes cada vez menores e mais misteriosos do 67P/Churyumov-Gerasimenko.

Enquanto isso, a ESA confirmou ontem o local principal de pouso, conhecido como local J, do módulo Philae no cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em 12 de novembro, na primeira vez que ocorre um pouso suave em um cometa.

Fonte: ESA

sábado, 4 de outubro de 2014

Fragmentação do cometa C/2011 J2 (LINEAR)

Foi detectada uma fragmentação do cometa C/2011 J2 (LINEAR).

cometa C2011 J2

© telescópio Liverpool (cometa C/2011 J2)

Os astrônomos F. Manzini, V. Oldani, A. Dan e R. Behrend, no final de agosto, observaram um segundo componente de condensação nuclear. O componente B é mais tênue que o componente A, o componente principal e mais brilhante.

Apesar de trabalhar em um estudo de longo prazo sobre a morfologia do cometa C/2012 K1 com N. Samarasinha e B. Mueller usando o telescópio Liverpool de 2 metros, a equipe do Observatório Remanzacco, composta por Ernesto Guido, Nick Howes e Martino Nicolini, recebeu um alerta do evento de fragmentação do cometa C/2011 J2, e assim o telescópio foi  desviado para este cometa durante alguns dias. Na ocasião a componente B apresentava uma magnitude 19,5.

Fonte: Observatório Remanzacco

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Escolhido o local de pouso do módulo Philae

O módulo Philae da Rosetta terá como alvo o Local J, uma região fascinante do Cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko que oferece um potencial científico único, com pistas de atividade nas proximidades e risco mínimo para o "lander" em comparação com outros locais candidatos.

local J do cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (local J do cometa Churyumov-Gerasimenko)

O Local J está na "cabeça" do cometa, um objeto de forma irregular com pouco mais de 4 km de comprimento. A decisão de escolher o Local J como o local primário foi unânime. O local secundário, Local C, está situado no "corpo" do cometa.

O Philae, com 100 kg, tem pouso planejado à superfície no dia 11 de Novembro, onde irá realizar medições detalhadas para caracterizar o núcleo "in situ" de uma maneira totalmente inédita.

Mas a escolha do local de pouso adequado não foi uma tarefa fácil.

"Como vimos a partir de imagens recentes, o cometa é um mundo maravilhoso mas dramático, é cientificamente interessante, mas a sua forma faz com que seja operacionalmente complicado," afirma Stephan Ulamec, da equipe do Philae no Centro Aeroespacial DLR alemão.

"Nenhum dos locais candidatos cumpria todos os critérios operacionais a 100%, mas o Local J é claramente a melhor solução."

"Vamos fazer a primeira análise 'in situ' de um cometa neste local, dando-nos uma visão sem precedentes da composição, estrutura e evolução," comenta Jean-Pierre Bibring, cientista do "lander" e pesquisador principal do instrumento CIVA e do IAS (Institut d'Astrophysique Spatiale) em Orsay, França.

"O Local J, em particular, oferece-nos a oportunidade de analisar material pristino, de caracterizar as propriedades do núcleo e de estudar os processos que alimentam a sua atividade."

A corrida para encontrar um local de aterragem só pôde começar quando a Rosetta chegou ao cometa no dia 6 de Agosto, quando foi visível de perto pela primeira vez. No dia 24 de Agosto, usando dados recolhidos quando a Rosetta estava ainda a 100 km do cometa, foram escolhidas cinco regiões candidatas para posterior análise.

Desde aí, a sonda moveu-se até 30 km do cometa, proporcionando medições científicas mais detalhadas dos locais candidatos. Em paralelo, as equipes de operação e de dinâmica de voo têm explorado opções para a aterragem do "lander" em todos os cinco candidatos.

Na última semana, os engenheiros e cientistas encarregados de tomar a decisão reuniram-se para escolher o local primário e o secundário. Tiveram de ser considerados um certo número de aspectos críticos, entre eles a identificação de uma trajetória segura para a aterragem do Philae e a densidade de perigos visíveis nesta região. Uma vez na superfície, outros fatores entram em jogo, entre eles o número de horas diurnas e noturnas e a frequência de passagens para comunicação com a sonda.

A descida para o cometa é passiva e só é possível prever que o ponto de pouso será dentro de uma "elipse de aterragem", normalmente com algumas centenas de metros de tamanho.

Para cada local candidato, foi avaliada uma área com 1 quilômetro quadrado. No Local J, a maioria das encostas tem menos de 30º relativamente ao chão local, reduzindo a probabilidade do Philae tombar durante a aterragem. O Local J também parece ter relativamente poucos pedregulhos, e recebe iluminação diária suficiente para recarregar o Philae e continuar as operações científicas à superfície para além da fase inicial alimentando a bateria.

A avaliação provisória da trajetória até ao Local J descobriu que o tempo de descida do Philae, até à superfície, é em torno de sete horas, um espaço de tempo que não compromete as observações do cometa através da utilização da bateria durante esta fase.

Tanto o Local B como o C foram considerados para locais secundários, mas o C foi o escolhido devido a um maior perfil de iluminação e menos rochas. Os Locais A e I pareciam atraentes durante o início da discussão, mas foram eliminados posteriormante, pois não satisfaziam uma série de critérios essenciais.

Uma linha temporal adicional será agora preparada para determinar a trajetória de aproximação da Rosetta com precisão a fim de entregar o Philae ao Local J. A aterragem deve ocorrer antes de meados de Novembro, antes que o cometa aumente consideravelmente de atividade à medida que se aproxima do Sol.

"Não há tempo a perder, mas agora que estamos mais perto do cometa, as operações científicas e de mapeamento vão ajudar a melhorar a análise dos locais primário e secundário," afirma Andrea Accomazzo, diretora de voo da Rosetta.

"É claro que não podemos prever a atividade do cometa até à aterragem, e durante o próprio dia do pouso. Um aumento repentino na atividade pode afetar a posição orbital da Rosetta e, por sua vez, o local exato onde o Philae vai pousar, e é isso que torna esta operação muito arriscada".

Uma vez livre da Rosetta, a descida do Philae vai ser autônoma. Os comandos terão que ser preparados e enviados pelo controle da missão antes da separação. Durante a descida, serão obtidas imagens e outras medições do ambiente do cometa.

Quando o Philae tocar o chão, a uma velocidade equivalente ao andar de um ser humano, usará arpões e parafusos para se prender à superfície. Fará então uma imagem panorâmica de 360º do local de aterragem para ajudar a determinar onde e em que orientação pousou.

A fase científica inicial começará depois com outros instrumentos que vão analisar o plasma, ambiente magnético e a temperatura da superfície. O Philae vai também perfurar e recolher amostras, entregando-as a um laboratório no seu interior para análise. A estrutura interior do cometa também será explorada através do envio de ondas de rádio até à Rosetta.

"Nunca ninguém tentou pousar antes num cometa, por isso é um verdadeiro desafio," afirma Fred Jansen, gestor da missão Rosetta da ESA. "A complicada estrutura 'dupla' do cometa tem um impacto considerável nos riscos globais relacionados com a aterragem, mas são riscos que valem a pena enfrentar pela hipótese de fazer a primeira aterragem controlada num cometa."

A data de aterragem deverá ser confirmada no dia 26 de Setembro, depois de uma análise mais aprofundada da trajetória e o pouso no local primário será antecedido de uma abrangente revisão de prontidão no dia 14 de Outubro.

Fonte: ESA

segunda-feira, 8 de setembro de 2014

O VLT segue o cometa de Rosetta

A mancha brilhante e desfocada que se vê no centro da imagem trata-se do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, ou 67P/C-G.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESO/VLT (cometa Churyumov-Gerasimenko)

Este não é um cometa qualquer mas sim o alvo da sonda espacial Rosetta da ESA, que se encontra atualmente no interior da coma do cometa, a menos de 100 quilômetros do seu núcleo. A sonda Rosetta atingiu esta distância no dia 6 de agosto de 2014, e desde essa data a sonda vem se aproximando do cometa. Com a Rosetta tão próxima do cometa, a única maneira de ver o 67P/C-G na sua totalidade é observá-lo a partir do solo.
Esta imagem foi obtida em 11 de agosto de 2014 com um dos telescópios de 8 metros do Very Large Telescope (VLT) do ESO, no Chile. Foi composta a partir da sobreposição de 40 exposições individuais, cada uma de 50 segundos, depois de removidas as estrelas de fundo, de modo a obter a melhor imagem possível do cometa. A sonda Rosetta encontra-se no interior do pixel central da imagem e é muito pequena para poder ser revelada.
O VLT é composto por quatro telescópios principais individuais que podem trabalhar em uníssono ou separadamente. Estas observações foram feitas com o instrumento FORS2 (FOcal Reducer and low dispersion Spectrograph 2), montado no telescópio principal nº1, também conhecido por Antu, nome que significa “Sol” em mapuche, língua indígena chilena.
O FORS2 pode ser utilizado de diversas maneiras, mas no caso da campanha de Rosetta, os astrônomos usam-no para obter imagens do cometa e determinar o seu brilho, tamanho e forma, além de analisar a composição da coma.
Apesar do 67P/C-G aparecer tênue nesta imagem, o objeto encontra-se claramente ativo, com uma coma de poeira que se estende 19.000 quilômetros a partir do núcleo. Esta coma é assimétrica uma vez que  a poeira vai sendo varrida na direção oposta à do Sol, o qual se localiza para lá do canto inferior direito da imagem, e começa a formar uma característica cauda cometária.
Esta imagem do VLT faz parte de uma colaboração entre a ESA e o ESO, no intuito de observar o cometa 67P/C-G a partir do solo, enquanto a sonda Rosetta se encontra efetuando medições no cometa. Em média, o VLT obtém imagens deste objeto noite sim noite não. Estas exposições curtas são utilizadas para monitorar a ativdade do cometa, ao estudar-se como é que o seu brilho varia. Os resultados são comunicados ao projeto Rosetta, constituindo parte da informação utilizada para planejar a órbita da sonda em torno do 67P/C-G.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (cometa Churyumov-Gerasimenko)

A imagem acima mostra penhascos e rochas proeminentes, que foi efetuada em 5 de setembro de 2014 pelo OSIRIS, sistema de imagens científica da Rosetta, a uma distância de 62 km a partir do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko. A parte esquerda da imagem mostra uma vista lateral do ‘corpo’ do cometa, enquanto o direito é a parte de trás de sua ‘cabeça’. Um pixel corresponde a 1,1 metros.

Fonte: ESO e ESA

domingo, 7 de setembro de 2014

Aglomerados e o cometa Siding Spring

No dia 19 de Outubro de 2014, um bom lugar para se observar o cometa Siding Spring será o planeta Marte.

aglomerados e o cometa Siding Spring

© Rolando Ligustri (aglomerados e o cometa Siding Spring)

Esse visitante do Sistema Solar interno, chamado oficialmente de C/2013 A1, e descoberto em Janeiro de 2013 por Robert McNaught no Observatório Siding Spring da Austrália, passará a cerca de 132.000 quilômetros de distância do Planeta Vermelho. Ou seja, irá passar bem perto de Marte, já que essa distância equivale a pouco mais de 1/3 da distância entre a Terra e a Lua. Grandes imagens do cometa, são possíveis de serem feitas do hemisfério sul da Terra atualmente. Essa imagem telescópica acima foi feita no dia 29 de Agosto de 2014 e capturou a coma esbranquiçada do cometa e a sua cauda de poeira varrendo os céus do sul. O fabuloso campo de visão mostrado acima, inclui, a Pequena Nuvem de Magalhães e os aglomerados globulares de estrelas 47 Tucanae, visto na porção direita da imagem e o NGC 362, observado na parte superior esquerda da imagem. Por causa das partículas de poeira expelidas pelo cometa que poderão representar perigo para as sondas, os controladores planejam posicioná-las no lado oposto do planeta Marte durante a passagem do cometa.

Fonte: NASA

sábado, 23 de agosto de 2014

Cometa Jacques entre o Coração e a Alma

No dia 13 de Julho de 2014, um bom lugar para observar o Cometa Jacques, foi o planeta Vênus.

cometa Jacques, IC 1805 e IC 1848

© Dominique Dierick (cometa Jacques, IC 1805 e IC 1848)

O cometa Jacques foi descoberto pelo astrônomo brasileiro Cristovão Jacques através do observatório SONEAR (Southern Observatory for Near Earth Research), localizado em Oliveira, Minas Gerais.

O então recém descoberto visitante ao Sistema Solar interno, o cometa C/2014 E2 (Jacques) passou a uma distância de 14,5 milhões de quilômetros do planeta Vênus. Quando estiver de saída do Sistema Solar interno o cometa passará a 84 milhões de quilômetros do planeta Terra, no dia 28 de Agosto de 2014, mas mesmo assim, já é um alvo interessante para binóculos e telescópios. A dois dias atrás, a coma esverdeada do Jacques e a reta e fina cauda de íons foram capturadas nessa bela imagem telescópica, uma simples imagem de longa exposição de 2 minutos com uma câmera digital modificada. O cometa é visto ladeado pela IC 1805 e pela IC 1848, também conhecidas como as Nebulosas do Coração e da Alma em Cassiopeia. Nesse final de semana, você pode tentar procurar o cometa Jacques no céu noturno, mas sua visialização será difícil, pois sua altura será baixa no horizonte; melhorando a partir de Setembro, sendo visível ao anoitecer próximo da Constelação do Cisne com magnitude 7. Aproveite para observar Vênus, Júpiter e a Lua crescente que formarão um belo triângulo no céu antes do amanhecer.

Fonte: NASA

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Terry Lovejoy descobre novo cometa

O astrônomo amador australiano Terry Lovejoy descobriu seu quinto cometa, C/2014 Q2 (Lovejoy).

novo cometa Lovejoy

© Alain Maury e Joaquin Fabrega (C/2014 Q2)

O objeto difuso no centro é novo cometa C/2014 Q2 (Lovejoy).

Ele identificou o novo astro em 17 de agosto com um telescópio Celestron C8 equipado com uma câmera CCD em seu observatório, em Brisbane, Austrália.
Ele obteve um conjunto de três imagens onde o cometa se move ligeiramente no decorrer do tempo para a esquerda em torno da mancha difusa maior, e através da utilização de software encontrou o objeto em movimento.

conjunto de três imagens do cometa Lovejoy

© Terry Lovejoy (conjunto de três imagens do cometa Lovejoy)

A maioria do que aparece na câmera são asteroides, cometas conhecidos, ou falsos alarmes, mas não desta vez. A última descoberta de Lovejoy é um objeto difuso fraco localizado na constelação de Puppis no céu da manhã. 
A sua magnitude é fraca em torno de +15. O novo cometa será um objeto do céu austral até o final deste outono, quando ele oscila rapidamente para o norte logo na época do periélio, ou aproximação ao sol.

A descoberta de Lovejoy precisa de mais observações para melhor refinar sua órbita, mas com base em dados preliminares, o cálculo mais recente efetuada pelo Minor Planet Center com base em 24 observações estima seu periélio em 14 de fevereiro de 2015 com 265 milhões de km de diatância, e a aproximação à Terra de 150.000.000 km ocorrerá em janeiro.
Um dos cometas descoberto por Terry Lovejoy, o C/2011 W3, um Sungrazer Kreutz descoberto em novembro de 2011, passou a apenas 87 mil milhas acima da superfície do Sol. Muitos astrônomos pensaram que não iria sobreviver ao calor do Sol, mas surpreendentemente, restou material suficiente para produzir uma cauda espetacular, embora muito do seu núcleo foi queimado.

Mais recentemente, o cometa C/2013 R1 (Lovejoy) emocionou observadores, uma vez que seu brilho possibilitou uma visão à olho nu em novembro passado, conseguindo fazer o impossível no momento, desviando os olhos longe do cometa ISON.

Fonte: Universe Today

sexta-feira, 15 de agosto de 2014

Cometas funcionando como fábrica química

Uma equipe de cientistas liderada pela NASA criou mapas tridimensionais detalhados das atmosferas que rodeiam cometas, identificando vários gases e mapeando a sua propagação com a mais alta resolução já alcançada.

mapa 3-D de molélucas

© Brian Kent/NRAO/AUI/NSF (mapa 3-D de molélucas)

Mapa 3-D mostra o modo como as moléculas de HCN (cianeto de hidrogênio) são libertadas a partir do núcleo do cometa Lemmon e dispersadas uniformemente pela atmosfera, ou coma. Mapas similares revelaram que o HNC e o formaldeído são produzidos na coma, em vez de no núcleo do cometa.

"Conseguimos um mapeamento verdadeiramente de alto nível, de moléculas importantes que nos ajudam a compreender a natureza dos cometas," afirma Martin Cordiner, pesquisador que trabalha no setor de Astrobiologia do Centro de Voo Espacial Goddard da NASA em Greenbelt, no estado americano de Maryland. Cordiner liderou a equipe internacional de cientistas.

Quase inédita no estudo de cometas, a perspectiva 3-D fornece uma visão mais profunda sobre os materiais expelidos a partir do núcleo do cometa e sobre os materiais produzidos dentro da atmosfera (coma ou cabeleira). Isto ajudou na determinação das fontes de duas importantes moléculas orgânicas.

As observações foram realizadas em 2013 nos cometas Lemmon e ISON usando o ALMA (Atacama Large Millimeter/submillimeter Array), uma rede de antenas de alta precisão no Chile. Estes cometas são os primeiros estudados com o ALMA.

cometa ISON

© NRAO/NASA/ALMA (cometa ISON)

A imagem acima mostra a emissão de moléculas orgânicas na atmosfera do cometa ISON. A imagem abaixo mostra a emissão de moléculas orgânicas na atmosfera do cometa ISON.

cometa Lemmon

© NRAO/NASA/ALMA (cometa Lemmon)

As observações do ALMA combinam uma imagem dos gases cometários, em 2-D e em alta resolução, com um espectro detalhado em cada ponto. A partir destes espectros, os pesquisadores podem identificar as moléculas presentes em todos os pontos e determinar as suas velocidades (velocidade e direção) ao longo da linha de visão; esta informação proporciona a terceira dimensão, a profundidade da cabeleira.

"Por isso, o ALMA não só nos permite identificar espécies moleculares individuais na coma, como também nos dá a capacidade de mapear as suas posições com grande sensibilidade," afirma Anthony Remijan, cientista do NRAO (National Radio Astronomy Observatory), uma das organizações que opera o ALMA, e co-autor do estudo.

Foram anunciados os resultados de três espécies moleculares (H2CO, HNC e HCN), incidindo-se principalmente em duas, cujas fontes têm sido difíceis de discernir (à excepção do Cometa Halley). Os mapas 3-D indicam se cada molécula seguia para fora em todas as direções e de maneira uniforme ou se eram expelidas em jatos ou em aglomerados.

Em cada cometa, a equipe descobriu que duas espécies, formaldeído (H2CO) e HNC (ácido isocianídrico - elemento composto por um átomo de hidrogênio, um de nitrogênio e um de carbono), foram produzidas na cabeleira. Para o formaldeído, isto confirma o que os já se suspeitava, mas os novos mapas contêm detalhes suficientes para produzir aglomerados de material que se move para regiões diferentes da cabeleira de dia para dia e até mesmo de hora em hora.

Para o HNC, os mapas resolveram uma questão de longa data sobre a origem do material. Inicialmente, pensava-se que o HNC era material interestelar pristino proveniente do núcleo do cometa, mas trabalhos posteriores sugeriram outras possíveis fontes. O novo estudo forneceu a primeira prova de que o HNC é produzido durante a decomposição de grandes moléculas ou poeira orgânica na cabeleira.

"A compreensão da poeira orgânica é importante, porque estes materiais são mais resistentes à destruição durante a entrada na atmosfera, e alguns podem ter sido entregues, intactos, à Terra primitiva, favorecendo desta maneira o aparecimento da vida," afirma Michael Mumma, diretor do Centro Goddard para Astrobiologia e co-autor do estudo. "Estas observações abrem uma nova janela sobre este componente pouco conhecido da química orgânica dos cometas."

As observações são também importantes porque cometas modestos como o Lemmon e o ISON contêm concentrações relativamente baixas de moléculas cruciais, o que os torna difíceis de estudar em profundidade com telescópios terrestres. Os poucos estudos compreensivos deste gênero têm sido realizados em cometas brilhantes e de grande sucesso como o Hale-Bopp. Estes resultados estendem-se até cometas de brilho apenas moderado.

O estudo foi publicado na revista Astrophysical Journal Letters.

Fonte: NASA

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

Sonda Rosetta aproxima da órbita de cometa

Após uma jornada de uma década caçando seu alvo pelo Sistema Solar, a sonda Rosetta da Agência Espacial Europeia (ESA) tornou-se ontem, 6 de Agosto de 2014 a primeira sonda na história a se aproximar e iniciar o processo de inserção na órbita de um cometa, abrindo assim um novo capítulo na exploração do Sistema Solar.

cometa periódico Churyumov-Gerasimenko

© Rosetta (cometa periódico Churyumov-Gerasimenko)

A imagem mostra o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko através da câmera OSIRIS de ângulo estreito da Rosetta em 3 de agosto a uma distância de 285 km. A resolução da imagem é de 5,3 metros por pixel.

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko, e a sonda Rosetta, estão agora a cerca de 405 milhões de quilômetros de distância da Terra, cerca de metade do caminho entre a órbita de Júpiter e Marte, vagando pelo Sistema Solar interno a uma velocidade de 55.000 quilômetros por hora.

O cometa tem uma órbita elíptica com período de 6,5 anos que tem seu ponto mais distante do Sol um pouco além da órbita de Júpiter e seu ponto mais próximo do Sol numa posição entre as órbitas de Marte e da Terra. A Rosetta acompanhará o cometa por um pouco mais de um ano enquanto ele passa ao redor do Sol e volta em direção a Júpiter.

Cometas são considerados os blocos fundamentais primitivos do Sistema Solar e podem ter ajudado a semear a Terra com água e talvez, até mesmo com os ingredientes fundamentais para o surgimento da vida em nosso planeta. Mas muitas questões fundamentais sobre esses enigmáticos objetos ainda permanecem sem resposta, e através de um estudo compreensivo e próximo do cometa, a sonda Rosetta ajudará a desvendar os segredos desses fantásticos objetos.

A jornada em direção ao cometa não foi algo tranquilo e direto. Desde o seu lançamento em 2004, a sonda Rosetta passou por três assistências gravitacionais pelo planeta Terra e uma por Marte, para ajudá-la a seguir no curso do cometa e realizar a aproximação com segurança. Essa complexa trajetória também permitiu que a Rosetta passa-se pelos asteroides Stein e Lutetia, obtendo imagens e dados científicos sem precedentes sobre esses dois objetos na história da exploração espacial.

“Depois de 10 anos, 5 meses e 4 dias, viajando em direção ao seu destino, passando pelo Sol por cinco vezes e varrendo 6,4 bilhões de quilômetros na sua jornada, nós estamos animados em anunciar que finalmente chegamos”, disse Jean-Jacques Dordain, diretor geral da ESA.

Esta é a última de uma série de dez manobras de aproximação que começaram em Maio de 2014, com o objetivo de ajustar a velocidade da Rosetta e a sua trajetória gradativamente para poder se ajustar à trajetória e à velocidade do cometa. Se uma dessas manobras falhassem, a missão estaria perdida, e a sonda poderia simplesmente passar direto pelo cometa.

atividade no cometa Churyumov-Gerasimenko

© Rosetta (atividade no cometa Churyumov-Gerasimenko)

A imagem acima mostra a atividade do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em 2 de agosto de 2014. A imagem com resolução de 55 metros por pixel foi feita pela câmera OSIRIS de grande angular da Rosetta a partir de uma distância de 550 km. O tempo de exposição da imagem foi de 330 segundos, o núcleo do cometa está saturado para explorar o detalhe da atividade cometa.

O cometa começou a revelar sua personalidade enquanto a Rosetta estava na sua aproximação. Imagens feitas pelas câmeras do instrumento OSIRIS entre o final de Abril de 2014 e o começo de Junho de 2014 mostravam que sua atividade era variável. A coma do cometa, ou seja, um envelope extenso de gás e poeira, tornou-se rapidamente mais brilhante e então se apagou novamente no decorrer dessas seis semanas.

No mesmo período, as primeiras medidas do instrumento de micro-ondas do módulo orbital Rosetta, o MIRO, sugeria que o cometa estava emitindo vapor d’água no espaço a uma taxa de aproximadamente 300 mililitros por segundo.

Enquanto isso, o Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer (VIRTIS) media a temperatura média do cometa de cerca de -70º C, indicando que a sua superfície era predominantemente escura e empoeirada.

Então, imagens espetaculares feitas a uma distância de cerca de 12.000 km do cometa começaram a revelar que o seu núcleo era composto de dois distintos segmentos, unidos por um pescoço, dando ao cometa a aparência de um pato. Imagens subsequentes mostraram mais e mais detalhes do cometa.

Atualmente, a Rosetta está a apenas 100 km da superfície do cometa, mas ela ainda ficará mais perto. Nas próximas 6 semanas, ela irá descrever trajetórias em forma de triângulo na frente do cometa, primeiro a uma distância de 80 km e então a 50 km de sua superfície.

Ao mesmo tempo, mais instrumentos fornecerão estudos científicos detalhados do cometa, vasculhando sua superfície com o objetivo de encontrar o melhor lugar para o pouso do módulo Philae.

Eventualmente, a Rosetta fará uma órbita quase circular a cerca de 30 km de distância do cometa e dependendo da atividade do cometa, tentará até mesmo uma órbita mais próxima ainda.

“A chegada no cometa é na verdade apenas o começo de uma aventura ainda maior, com maiores desafios que ainda estão por vir, para que nós possamos aprender como operar uma nave num ambiente tão hostil, começar a órbita e eventualmente pousar no cometa”, disse Sylvain Lodit, gerente de operações da sonda Rosetta da ESA.

Ao menos cinco possíveis locais para pouso serão identificados até o final de Agosto de 2014, antes que o local real seja definido até meados de Setembro de 2014. O tempo final para a sequência de eventos para enviar o módulo de pouso Philae, com pouso previsto para 11 de Novembro, será confirmado em meados do mês de Outubro de 2014.

“No decorrer dos próximos meses, além de caracterizar o núcleo do cometa e programar o resto da missão, nós começaremos os preparativos finais para outro momento único na história, pousar num cometa”, disse Matt Taylor, cientista de projeto da Rosetta.

“Após pousar o módulo Philae no cometa, a sonda Rosetta continuará a acompanhá-lo até a sua maior aproximação com o Sol em Agosto de 2015 e além disso, observando assim o seu comportamento bem de perto, nos dando pela primeira vez uma ideia e uma experiência em tempo real de como um cometa se comporta quando chega perto do Sol”.

Fonte: ESA

sábado, 2 de agosto de 2014

Medida temperatura da superfície de cometa

Dados obtidos pelo espetrômetro VIRTIS (Visible and Infrared Thermal Imaging Spectrometer) da sonda Rosetta revelam que a superfície do núcleo do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko tem uma temperatura média global de -70º C.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© Rosetta/OSIRIS (cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko)

A imagem acima mostra o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko visto pelo sistema de imagem OSIRIS da sonda Rosetta, no dia 1 de Agosto de 2014, a uma distância de 1.000 quilômetros.

As observações foram realizadas entre 13 e 21 de julho, quando o cometa se encontrava a cerca de 555 milhões de quilômetros de distância do Sol, aproximadamente 3 vezes a distância média entre a Terra e o Sol. Ele ainda está praticamente a um ano antes que ele atinja o periélio - a sua distância mais próxima do Sol - em 13 de agosto de 2015, onde estará a 185 milhões km, entre as órbitas de Marte e da Terra.

O valor é cerca de 20 a 30º superior ao previsto para um cometa a essa distância, com uma superfície exclusivamente formada por gelo, pelo que o núcleo de 67P/Churyumov–Gerasimenko deve estar coberto por uma crosta escura e poeirenta.

“Este resultado é muito interessante, uma vez que nos dá as primeiras pistas sobre a composição e propriedades da superfície do cometa”, afirmou o pesquisador principal do instrumento VIRTIS, Fabrizio Capaccioni, do INAF-IAPS, Roma (Itália).

A descoberta não é, de forma alguma, inesperada. Observações realizadas a partir da Terra tinham já revelado que o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko tem uma baixa refletividade, o que excluía inicialmente a possibilidade de uma superfície inteiramente coberta por gelo puro. As medições obtidas pelo espetrômetro VIRTIS confirmam que grande parte da superfície deve ser poeirenta, porque os materiais mais escuros aquecem mais facilmente, e irradiam calor com maior rapidez que o gelo quando expostos à luz solar.

“Isto não exclui a presença de manchas de gelo relativamente puro, no entanto, em breve, o VIRTIS será capaz de começar a gerar mapas com a temperatura de áreas individuais”, acrescentou Capaccioni.

O espetrômetro de infravermelho da Rosetta irá conseguir ainda medir variações nas temperaturas diurnas de áreas específicas do cometa, o que permitirá determinar a rapidez com que a superfície reage à iluminação solar, e consequentemente fornecer informações precisas sobre a condutividade térmica, a densidade e a porosidade da superfície até a uma profundidade de algumas dezenas de centímetros. O VIRTIS irá também registar a evolução das temperaturas superficiais do núcleo do cometa, à medida que este viaja nas proximidades do periélio, o ponto em que a radiação do Sol será significativamente mais intensa.

A imagem abaixo mostra o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko visto pelo sistema de imagem OSIRIS da sonda Rosetta, no dia 25 de Julho de 2014.

coma do cometa Churyumov-Gerasimenko

© Rosetta/OSIRIS (coma do cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko)

“Em combinação com as observações dos outros 10 instrumentos científicos da Rosetta e da sonda de superfície Philae, o VIRTIS irá fornecer uma descrição detalhada das propriedades físicas da superfície e dos gases da coma do cometa, observando como as condições variam diariamente e à medida que o cometa viaja ao redor do Sol, ao longo do próximo ano”, disse o responsável do projeto Rosetta, Matt Taylor. “Com apenas alguns dias até à nossa chegada a apenas 100 quilômetros de distância do cometa, estamos cheios de entusiasmo para começar a analisar este fascinante pequeno mundo com cada vez maior detalhe.”

Fonte: ESA

domingo, 27 de julho de 2014

Uma imagem incrível do cometa Jacques

Uma foto incrível do cometa Jacques!

cometa Jacques e nebulosa IC 405

© Rolando Ligustri (cometa Jacques e nebulosa IC 405)

O astrônomo amador italiano Rolando Ligustri obteve esta imagem no dia 26 de Julho usando um telescópio remoto no Novo México e de campo amplo de 4 polegadas (106 mm) refrator.

Atualmente, o cometa C/2014 E2 Jacques é o mais brilhante no céu com magnitude 6,5, ele foi lentamente saindo do crepúsculo matutino em um céu mais escuro ao longo das últimas duas semanas. Na manhã de ontem, ela passou a nebulosa da Estrela Flamejante, na constelação de Auriga. Juntos, a nebulosa e visitante conspiraram para efetuar uma rara demonstração de pontuação celeste. A IC 405 é uma combinação nebulosa de emissão e reflexão. A sua luminosidade provém da luz das estrelas refletindo grãos de poeira cósmica, mas os resultados vermelhos profundos de hidrogênio excitado pela fluorescência por luz ultravioleta poderosa dessas mesmas estrelas. A profundidade de campo dentro da imagem é enorme: a nebulosa encontra-se 1.500 anos-luz de distância, o cometa a uns meros 180 milhões de quilômetros ou 75 milhões de vezes mais perto. Coincidentemente, o cometa também brilha de maneira similar. A curta cauda de poeira à esquerda da coma é a luz solar refletindo os grãos minúsculos de poeira aquecidos do núcleo. A cauda iônica longa e reta é composta principalmente de monóxido de carbono no gás fluorescente sob influência da luz ultravioleta orinda do Sol.

Como o cometa Jacques caminha em direção a sua maior aproximação à Terra no final de Agosto, está gradualmente ganhando velocidade a partir de nossa perspectiva e subindo mais alto no céu da manhã. Uma semana atrás, o crepúsculo tinha 10º. Agora, o cometa está a cerca de 20º de altura acima do horizonte nordeste em torno das 04:00 hs. O cometa pode ser visto sem nenhuma dificuldade como uma pequena “estrela difusa” com binóculos de 10x50. Com telescópios maiores é possível notar nuances interessantes do cometa.

cometa Jacques

© Michael Jaeger (cometa Jacques)

Uma perspectiva diferente do cometa Jacques obtida nesta imagem negativa acima enfatiza detalhes da cauda do cometa, foi realizada no dia 26 de Julho desta semana com um telescópio de 8 polegadas (20 cm).

Fonte: Universe Today

sexta-feira, 18 de julho de 2014

Um cometa com núcleo duplo?

Parece que o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko tem um núcleo duplo.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA/Rosetta (cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko)

As imagens obtidas Rosettaem 14 de julho pela câmara OSIRIS a partir da sonda Rosetta mostram claramente que o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko parece ter duas partes que se tocam, o que poderia alterar os planos do pouso do módulo Philae na superfície do cometa, prevista para 11 de Novembro deste ano, pois poderia ser mais difícil devido esta forma restringir zonas de pouso em potencial.

O núcleo do cometa é claramente um binário de contato com dois constituintes menores, e de tamanhos diferentes. O núcleo tem um período de rotação de cerca de 12,4 horas, e uma dimensão de 4 km por 3,5 km. Os dois componentes teriam entrado em contato a uma velocidade relativa de cerca de 3 metros por segundo.

Formas irregulares e alongados não são incomuns para pequenos corpos como asteroides e cometas. Dos cinco núcleos de cometas que foram visitados por espaçonaves em voos rasantes até agora, todos estão longe de serem esféricos. 
A sonda Rosetta até seu encontro em 6 de Agosto, mostrará mais detalhes do cometa. Nos próximos meses, os cientistas esperam determinar mais informações sobre as propriedades físicas e mineralógicas do cometa, propiciando concluir se o corpo do cometa era realmente constituído por duas partes individuais.

Fonte: Max Planck Institute for Solar System Research

sábado, 7 de junho de 2014

O cometa PanSTARRS e a galáxia NGC 3319

Varrendo vagarosamente pelos céus do norte, o cometa PanSTARRS C/2012 K1, posa para esse retrato telescópico feito no dia 2 de Junho de 2014 na constelação de Ursa Maior.

o cometa PanSTARRS e a galáxia NGC 3319

© Alessandro Falesiedi (o cometa PanSTARRS e a galáxia NGC 3319)

Agora, dentro do Sistema Solar interno, o corpo congelado da Nuvem de Oort, apresenta duas caudas, uma cauda mais brilhante e vasta de poeira e uma cauda iônica que se estende abaixo e a direita. A coma esverdeada condensada do cometa faz um belo contraste  com o fundo estelar amarelado acima. A galáxia espiral NGC 3319 aparece na parte superior esquerda da imagem que se espalha por quase duas vezes o diâmetro aparente da Lua Cheia. A galáxia está a cerca de 47 milhões de anos-luz de distância, muito além das estrelas da Via Láctea. Em comparação, o cometa está a meros 14 minutos-luz do nosso planeta. Esse cometa PanSTARRS lentamente ganhará brilho com o passar dos meses, se tornando um belo alvo para os observadores de cometas, e atingirá o periélio, ou seja, o ponto da sua órbita mais próximo do Sol, enquanto estará um pouco além da órbita da Terra no final do mês de Agosto de 2014.

Fonte: NASA

quarta-feira, 21 de maio de 2014

Rosetta vê sinais de atividade em cometa

O cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko, o destino da missão Rosetta, começou a revelar a sua verdadeira personalidade nas últimas semanas.

sequência de imagens do cometa Churyumov–Gerasimenko

© ESA (sequência de imagens do cometa Churyumov–Gerasimenko)

Uma sequência de imagens vistas acima foram obtidas pela sonda Rosetta entre 27 de março e 4 de maio, mostrando o cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko movendo-se contra um fundo de estrelas na constelação do Ofiúco. Durante esse período, a Rosetta reduziu a distância que a separa do cometa de 5 para 2 milhões de quilômetros.

Imagens recentemente obtidas pela sonda europeia mostram claramente o desenvolvimento de uma coma com aproximadamente 1.300 quilômetros de diâmetro. Para comparação, o núcleo tem cerca 4 quilômetros de diâmetro.

“Está começando a parecer-se com um verdadeiro cometa”, afirmou Holger Sierks, pesquisador principal do OSIRIS, o sistema de imagem da Rosetta. “Custa a acreditar que dentro de alguns meses a Rosetta estará no interior desta nuvem de poeira, a caminho da origem da atividade do cometa.”

A formação da coma é uma consequência da progressiva aproximação do cometa ao periélio da sua órbita. Apesar de se encontrar a mais de 600 milhões de quilômetros de distância do Sol (aproximadamente quatro vezes a distância que separa o Sol do nosso planeta), o núcleo de 67P/Churyumov–Gerasimenko começou já a aquecer o suficiente para que os gelos aprisionados na sua superfície comecem a sublimar. À medida que o gás escapa para o espaço, arrasta consigo uma nuvem de pequenas partículas de poeira, que se expande para criar a coma.

Estas imagens tem sido usadas pela equipe da missão para determinar a trajetória exata da Rosetta na sua viagem em direção ao seu destino. As observações têm permitido ainda rastrear variações periódicas no brilho do cometa. Os dados até agora reunidos revelaram que o núcleo tem um período de rotação de 12,4 horas, aproximadamente 20 minutos mais curto que o assumido anteriormente.

“Estas primeiras observações estão auxiliando no desenvolvimento de modelos do cometa que irão ser essenciais para nos ajudar a navegar ao seu redor”, explica Sylvain Lodiot, gerente operacional da missão Rosetta. A sonda europeia iniciou já a série de manobras que irão alinhar a sua trajetória com a do cometa. O encontro definitivo ocorrerá na primeira semana de Agosto, quando a Rosetta alcançará a altitude mínima de 183 quilômetros.

Fonte: ESA

sexta-feira, 28 de março de 2014

Cometa C/2013 A1 emite dois jatos de poeira

A NASA divulgou uma imagem do cometa C/2013 A1, que em 19 de Outubro de 2014, passará a 135 mil quilômetros de Marte, menos do que a metade da distância entre a Terra e a Lua.

cometa Siding Spring

© Hubble (cometa Siding Spring)

A imagem da esquerda, capturada em 11 de Março de 2014 pelo telescópio espacial Hubble da NASA, mostra o cometa C/2013 A1, também chamado de Siding Spring, a uma distância de 568 milhões de quilômetros da Terra. O Hubble não pode ver o núcleo congelado do cometa, devido ao seu pequeno tamanho. O núcleo é envolto por uma nuvem de poeira brilhante, a coma, que mede cerca de 19,3 mil quilômetros de diâmetro.

A imagem da direita mostra o cometa depois da imagem ter sido processada. Técnicas de processamento foram aplicadas para remover o brilho da coma, revelando o que parece ser dois jatos de poeira vindos de um local no núcleo e sendo emitidos em direções opostas. Essa observação deve permitir que os astrônomos possam medir a direção do polo do núcleo, e o seu eixo de rotação.

O Hubble também observou o Siding Spring no dia 21 de Janeiro de 2014, enquanto a Terra cruzava seu plano orbital, que é a trajetória do cometa enquanto ele orbita o Sol. Essa posição relativa entre os dois corpos permitiu que os astrônomos pudessem determinar a velocidade da poeira que está sendo expelida do núcleo do cometa.

“Essa é uma informação crítica que nós precisamos saber para determinar, se, e qual o grau, os grãos de poeira na coma do cometa impactarão Marte e as sondas que estão na sua vizinhança”, disse Jian-Yang Li do Planetary Science Institute em Tucson, no Arizona.

Descoberto em Janeiro de 2013 por Robert H. MacNaught, no Observatório de Siding Spring, o cometa está indo em direção ao Sol ao longo de sua órbita de aproximadamente 1 milhão de anos e está agora dentro do raio da órbita de Júpiter. O cometa fará sua maior aproximação do Sol, em 25 de Outubro de 2014, passando a uma distância de 209 milhões de quilômetros, bem fora da órbita da Terra. Não se espera que o cometa torne-se brilhante o suficiente para ser visível a olho nu.

Fonte: NASA

Registro do cometa Churyumov-Gerasimenko

A sonda Rosetta registrou a primeira imagem de seu cometa de destino desde que acordou de seu sono cósmico.

cometa Churyumov-Gerasimenko

© ESA (cometa Churyumov-Gerasimenko)

O cometa é o pequeno círculo ao lado do aglomerado globular M107. As primeiras imagens do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko foram feitas nos dias 20 e 21 de Março de 2014 com a câmera de grande angular e pela câmera de ângulo estreito do instrumento da sonda chamado Optical, Spectroscopic and Infrared Remote Imaging System (OSIRIS). A Rosetta, é uma missão internacional liderada pela Agência Espacial Europeia (ESA) com suporte e instrumentos fornecidos pela NASA.

As duas imagens foram feitas a uma distância de cerca de cinco milhões de quilômetros e necessitou uma série de exposições de 60 a 300 segundos, feitas com as câmeras de ângulo estreito e de grande angular. O imageamento do 67P/Churyumov-Gerasimenko é parte de seis semanas de atividades dedicadas para preparar os instrumentos científicos da sonda para o estudo mais detalhado do cometa que está por vir. A sonda Rosetta está viajando pelo Sistema Solar por 10 anos, e alcançará o cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em Agosto desse ano.

A sonda Rosetta foi reativada em 20 de Janeiro de 2014 depois de 957 dias de hibernação. Os três instrumentos norte-americanos a bordo da Rosetta, são o Microwave Instrument for the Rosetta Orbiter, Alice (um espectrógrafo de imageamento ultravioleta) e o Ion and Electron Sensor.

Fonte: NASA

sexta-feira, 14 de março de 2014

Grupo brasileiro descobre mais um cometa

A União Astronômica Internacional (IAU) acaba de confirmar a descoberta do cometa C/2014 E2 Jacques.

cometa Jacques

© Remanzacco Observatory (cometa Jacques)

A imagem acima foi obtida remotamente pelo iTelescope, em Siding Spring, em 13 de março de 2014, mostrando que o objeto é um cometa, apresentando uma coma brilhante com diâmetro de cerca de 2 arcmin. O objeto foi designado provisoriamente como S002692, sendo identificado em imagens obtidas na noite de 12 de março de 2014, com 15ª magnitude.

O cometa Jacques é o segundo descoberto pelos astrônomos brasileiros Cristovão Jacques, Eduardo Pimentel e João Ribeiro de Barros por intermédio do Observatório SONEAR (Southern Observatory for Near Earth Asteroids Research), localizado em Oliveira (Minas Gerais).

O primeiro cometa, o C/2014 A4 SONEAR, foi descoberto pelo grupo no dia 12 de janeiro de 2014. Naquela ocasião, os astrônomos amadores liderados por Cristóvão Jacques haviam identificado o objeto, mas não tinham certeza de sua natureza cometária. Quando isso acontece, as regras de nomenclatura sugerem que o cometa leve o nome do observatório que primeiro reportou sua existência. Por isso, ele se tornou o cometa SONEAR. Nesta segunda descoberta, prontamente foi possível identificar uma coma, ou seja, uma atmosfera tênue em volta do objeto, devido à evaporação de material volátil. Consequentemente, após outros astrônomos espalhados pelo mundo confirmarem a descoberta, o cometa foi batizado oficialmente de C/2014 E2 Jacques, constando o nome de seu descobridor.

O sistema de buscas implementado pelo SONEAR é eficiente, e devido a  pouca concorrência de observatórios buscadores destes astros no hemisfério Sul, o grupo com certeza fará novas descobertas.

Fonte: SONEAR e Remanzacco Observatory